Chico Lobo faz show em Belo Horizonte para lançar o disco Sagração

Com letras do poeta Wander Lourenço, álbum se inspira na obra de Guimarães Rosa. A viola caipira de Chico se junta ao violino de Leíse Renhe e ao violoncelo de Sérgio Rabello

por Augusto Guimarães Pio 14/06/2019 09:50
Ricardo Gomes/Divulgação
Chico Lobo, Leíse Renhe e Sérgio Rabello: ponte entre o popular e o erudito (foto: Ricardo Gomes/Divulgação)
Inspirado na obra de Guimarães Rosa, o cantor, compositor e violeiro Chico Lobo se juntou ao poeta e escritor Wander Lourenço no CD Sagração (Kuarup), projeto do qual participaram o violoncelista Sérgio Rabello e a violinista Leíse Renhe. Nesta sexta-feira (14), eles fazem show na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes.

De acordo com Chico Lobo, o trabalho descortina Minas em uma representação artística que faz a ponte do erudito com a riqueza da cultura popular e o legado dos cantadores. O disco conta com a participação do tenor João Di Souza, convidado especial do show desta noite, do compositor Sérgio Santos e das cantoras Simone Guimarães, Bruna Morais e Mariana Nunes.

Lobo revela que quando a poesia de Lourenço chegou até ele, ficou encantado e decidiu transformar os poemas em canções. “É como se trilhássemos as veredas, os cerrados, os chapadões e os igarapés dos sertões de Minas”, compara. “Todos sabem que vários autores mineiros desenvolvem, há décadas, um vasto e instigante trabalho musical tendo como base a obra de Rosa. Comigo não poderia ser diferente.”

Wander Lourenço compartilha com o violeiro essa paixão. “O poeta é profundo conhecedor da obra de Guimarães Rosa. Faz letras muito legais que mergulham no universo desse grande escritor. Ele foi me mandando as letras, fui fazendo as melodias rapidamente. Foi tudo muito natural. Quando percebemos, o CD já estava pronto”, diz Chico Lobo.

O disco tem duas ideias básicas que remetem a temas presentes na obra de Guimarães Rosa: o amor, enquanto saga, e a religiosidade metafísica. “Ao me deparar com a religiosidade incrustada nas letras do Lourenço, pensei em não deixar a viola solitária e acrescentei o cello e o violino. Quis juntar as linguagens da viola popular e dos instrumentos de orquestra”, explica Chico. Assim surgiu a ideia de convidar Leíse Renhe, bacharel em violino pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Sérgio Rabello, formado em violoncelo pela Escola de Música da UFMG.

“Quando pensamos em levar Sagração para os palcos, imaginamos projetar, durante cada música, uma tela do artista plástico Adriano Alves, tudo dentro do universo de Minas. Ele sabe muito de Guimarães Rosa”, comenta o violeiro.

Depois de lançar 25 CDs, dois DVDs e um livro, Chico Lobo considera Sagração o seu álbum mais conceitual. “Esse disco convida à reflexão e não deixa de passar pelo tema do amor, que é universal. É um ato de cantoria, da lida na estrada. Pra minha alegria, a Kuarup acolheu essa ideia. A verdade é que precisamos produzir sempre, movimentar a roda da cadeia produtiva da música, em vez de reclamar da crise”, conclui.

CHICO LOBO, SÉRGIO RABELLO E LEÍSE RENHE
Lançamento do disco Sagração. Convidado: João Di Souza. Nesta sexta-feira (14), às 20h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada).


SAGRAÇÃO
De Chico Lobo, com Leíse Renhe e Sérgio Rabello
Kuarup
10 faixas
R$ 25. Disponível nas plataformas digitais

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