Belo Horizonte, noite de 8 de março de 1996. Ao se aproximar da Avenida dos Andradas, o guitarrista norte-americano Robert Cray viu uma grande fila. Perguntou para onde aquelas pessoas estavam indo. “Para o seu show”, foi a resposta que recebeu do produtor que o acompanhava. “Não acreditei na quantidade de gente que estava ali. Foi realmente fantástico”, relembra ele a respeito de sua apresentação na extinta Estação 767.
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Em 40 anos de carreira, Cray lançou 20 álbuns de estúdio e recebeu cinco prêmios Grammy. No show, o guitarrista vai tocar ao lado de Richard Cousins (baixo), Dover Weinberg (teclados) e Terrence Clark (bateria). O repertório mescla velhas e novas canções.
Seu álbum mais recente é Robert Cray & Hi Rhythm (2017). O trabalho foi realizado em Memphis, Tennessee, com a Hi Rhythm Section, lendária formação de estúdio que gravou com Al Green, Otis Clay e Ann Peebles. Ideia do produtor e músico Steve Jordan, que há muitos anos colabora com ele (e produziu Herbie Hancock e John Mayer, entre outros), o disco teve a participação do cantor, compositor e guitarrista Tony Joe White, morto em 2018.
APELIDOS
Nascido em Columbus, na Geórgia, Cray descobriu o blues nos discos dos pais. “Quando tinha 16 anos, passei a ouvir B. B. King, Buddy Guy e Muddy Waters por influência dos amigos. Ficava ouvindo aqueles caras com apelidos estranhos, Muddy Waters (águas lamacentas), Howlin' Wolf (lobo uivando)... Aquilo realmente me atraiu”, ele conta.
Mas a chave virou mesmo quando, no show de formatura de sua escola em Lakewood, no estado de Washington, Cray, de 17, assistiu ao guitarrista Albert Collins. “No final da apresentação, fui até ele e falei como havia gostado. Ele se virou para mim e perguntou: 'Jovem, você toca guitarra?'. Respondi que sim. E ele me disse: 'Então, continue'.”
Quatro anos mais tarde, Cray, já vivendo em Eugene, no Oregon, acompanhou com sua banda o próprio Collins. “Depois daquele primeiro show, todas as vezes em que ele se apresentava na Costa Oeste nós éramos sua banda de apoio. Fizemos isso durante um ano e meio. Mais tarde, gravamos juntos o álbum Showdown! (de 1985, também com o guitarrista Johnny Copeland). Então, Albert Collins foi a minha maior influência.”
Para aqueles que estão descobrindo agora a guitarra do blues, Cray tem uma dica bem simples: “Se sua pretensão for formar uma banda, toque com o maior número de músicos que puder. Banda significa unidade e saber se divertir. Não fique pensando em popularidade, só aproveite o momento. É nessas horas que as coisas começam a mudar”.
Com uma carreira longeva e parcerias com os maiores, Cray se diz um músico melhor hoje em dia. “O tempo realmente faz a diferença, pois ele te faz ouvir mais, prestar atenção ao que está acontecendo ao redor. E isso melhora a música”, garante.
ROBERT CRAY
Quarta-feira (31), às 21h. Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia-entrada). Plateia 2: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia-entrada). Balcão: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada). Ingressos à venda no local e no site Ingresso Rápido.
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