Se há quem diga que ele dormiu de touca, perdeu a boca ou fugiu da briga, Ney Matogrosso mostra que, aos 77 anos, ainda tem energia de sobra para botar o Bloco na rua. Nesta semana, o cantor traz a Belo Horizonte sua nova turnê, cujo nome faz referência ao sucesso de Sérgio Sampaio (1947-1994), canção que costuma abrir o show. Para brincar, botar pra gemer, gingar, dar e vender, Ney escolheu um repertório com diversos compositores. Algumas das músicas ele já gravou, outras são menos conhecidas, mas todas são de seu absoluto agrado. Na capital mineira, serão três apresentações no Grande Teatro do Palácio das Artes, a partir desta sexta-feira (14).
Leia Mais
Paulo Miklos faz show no formato voz e violão em BH nesta sexta (14)Adriana Calcanhotto se despede do mar com o disco 'Margem'Depois de hiato de seis anos, Boca Livre lança 'Viola de bem querer', em que reafirma a harmonia entre voz e arranjosLadston do Nascimento exibe poesia e lirismo em missa cantadaCelso Adolfo lança disco inspirado em contos de Guimarães RosaPor trás do som: o que fazem técnicos e produtores musicaisClarice Falcão fala de morte e depressão no disco 'Tem conserto'Gravação de DVD ao vivo de Paula Fernandes reúne 15 mil pessoas em Sete LagoasBianca Gismonti Trio lança o disco Desvelando mares“Fiz uns 10 roteiros até chegar neste”, afirma. Nesse processo, além da canção que dá nome à turnê, ainda entram, por exemplo, Pavão mysteriozo (Ednardo), Sangue latino e Mulher barriguda, do Secos & Molhados, bem conhecidas em sua voz, e outras como Tua cantiga (Chico Buarque), e Álcool (Bolero filosófico), de DJ Dolores. Inominável, escrita por Dan Nakagawa, é o único lançamento da lista. No giro, que começou no Rio de Janeiro e passou por São Paulo, Vitória, Salvador, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, Coração civil, de Milton Nascimento, tem entrado no bis, para um encerramento do espetáculo em grande estilo.
Conhecido por não levar discursos mais politizados ao palco, Ney Matogrosso define a escolha das músicas como “menos elucubração e mais afetividade”, mas reconhece que essa e outras canções do repertório, ainda que tenham sido compostas há muito tempo, encontram eco no contexto político atual do país. “É uma música (Coração civil) que já cantei, em 1985. Infelizmente, ela faz muito sentido, mesmo que se refira à história de Costa Rica, que não tem um Exército. Mas não ter essa preocupação com guerras, armas ou vontade de se armar é algo que foge muito da nossa realidade atual, que está cada vez mais violenta e retrógrada”, afirma.
REGRESSÃO
Contrariando quem pensa que ele “caiu do galho” ou que “morreu de medo quando o pau quebrou”, Ney não se furta a falar sobre o cenário político brasileiro.
Dessa forma, o artista segue com neutralidade de discurso nas apresentações e se mostra satisfeito com o resultado da turnê até aqui.
Contando com a companhia dos músicos Sacha Amback (direção musical e teclado), Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Mauricio Negão (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone), que o acompanham desde a turnê anterior, Ney Matogrosso planeja gravar um álbum e um DVD após o fim do giro.
SET LIST
Confira o repertório do show
Eu quero é botar meu bloco na rua (Sérgio Sampaio)
Jardins da Babilônia (Rita Lee)
O beco (Os Paralamas do Sucesso)
Álcool (Bolero filosófico) (DJ Dolores)
Já sei (Itamar Assumpção)
Mais feliz (Cazuza)
Pavão mysteriozo (Ednardo)
Tua cantiga (Chico Buarque)
Yolanda (Pablo Milanés)
Postal de amor (Fagner)
Ponta do lápis (Clodô, Roger Rogério)
Tem gente com fome (Solano Trindade)
Corista de rock (Rita Lee)
Já que tem que (Itamar Assumpção)
O último dia (Paulinho Moska)
Inominável (Dan Nakagawa)
Sangue latino (Secos & Molhados)
Como 2 e 2 (Caetano Veloso)
Coração civil (Fernando Brant e Milton Nascimento)
Feira moderna (Beto Guedes, Fernando Brant, Lô Borges)
Mulher barriguda (Secos & Molhados)
Bloco na rua
Show de Ney Matogrosso.