“Pra começar/Quem vai colar/Os tais caquinhos/Do velho mundo”, cantava Marina Lima lá atrás. O ano era 1986, o álbum, Todas ao vivo, seu primeiro registro do gênero. Vendeu que nem pão quente na época, foi disco de platina. Pois passado tanto tempo, 33 anos, a canção Pra começar, mais uma da histórica parceria com o irmão Antônio Cícero, ainda a representa.
É ela quem abre o novo show da cantora e compositora de 64 anos. Pra começar tour faz sua estreia neste sábado (27) em Inhotim, no Meca New Year. O evento, o quinto da plataforma Meca Love no instituto, em Brumadinho, tem uma aura de ineditismo, pois será a primeira vez que o local abrigará um festival na passagem de ano. Com programação intensa, os shows vão desta sexta (27) até quarta (1º). E vai além de Inhotim – hoje haverá uma edição em Brumadinho, para a população local, e, na segunda, no antigo restaurante Topo do Mundo.
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“Minha atual empresária, Laís Sampaio, me disse uma coisa interessante: 'Marina, esse público de festival é muito jovem. Já ouviu as suas músicas, mas nunca viu você ao vivo. Por que você não faz uma apresentação musical e pessoal do seu universo?'”, conta Marina. Foi assim que o show foi montado. Além de recuperar uma parte importante de sua história – estão no repertório À francesa (1989), Criança (1991), O chamado (1993), Beija-flor (1995) –, a apresentação vai mostrar no telão imagens de destaque da trajetória da cantora.
“As imagens também me decifram. A verdade é que essa história de resistência artística, social, cultural é uma coisa cíclica. A gente está começando a toda hora”, acrescenta Marina, que vai se apresentar ao lado de Dustan Gallas (baixo e teclado, produtor do politizado Novas famílias, álbum mais recente de Marina), Arthur Kunz (bateria e programações) e Gustavo Corsi (guitarras).
DOBRADINHA
O show terá a participação de Letrux. As duas têm dois encontros em disco – Puro disfarce, gravada no álbum de Letrux, e Mãe gentil, que compuseram juntas para Marina. Vão cantar no show três músicas. “A gente tem feito muita dobradinha, não confundir com rachadinha”, ela ri. Amigas desde a época em que Marina vivia no Rio de Janeiro – desde 2010 está radicada em São Paulo –, têm uma afinidade artística e de amizade.
A carta de apresentações para o público do Meca tem sua razão de ser. Marina está na ativa desde o final dos anos 1970. Foi a primeira mulher a despontar na música pop brasileira na prolífica geração do Rock Brasil – Rita Lee veio antes, é bem verdade, mas sua trajetória teve início com os Mutantes. Cantora, compositora, guitarrista, musa de mais de uma geração, soube atravessar a passagem dos anos e as crises pessoais (teve um grave problema na garganta, que atingiu suas cordas vocais, depois passou por uma depressão).
Renascida e buscando dialogar com os que vieram mais tarde, ainda é o centro do documentário Uma garota chamada Marina, que será lançado no próximo dia 27, às 21h35, no canal Curta!. O longa é resultado de um intenso registro feito por Candé Salles, um dos melhores amigos da cantora. “Não gosto de mostrar muito da minha intimidade. Sempre penso: por que alguém vai querer ver isto?. Mas o Candé tem um talento enorme para captar momentos. Gostei do que vi, pois não é algo que faça um culto ou me idealize. O filme mostra por que faço o que faço, penso o que penso, com quem ando. É um filme totalmente outsider, lado B”, diz ela.
Instituto monta estratégia antichuva
Vá saber como o tempo vai se comportar nos próximos dias. Pois se a chuva vier, que venha. Uma grande tenda será montada na Magic Square, em Inhotim, no espaço que vai receber os principais shows do Meca New Year. Mas o que se espera é que o sol dê as caras. Uma novidade para quem frequenta o Meca é que desta vez haverá uma programação de DJs na parte da tarde no entorno da obra Piscina (2009), do argentino Jorge Macchi.
O Meca já realizou cinco festivais em Inhotim, todos no meio do ano. Em seu primeiro réveillon, o evento vai enfatizar a programação musical em detrimento das oficinas e workshops – haverá alguns no sábado e no domingo, mais voltados para vivências. Serão três dias em Inhotim – o 31 terá programação somente à noite, com ceia e balada até a manhã de 1º de janeiro –, um dia em Brumadinho (com destaque para Gal Costa) e um dia no antigo restaurante Topo do Mundo, só com DJs.
“Resolvemos fazer o primeiro dia no estádio do Brumadinho Futebol Clube para promover uma integração, para que as pessoas que vêm de fora tenham uma vivência com a cidade. Mas a noite será de fato dedicada à população local”, comenta Maíra Miranda, uma das diretoras do festival. Os moradores de Brumadinho terão preço simbólico (R$ 5) para a noite desta sexta.
O Meca New Year será menor do que o Meca Inhotim – o evento vai receber até 2,5 mil pessoas por dia, contra 5 mil do festival que ocorre no meio do ano. E por falar nisto, a data da próxima edição já foi definida: de 5 a 7 de junho.
MECA NEW YEAR
Confira a programação de cada dia e os preços dos ingressos
Sexta – Estádio do Brumadinho Futebol Clube
19h – Reibatuque
20h45 – Gal Costa
22h30 – Bloco Swing Safado
Sábado – Inhotim
11h – Workshops/Atividades/DJs
17h – Bloco Chama O Síndico
18h30 – DJ Tamenpi
20h30 – Marina Lima e Letrux
21h30 – Mari Rossi
23h30 – Dicky Trisco
Domingo – Inhotim
11h – Workshops/Atividades/DJs
17h – Zaidan
19h – MC Tha e Jaloo
21h – Luedji Luna
22h – Cleu e Raquel Feu
00h – Gigios
Segunda – Topo do Mundo
15h – DJ Grace Kelly
17h – Ubunto
19h – Ruby Savage
21h – Prins Thomas
0h – Masterplano
Terça – Inhotim
20h – Rafael Cancian
22h – Marcos Valle
0h – Bloco Tarado Ni Você
1h30 – Forró Red Light
3h – Mehmet Aslan
5h – Mientras Dura
7h – Dimas Henkes
Ingressos*
Passaporte (sábado, domingo e terça) – R$ 950
Sexta – R$ 5 (moradores de Brumadinho, mediante apresentação de comprovante de endereço) e
R$ 45 (não residentes)
Sábado ou domingo – R$ 120
Segunda – R$ 160 (com open food)
Terça – R$ 800 (com open bar e open food)
À venda no www.ingresse.com. Mais informações: www.mecanewyear.com
* Meia para estudantes, idosos e quem doar um livro.