Em dezembro deste ano, completam-se 250 anos do nascimento de Ludwig van Beethoven. Até lá, orquestras e séries de concertos de Belo Horizonte celebram a importância do compositor que revolucionou a música ocidental, inserindo sua obra em seus programas.
“Ele é o primeiro grande artista da história. Poderíamos falar sobre isso sob inúmeros aspectos. Pela importância histórica de quem abriu as portas do Romantismo, ou pela genialidade impressionante de uma pessoa surda compor obras tão lindas e fantásticas. Mas falamos de Beethoven até hoje porque ele foi o primeiro grande artista a colocar sua personalidade na própria obra”, afirma o maestro Silvio Viegas, da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, que rege um programa dedicado à obra do músico alemão nesta terça-feira (10), junto com o Coral Lírico de Minas Gerais. O concerto, realizado ao meio-dia no Palácio das Artes, tem entrada franca.
Viegas avalia que outros grandes nomes da arte anteriores a Beethoven, como Mozart (1756-1791) e Michelangelo (1475-1564), por exemplo, “colocaram sentimento, se expressaram de forma verdadeira e intensa. Mas Beethoven vai além. Ele faz de sua música um reflexo de seu mundo, de sua emoção, do que ele vive. O sofrimento, as alegrias, as tristezas, as desilusões, tudo está na música dele, de forma pessoal, intensa e verdadeira”.
Na opinião de Viegas, “Beethoven não era o melhor melodista. Tchaikovski e Mozart fizeram composições mais bonitas. Também não era, harmonicamente, o mais arrojado; Brahms era mais. Tampouco o mais rítmico, já que Stravinski era mais. Mas, quando tudo fica junto, o milagre acontece, ninguém é capaz de explicar e isso faz com que a música dele seja inesquecível”.
A magnificência apontada pelo regente da Sinfônica está patente no programa que ele escolheu, que tem A consagração da casa, Concerto para piano Nº 4 e Fantasia coral. Hoje, na série Sinfônica e Lírico ao Meio-Dia, serão executados trechos dessas peças. A apresentação na íntegra ocorre nesta quarta (11), no Grande Teatro do Palácio das Artes, com o pianista convidado Bernardo Santos, de Portugal.
“Como teremos esse excelente solista, escolhemos duas obras que exaltam essa beleza do piano. A Sinfonia Nº 4, do ponto de vista da escrita, é o mais introspectivo de todos os concertos que ele fez para piano, mas tem um diálogo riquíssimo com a orquestra e não é tão tocado como a Terceira e a Quarta. Pensando no Coral, escolhemos a Fantasia, que trata de harmonia, não só na música, mas entre todos os seres. É quase um preâmbulo da Nona sinfonia, com vários climas, vários quadros diferentes, uma obra vibrante e celebrativa, por isso vamos fechar com ela”, diz Viegas.
“Como teremos esse excelente solista, escolhemos duas obras que exaltam essa beleza do piano. A Sinfonia Nº 4, do ponto de vista da escrita, é o mais introspectivo de todos os concertos que ele fez para piano, mas tem um diálogo riquíssimo com a orquestra e não é tão tocado como a Terceira e a Quarta. Pensando no Coral, escolhemos a Fantasia, que trata de harmonia, não só na música, mas entre todos os seres. É quase um preâmbulo da Nona sinfonia, com vários climas, vários quadros diferentes, uma obra vibrante e celebrativa, por isso vamos fechar com ela”, diz Viegas.
Na próxima semana, será a vez da Orquestra Sesiminas Musicoop, nome assumido recentemente pela Orquestra de Câmara Sesiminas, agora gerida pela Musicoop (Cooperativa de Trabalho dos Músicos do Estado de Minas Gerais), prestar sua reverência a Beethoven.
Na quarta-feira (18), o concerto Beethoven e o Império inaugura a programação 2020. Serão apresentadas a Abertura Coriolano, Op. 62 e o Concerto para piano e orquestra nº 5, Op. 73, conhecido como Concerto do imperador, com participação do pianista francês Simon Ghraichy.
“É um concerto belíssimo. Estudando sobre ele, até penso que ganhou esse título por ser o piano o imperador, pelo destaque que o instrumento tem no concerto, Ao mesmo tempo, esse piano imperial e virtuosístico consegue amalgamar com a orquestra como poucos fizeram”, afirma o maestro e diretor artístico Felipe Magalhães, que promete um concerto de curta duração, com apenas 50 minutos e sem intervalos. A ideia, segundo ele, é “aproximar o público da orquestra, especialmente os mais jovens e menos familiarizados”.
Ao longo do ano, estão previstos outros dois concertos voltados para a música clássica e três apresentações em que o foco é a música popular brasileira. No dia dedicado a Beethoven, antes da apresentação da orquestra, o pesquisador musical e percussionista da Filarmônica de Minas Gerais Werner Silveira comenta o repertório. “O intuito é aproximar, falar da pessoa Ludwig van Beethoven, humanizá-lo e desmitificar essa ideia do artista inatingível”, diz Magalhães.
