Um trabalho de descobertas e experimentações sonoras. Em parceria com o artista plástico Roberto Freitas, a dupla O Grivo, formada por Nelson Soares e Marcos Moreira, apresenta 3, seu novo disco. O lançamento terá dois concertos de música experimental no Teatro Marília, com entrada franca.
O evento é parte de uma iniciativa mais abrangente, que inclui oficinas gratuitas, o lançamento de outro álbum, Plano de voo, previsto para novembro, e catálogo digital com dados audiovisuais sobre os instrumentos utilizados nas gravações. Disponível na página d'O Grivo na internet, o CD será distribuído no sábado (5) e no domingo (6), durante os shows.
Com três faixas de cerca de 13 minutos, 3 é o resultado da captação de apresentações ocorridas em 2017, fruto do prêmio Rumos Itaú Cultural, recebido pela dupla em 2016. A obra conjunta do duo e de Roberto Freitas surgiu do diálogo iniciado em 2009, com a instalação Máquina orquestra.
A obra d'O Grivo parte da fabricação de máquinas e mecanismos sonoros capazes de expressar uma linguagem musical que foge dos parâmetros convencionais e dos instrumentos clássicos.
Desde 1990, O Grivo se dedica à produção em vários campos, incluindo concertos, exposições e participações no cinema. "Nosso trabalho é muito autoral. Combinamos duas coisas: tocamos instrumentos de corda, sopro, percussão e eletrônicos junto à série de autômatos, as máquinas que produzem som", explica Nelson Soares.
O processo de gravação é bem específico. "As máquinas e objetos se transformam em instrumentos que abrem um universo de possibilidades", diz ele.
A música está em tudo. “É estar atento, aguçar a sensibilidade e a observação, uma maneira de resistir em um mundo tão embrutecido. A gente vibra, o universo vibra, tudo é som, até o silêncio. Por que seguir dogmas com a música? O artista deve estar aberto aos sons do mundo", salienta Roberto Freitas.
Com improvisações complexas, os artistas se dedicam a um processo radical de pesquisa de fontes sonoras acústicas e eletrônicas até que as performances encontrem maturidade. Nada é predeterminado, cada momento é único, diz Marcos Moreira. "Quando você começa a tocar, não tem como voltar. Com a improvisação, as coisas não são fixas. (O processo) Leva a caminhos imprevisíveis. O repertório se renova o tempo todo. Descobrimos uma diversidade sonora que parte dos objetos", observa.
Marcadas para dezembro, as oficinas vão abordar a produção do cenário musical contemporâneo internacional. O CD independente foi produzido com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
O GRIVO E ROBERTO FREITAS
Lançamento do disco 3. Teatro Marília. Avenida Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia, (31) 3277-4697. Sábado (5), às 20h, e domingo (6), às 19h. Entrada franca. O álbum está disponível em www.ogrivo.com.