Começar de novo, aos 47 anos, em um cenário totalmente diverso. É desta maneira que a cantora e compositora britânica Dido vem se sentindo, ao longo deste 2019. Em março, ela lançou Still on my mind, seu quinto álbum e o primeiro em seis anos. O que acompanha este novo trabalho é que faz toda a diferença em sua trajetória.
Pela primeira vez em uma década e meia, Dido saiu em turnê. Com quatro apresentações agendas no Brasil, Belo Horizonte é a segunda parada no giro. A estreia estava prevista para ontem, em São Paulo. Depois do show deste domingo (3), a partir das 20h, no KM de Vantagens Hall, a cantora segue para Curitiba (dia 6) e Rio de Janeiro (dia 8).
“As câmeras dos celulares”, é o que Dido cita, bem-humorada, como a diferença entre fazer shows antes e agora. “É um novo começo”, ela acrescenta. “Mas a verdade é que nunca parei de compor, de gravar. Turnê é que se tornou algo novo para mim, porque minha atitude agora é outra. Antes, eu realmente ficava nervosa na hora de entrar no palco. Hoje sei aproveitar cada momento.”
Esta mudança de atitude de que fala também é um reflexo da época em que vivemos. “Antes, quando estava em turnê – e fiz shows durante nove anos sem parar – era uma coisa mais de divulgar o álbum. E, para mim, um show sempre foi uma comunhão entre o artista e o fã, dividir experiência. Agora, com os celulares, aquela relação do passado, que era mais íntima, alcançou outro patamar. Hoje, tudo o que fazemos é documentado, dividido.”
Cantora de soft-pop lançada em 1999, Dido, ao longo de 20 anos de carreira discográfica, tem alguns hits incontestes neste cenário: Thank you, Here with me e White flag são alguns deles. Mas o divisor de águas em sua carreira foi quando o rapper Eminem incluiu uma versão de Thank you na faixa Stan (com direito a participação da cantora como a namorada grávida do personagem-título no clipe). Sucesso planetário em 2000, levou o passe de Dido a outro patamar.
LUTO
“Quando a música foi lançada, eu estava fazendo show direto, então não me toquei muito. Assim que os shows acabaram e eu parei, pensei: 'O que aconteceu?' Foi algo totalmente fora do padrão, ainda mais porque me trouxe um novo público, do hip hop”, ela relembra. A pressão, naquele momento, foi grande.
“Quando a música foi lançada, eu estava fazendo show direto, então não me toquei muito. Assim que os shows acabaram e eu parei, pensei: 'O que aconteceu?' Foi algo totalmente fora do padrão, ainda mais porque me trouxe um novo público, do hip hop”, ela relembra. A pressão, naquele momento, foi grande.
Veio o segundo disco, o terceiro. E aí Dido travou. Lançado em 2008, Safe trip home foi composto para o pai da cantora. “As gravações (no célebre Abbey Road) foram difíceis, muito emocionais. Era um disco sobre o meu pai morrendo. Quando ele foi lançado, meu pai tinha acabado de morrer. Achei que era demais levar aquele trabalho para o palco.”
Mesmo sem se apresentar, ela continuou trabalhando. Girl who got away (2013) foi lançado no mesmo período em que a cantora se tornava mãe. “Eu só queria ficar com meu filho (Stanley, mesmo nome do personagem da canção de Eminem), mas não foi uma decisão fácil na época. Agora, com ele na escola, tive meu tempo para voltar.”
Com 12 faixas, Still on my mind representa o encontro de Dido com seu irmão, o produtor e instrumentista Rollo Armstrong, que dividiu com ela a autoria da maior parte das canções.
“Como ele mora fora de Londres, ou eu ia encontrá-lo ou ele vinha até mim. Foi uma questão de fazer música juntos, algo muito simples, sem estúdio”, ela conta. Amor, superação e maternidade são alguns dos temas tratados no novo disco, em faixas que intercalam um pop suave sofisticado (Hurricanes, cheia de efeitos eletrônicos; Have to stay, doce, feita para o filho), marca da cantora, e outras com alguma vocação para pista (Mad love, Friends).
“Como compositora, sempre me interessaram mais os pequenos momentos da vida. Posso falar sobre uma xícara de chá, mas não de uma questão global. De certa maneira, acho que, se você pega uma pequena emoção, um pequeno momento, você consegue dar uma dimensão maior a ele ao levá-lo para a música”, comenta.
Desde maio Dido está em turnê. É a primeira vez que ela vem ao Brasil. “As pessoas que me conhecem e que já foram ao Brasil sempre me disseram que eu tinha que conhecer, que seria um lugar que eu amaria. Estou pronta para a aventura, além do mais porque nesta turnê não houve, no Reino Unidos e nos Estados Unidos, nenhum show que não tivesse um brasileiro na plateia”, diz.
DIDO
Show neste domingo (3), às 20h, no KM de Vantagens Hall (Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Ingressos: R$ 100 (arquibancada, para associados KM de Vantagens) a R$ 600 (inteira, cadeira VIP). À venda no local e no site Tickets For Fun.