Uma primeira grande reação da classe artística à crise mundial provocada pelo novo coronavírus pode começar a ser desenhada pelas mãos de Lionel Richie. Ele estava lá em 1984, quando Quincy Jones encomendou uma canção que falasse da fome na África, um momento em que as imagens de sobretudo mães e filhos definhando na Etiópia, país vítima de guerras tribais e de uma severa enchente ao mesmo tempo, ganharam o mundo. Lionel havia acabado de estourar fora do grupo The Commodores e deveria fazer a canção ao lado de outro filho artístico de Jones, Michael Jackson. Contam os corredores do estúdio Lion Shares Recording, de propriedade de Kenny Rogers, sim, o próprio, a voz de You and I, morto há três dias, que Michael Jackson acabou assumindo quase que toda a composição, aproveitando os atrasos de Lionel. Mas isso é outra história.
Sem Michael Jackson e Kenny Rogers, Lionel quer estar à frente da canção que deve contar com participações de artistas por todo o mundo, que gravariam suas partes separadamente e as mandariam para uma edição. Um trabalho parecido com o que faz o vitorioso projeto Playing For Change. Aos 70 anos, Lionel começou a pensar em criar a canção assim que as notícias da chegada do novo coronavírus aos Estados Unidos começaram a se alastrar. Se seguir o exemplo da mobilização da primeira versão, em 1985, Lionel pode ter tido uma inspiração dos céus. Claro que havia ali um time que não terá jamais, de Diana Ross e Cindy Lauper, Ray Charles e Stevie Wonder, Bruce Springsteen e Michael Jackson, Bob Dylan, Tina Turner e um brasileiro que ninguém sabe, Paulinho da Costa na percussão. Claro que a TV tinha um poder de concentração exclusivo. E claro também que todos esses nomes viviam seus auges. Mas se lá foram arrecadados US$ 63 milhões de dólares com doações e vendagens de compactos, hoje, com uma população mundial muito maior, esse projeto pode ser a salvação de muitas vidas.
E a quem iria o dinheiro do novo We Are The Wold? Às periferias do mundo. Há onze anos, a ideia voltou a entrar em ação para salvar as vítimas do Haiti, com atores novos, muitos deles rappers. "Há uma escolha que estamos fazendo, estamos salvando nossas próprias vidas", dizia o refrão. Lionel Richie, no grupo de risco de seus 70 anos redondos, segue as recomendações da OMS isolado em casa. "Há duas semanas, dissemos que não queríamos fazer muito porque não era o momento de se vender um aniversário (pelos 35 anos do projeto original). Mas a mensagem é muito clara", diz ele. "Voltamos a falar 'essas pessoas' e 'aquelas pessoas'. Se você se encontra dizendo 'essas pessoas', não está pensando direito", diz. A essência de suas palavras, de que é preciso fazer mais além de se isolar, parece ser a mesma que fizeram o mundo cantar em 1985. "O que aconteceu na China e na Europa veio para cá. Então, se não salvarmos nossos irmãos lá, isso voltará para casa. Todos nós estamos nisso juntos." Seja como for, corra Lionel. Inspire-se como nunca e corra.
Sem Michael Jackson e Kenny Rogers, Lionel quer estar à frente da canção que deve contar com participações de artistas por todo o mundo, que gravariam suas partes separadamente e as mandariam para uma edição. Um trabalho parecido com o que faz o vitorioso projeto Playing For Change. Aos 70 anos, Lionel começou a pensar em criar a canção assim que as notícias da chegada do novo coronavírus aos Estados Unidos começaram a se alastrar. Se seguir o exemplo da mobilização da primeira versão, em 1985, Lionel pode ter tido uma inspiração dos céus. Claro que havia ali um time que não terá jamais, de Diana Ross e Cindy Lauper, Ray Charles e Stevie Wonder, Bruce Springsteen e Michael Jackson, Bob Dylan, Tina Turner e um brasileiro que ninguém sabe, Paulinho da Costa na percussão. Claro que a TV tinha um poder de concentração exclusivo. E claro também que todos esses nomes viviam seus auges. Mas se lá foram arrecadados US$ 63 milhões de dólares com doações e vendagens de compactos, hoje, com uma população mundial muito maior, esse projeto pode ser a salvação de muitas vidas.
E a quem iria o dinheiro do novo We Are The Wold? Às periferias do mundo. Há onze anos, a ideia voltou a entrar em ação para salvar as vítimas do Haiti, com atores novos, muitos deles rappers. "Há uma escolha que estamos fazendo, estamos salvando nossas próprias vidas", dizia o refrão. Lionel Richie, no grupo de risco de seus 70 anos redondos, segue as recomendações da OMS isolado em casa. "Há duas semanas, dissemos que não queríamos fazer muito porque não era o momento de se vender um aniversário (pelos 35 anos do projeto original). Mas a mensagem é muito clara", diz ele. "Voltamos a falar 'essas pessoas' e 'aquelas pessoas'. Se você se encontra dizendo 'essas pessoas', não está pensando direito", diz. A essência de suas palavras, de que é preciso fazer mais além de se isolar, parece ser a mesma que fizeram o mundo cantar em 1985. "O que aconteceu na China e na Europa veio para cá. Então, se não salvarmos nossos irmãos lá, isso voltará para casa. Todos nós estamos nisso juntos." Seja como for, corra Lionel. Inspire-se como nunca e corra.