O maestro destaca o caráter popular da obra de Beethoven. “Apesar do eruditismo e das obras altamente elaboradas, a obra dele traz muito da música popular da Alemanha e da Áustria da época. No Brasil, não temos tanta consciência disso, mas muitos temas dele são tão simples que remetem às cantigas de roda, como o último movimento da Sinfonia pastoral, além é claro do inconfundível ‘tchã tchã tchã tchã’ da Quinta sinfonia, utilizado até em comerciais de TV”, analisa Felipe Magalhães.
O maestro destaca o caráter popular da obra de Beethoven. “Apesar do eruditismo e das obras altamente elaboradas, a obra dele traz muito da música popular da Alemanha e da Áustria da época. No Brasil, não temos tanta consciência disso, mas muitos temas dele são tão simples que remetem às cantigas de roda, como o último movimento da Sinfonia pastoral, além é claro do inconfundível ‘tchã tchã tchã tchã’ da Quinta sinfonia, utilizado até em comerciais de TV”, analisa Felipe Magalhães.
A pianista e diretora artística da Série de Concertos do Minas Tênis Clube, Celina Szrvinsk, tem opinião semelhante. “Ele é o compositor mais popular que existe. Permeia o cotidiano de toda a humanidade, sem que muitos se deem conta. Ele não está só nas temporadas de orquestras, anualmente, ou nos grandes teatros do mundo, mas é cantarolado nas ruas diariamente. Seus temas estão em propagandas, em filmes”, diz Celina.
A pianista observa que “Beethoven foi não apenas um compositor que revolucionou a estética musical de seu tempo, ao romper com as barreiras do classicismo, como também foi uma personalidade humana que influenciou sua época, ao defender mudanças sociais e valorizar a dimensão humana em toda a sua extensão”.
Na temporada 2020 da Série de Concertos, Beethoven terá presença marcante. A abertura, no dia 27 de maio, prevê recital de Nelson Freire, que se recupera de cirurgia no ombro direito, realizada em outubro, em decorrência de uma queda sofrida no Rio de Janeiro. O repertório será dedicado ao compositor, com a Sonata nº 26 em mi bemol maior, op. 81, Sonata nº 31 em lá bemol maior, op. 110 e Sonata nº 32 em dó menor, op. 111.
O recital será precedido de uma palestra do historiador Leandro Karnal, com o título Beethoven, tempestade e ímpeto - O nascimento do artista moderno. Nos meses seguintes, a Série de Concertos apresenta o pianista Fábio Martino, em agosto, o Quarteto Baldini, em setembro, e o pianista Claudio Mehner, em outubro, também com obras de Beethoven em seus repertórios. A obra do alemão será destaque também do Festival de Maio – Cordas e Piano, realizado de 18 a 23 do mês, também no Teatro do Minas Tênis Clube.
A agenda da Filarmônica de Minas Gerais não ficará de fora das celebrações. Ao todo, 30 composições de Beethoven estão previstas ao longo da temporada 2020. Neste mês (dias 19 e 20), a violoncelista convidada Danielle Akta será solista na Sinfonia nº 8 em fá maior, op. 93, sob a regência de Fábio Mechetti.
A Nona sinfonia será apresentada pela Filarmônica em concertos especiais, nos dias 24 e 25 de setembro, fora da programação de assinaturas. A venda dos ingressos para essas apresentações começa em agosto. O calendário completo de concertos, com seus repertórios, está disponível no site da Filarmônica.
Bach
Se Beethoven dará o tom principal dos concertos em Minas Gerais ao longo de 2020, a Orquestra 415 de Música Antiga escolheu outra data importante para elaborar sua programação. A companhia abre sua temporada com repertório dedicado aos 270 anos da morte de Johann Sebastian Bach. Serão apresentadas a Suíte orquestral nº 2 e a Cantata BWV nº 199 Mein herze schwimmt im blut, com a soprano convidada Luciana Alvarenga e regência do maestro Eduardo Fonseca. Os concertos serão de quarta da próxima semana (18) a sexta (20), sempre às 20h, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro), com ingressos a R$ 40 e R$ 20 (meia).
CALENDÁRIO DE COMEMORAÇÃO
Confira programas dedicados a Beethoven neste mês em BH
» Sinfônica e Lírico ao Meio-dia
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Coral Lírico de Minas Gerais recebem o pianista Bernardo Santos.
Nesta terça (10), às 12h, no Grande Teatro Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca.
» Sinfônica e Lírico em Concerto
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Coral Lírico de Minas Gerais recebem o pianista Bernardo Santos
Quarta (11), às 20h30, no Grande Teatro Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). Mais informações: (31) 3236-7400.
» Orquestra Sesiminas Musicoop
Concerto de abertura da temporada 2020 - Beethoven e o império.
Quarta (18), às 20h30, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, nº 60, Santa Efigênia). Ingressos: R$ 30 e R$15 (meia), à venda no site Sympla e na bilheteria. Mais informações: (31) 3241-7132.
» Filarmônica apresenta O enigma de uma sinfonia
Regência: Fabio Mechetti, com Danielle Akta (violoncelo).
Quinta (19), às 20h30 (allegro), e sexta (20), às 20h30 (vivace), na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1090, Barro Preto). Ingressos: entre R$25 e R$150, à venda na bilheteria local e no site da Filarmônica. Mais informações: (31) 3219-9045.