Pipa (RN) – O Nordeste é a terra do forró, xote, baião, xaxado, frevo e... do jazz. Desde quinta-feira (15), o vilarejo de Pipa, em Tibau do Sul, a 80 quilômetros de Natal, reúne artistas de vários estados nordestinos, além de músicos brasileiros e estrangeiros, no 19º Fest Bossa & Jazz.
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“Nossa região tem alguns festivais do gênero importantes. Não só aqui no Rio Grande do Norte, como no Ceará e na Bahia. Desde 2010, realizamos o evento em Natal, Pipa, Mossoró e São Miguel do Gostoso, onde haverá outra etapa em meados de outubro”, afirma Juçara Figueiredo, diretora e coordenadora geral do festival.
O jazz, aliás, tem ligação especial com a capital potiguar. “Natal foi sede de duas importantes bases militares norte-americanas durante a 2ª Guerra Mundial, devido à sua estratégica posição geográfica. A cidade recebeu 10 mil soldados dos Estados Unidos, que trouxeram seus costumes e sua música”, lembra o arquiteto Claudio Ribeiro Dantas, responsável pelos projetos do centro deconvenções da capital e do Complexo da Rampa, museu voltado para a aviação e a 2ª Guerra.
Durante quatro dias – o festival termina no domingo (18) –, a programação gratuita oferece 48 pocket shows, jam sessions, workshops e oficinas. Pipa recebe 25 mil pessoas, inclusive estrangeiros. “É um lugar cosmopolita. Muitos europeus estão de férias e fazem questão de vir. A presença regional também é maciça – pernambucanos, paraibanos e potiguares –, além dos cariocas, paulistas e mineiros”, diz Juçara.
Os mineiros Roberta Gonçalo, de 34 anos, e Luiz Guilherme Vilhena, de 39, passam a lua de mel em Pipa. O casal de Divinópolis está adorando a programação. "Foi uma grata surpresa chegar aqui e deparar com música de qualidade, de graça e no meio da rua. Nossa lua de mel ganhou trilha sonora especial", diz Roberta.
“Jazz tem muito a ver com improvisação, por isso ficou ainda mais interessante. Até assisti à apresentação de um grupo tocando berimbau. Ficou bem bacana”, elogia Luiz Guilherme.
Como a bossa nova é um dos pilares do evento, o cantor João Gilberto – ícone do movimento, morto em julho – ganhou homenagem dos artistas participantes do festival.
CORTEJO Um dos destaques é o cortejo diário da Bossa & Jazz Street Band, regida pelo maestro português Eugenio Graca e com instrumentistas do Rio Grande do Norte, pelas ruas de Pipa.
“Desde o ano passado, levamos o festival para a rua, em vez de o público ficar estático diante de um palco fixo. É aquela famosa coisa de pôr o artista onde o povo está. A gente tem sempre de trazer novidade, surpreender. Senão, cai na mesmice”, afirma Juçara Figueiredo.
Com o propósito de divulgar a música instrumental, o Fest Bossa & Jazz estende suas ações para além dos palcos. A preocupação com a ecologia está presente. De dia, há palestras e oficinas socioambientais destinadas a estudantes da rede pública.
”Desde o início, sempre fizemos questão de envolver a comunidade. Não faria sentido o festival não englobar a população daqui. E ela o abraçou, o que é muito importante. É preciso fazer a diferença, pois somos um evento democrático”, conclui Juçara Figueiredo.
* A repórter viajou a convite do Projeto Investe Turismo RN/Sebrae