Jair Bolsonaro foi alvo de protestos do público no Festival Sarará, neste sábado, na Esplanada do Mineirão. Durante o show do rapper Djonga, a multidão entoou xingamentos contra o presidente. O cantor, no entanto, disse que os insultos "não adiantavam", já que que ele "já está lá". Djonga discursou por mais de um minuto, endossando a insatisfação contra o atual governo, mas dizendo que o que deve ser feito é "evitar que essa reeleição aconteça".
Segundo Djonga, "gritar isso, não adianta nada na prática. Na prática, a gente tem que ir atrás do que a gente conhece". Veja o discurso:
Durante show no #FestivalSarará, neste sábado, na Esplanada do Mineirão, o rapper Djonga questionou o público que xingava Bolsonaro. Segundo ele, o que deve ser feito é "evitar que essa reeleição aconteça" e que, na prática, só os insultos "não adiantam". ,%uD83C%uDFA5Alexandre Guzanshe/EM pic.twitter.com/Au3B6jGXJd
%u2014 Estado de Minas (@em_com) August 31, 2019
A postura de Djonga se pareceu com a de Mano Brown, que em um show na última semana, em Curitiba, questionou a plateia que xingava Bolsonaro. Na ocasião, o vocalista dos Racionais MCs disse que muitos poderiam estar sendo hipócritas, caso tivessem votado no atual presidente.
No show desta tarde, Brown fez uma participação especial com Djonga e cantou três músicas. A apresentação ainda teve espaço para um protesto de dois indígenas, da região de Porto Seguro, pela demarcação de terras e preservação da Amazônia. Eles foram convidados a subir no palco pelo cantor mineiro, que reforçou: "a única coisa que a gente taca fogo é racista, em referência ao refrão de Olho de tigre, seu principal hit, que fechou o show, um dos primeiros do dia.
Baco Exu do Blues, outro cantor de rap, também usou sua apresentação para dar um recado a Bolsonaro. "Presidente, você falar que não existe racismo no Brasil só mostra que você é inapto para o cargo. Eu não abaixo a cabeça para o opressor", disse.
A edição deste ano do Sarará ainda teve shows de Lagum, Duda Beat com Pabllo Vittar, Baiana System e Gilberto Gil, além de outras atrações locais e música eletrônica em quatro palcos distribuídos pela Esplanada. Último a se apresentar, Gil fez a alegria de quem resistia a mais de nove horas de programação com um repertório formado pelos os principais sucessos de sua carreira, incluindo Realce, Esperando na janela, Punk da periferia além de versões clássica de Bob Marley como I wanna love you e Não chore mais.
O cantor e compositor baiano de 77 anos tocou por uma hora e 40 minutos e o show não escapou das manifestações políticas. Entre uma úsica e outra, o público gritou "Lula livre", repetidas vezes. Gil, que foi ministro da Cultura de Lula entre 2003 e 2008, respondeu: "tenho a impressão de que está chegando mais perto. O Brasil precisa de um líder como ele entre nós".
Depois do show, em conversa exclusiva com o Estado de Minas, o artista relevou satisfação por ser a principal atração do festival. "É muito interesante estar misturado a essa plêiade de novos artistas que reinventam a nossa música, com diferentes lingaguagens, misturando o pop brasileiro com vertentes da música eletrônica, por exemplo. Fico muito feliz", disse.
Veja algumas fotos da apresentação de Gilberto Gil no Festival Sarará: