João Bosco revela 'segredos' do seu caso de amor com a canção

De volta ao Palácio das Artes nesta sexta (6), o cantor e compositor mineiro diz que músicas sempre podem ser reinventadas. 'A canção nunca se esgota da primeira vez', garante

por Augusto Pio 06/09/2019 06:00
Flora Pimentel/divulgação
João Bosco, que faz show hoje em BH, conta 'segredos' de suas canções (foto: Flora Pimentel/divulgação)

De volta a BH, João Bosco será a atração desta sexta-feira (6), no Palácio das Artes. O repertório terá canções de seu álbum mais recente, Mano que zuera, lançado em 2017, e sucessos de carreira. Ele vai se apresentar com três craques: Guto Wirtti (baixo), Ricardo Silveira (guitarra) e Kiko Freitas (bateria).

Autor compulsivo, o mineiro, de 73 anos, conta que nunca ficou sem criar. E mantém relação pra lá de especial com o ofício. “Venho trabalhando o ineditismo, mas também busco outras possibilidades, outras cores que as canções podem dar. São canções vigorosas de grandes autores brasileiros, que considero fonte limpa na qual você bebe, sacia a sede. Nunca seca. Tenho um ponto de vista um pouco diferente das pessoas que acham que música inédita é aquela que ainda não foi gravada”, revela.

REINVENÇÃO

Para João, é inédita a canção que um músico, intérprete ou arranjador transforma em outra. “Na verdade, o ineditismo está ligado às muitas possibilidades de reinventar. A canção nunca se esgota da primeira vez. Há sempre a possibilidade de novos limites. Sempre fiz isso nos meus discos”, garante.
Prova disso é João do Pulo, parceria dele com Aldir Blanc gravada há 30 anos no álbum Cabeça de nego. Em Mano que zuera, ela ressurge belamente, acompanhada da versão à la João Bosco de um trecho de Clube da esquina nº 2, de Milton Nascimento, Lô e Marcio Borges.

Outro destaque é a releitura de João para Sinhá, parceria com Chico Buarque. “Gravei a original no disco dele com percussão bem africana. Nesta, também pensamos na África. Mas uma África bem cabo-verdeana, mais amorosa, dentro daquele universo da Cesária Évora. Então, só chamei as cordas, como eles gostam de fazer lá em Cabo Verde. E recrutei o violão de sete cordas de Marcello Gonçalves, o bandolim de Luis Barcelos e o violão de Ricardo Silveira.”

FILHO

Em Mano que zuera, chama a atenção Onde estiver, parceria de João com o filho Francisco Bosco inspirada no estilo Bob Dylan de contar histórias. A paternidade é o tema dessa canção. “Chico fala dos filhos, dos meus netos. Gosto muito dessa música, porque é uma canção de pai”, comenta o vovô. A dupla assina também Nenhum futuro e Quantos rios.

Outras parcerias se destacam. Aldir Blanc, claro, está lá, com o samba (ou choro?) Dura na queda. “Normalmente, o samba tem a primeira e a segunda partes, mas acontece que ele ficou muito tempo dentro da estrutura do choro, ou seja, com três partes. Isso porque o Aldir a escreveu com as três. Senti isso e quando me deparei com o texto, vi que ele tinha essas nuances. Procurei musicá-lo com esse sentimento, como se fosse um samba dentro do universo do choro”, explica.

Ultraleve é bem-vinda parceria de João Bosco com Arnaldo Antunes. “Paulista, ele acabou fazendo uma letra sem preconceito topográfico da cidade, porque fala das zonas Oeste, Sul e Norte. É uma canção pós-bossa-novista. Gostei muito da leitura que Arnaldo fez do Rio de Janeiro”, elogia João Bosco.

Já Pé de vento, outra de Mano que zuera, é “mineira” de Belo Horizonte. “Fiz esse samba com o baiano Roque Ferreira. A parceria nasceu de um show que fiz em BH, nos 50 anos da Maria Bethânia”, conta.

JOÃO BOSCO QUARTETO
Nesta sexta-feira (6), às 21h. Show Mano que zuera. Grande Teatro do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Inteira: R$ 200 (plateia 1), R$ 180 (plateia 2) e R$ 160 (plateia superior). Meia-entrada na forma da lei. À venda no site Ingresso Rápido.




 











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