Inspirado em Sagarana, obra de estreia do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), o cantor, compositor e violonista mineiro Celso Adolfo chega ao seu nono disco, Remanso de rio largo. O show de lançamento será nesta sexta-feira (7), às 19h30, durante o projeto Sempre um papo. O CD traz 16 músicas autorais, à exceção da faixa Capim dourado, em parceria com Júlio Santin.
As gravações foram feitas no ano passado. Ele lembra que os trabalhos do CD se iniciaram a partir do conto Duelo, em 13 de abril de 2012. Na verdade, esta é a data em que foi inaugurado o Museu Sagarana, na cidade de Itaguara, onde Rosa iniciou sua carreira de médico e de escritor. O músico conta que, além do que foi composto a partir dos contos do livro, a obra tem uma certa liberdade, que está presente em músicas como Milho no papo e Ê zueira! Ê poeira!.
Leia Mais
Morre Dr. John, um dos grandes nomes do BluesJohnny Hooker compara canções ao universo da ficção: 'Essa é a mágica'Festa no Distrital mistura folia de São João com carnaval Em 'Tarântula', trio As Bahias e a Cozinha Mineira ataca o preconceitoBianca Gismonti Trio lança o disco Desvelando maresNey Matogrosso sobre show: 'Não discuto nada e tem sido um sucesso louco'Paulo Miklos faz show no formato voz e violão em BH nesta sexta (14)Álbum póstumo de Prince é lançado em serviço de streamingCantor Serguei morre aos 85 anosEle irá ao palco ao violão e com uma viola de 10 cordas.
Ele lembra que foi durante a apresentação que surgiu a ideia de fazer um disco inspirado no grande escritor. “Peguei o livro Sagarana (1946) porque sabia que um dos contos, Duelo, retratava um fato que ocorreu em Itaguara. Resultado, peguei o conto, recontei com minhas palavras, pegando quatro frases dele e colocando em minha música, com o objetivo de integrar ainda mais as coisas”, detalha.
Ele garante que foi um belo show, ao ar livre, com o museu lotado.
O artista conta que tudo foi feito dentro do espírito de Sagarana, mas que as composições tinham também princípio livre. “Assim, fiz várias canções e nelas coloquei frases soltas do livro, ou seja, a música é autoral e traz frases de Guimarães Rosa. Porém a canção Ê zoeira! Ê poeira! não é assunto do livro, mas tem algo em comum com ele, porque retrata os personagens do meu tempo, coisa que Guimarães Rosa gostava de fazer”.
E detalha: “Fiz somente para uma aproximação com o mundo dos personagens que o escritor tem e, nesta canção, resolvi tramar uma história”, revela. “E por falar em personagens rosianos, citei alguns dos meus, começando por Macaúba, sujeito alto, esguio, forte, quase imbatível, valentão, que está na minha música Ê zoeira! Ê poeira.! Já no conto São Marcos, que consta de Sagarana, Rosa escreveu: ‘A cafua – taipa e colmo, picumã e pau-a-pique – estava lá, bem na linha de queda da macaúba’.”
O músico mineiro diz que não pensa em outras edições e justifica.
REPERTÓRIO
1 – Um conto e cem
2 – Mariquinha
3 – Ralando o coco
4 – No vau da sarapalha
5 – Cego maluco
6 – Ê zoeira! Ê poeira!
7 – Grimpa do coqueiro
8 – Desejo
9 – Tim tatu
10 – Milho no papo
11 – Feitiço
12 – Duelo
13 – Amor doído
14 – Faquinha, quicé
15 – Capim dourado (Celso Adolfo/Júlio Santin)
16 – Samba-chula
REMANSO DE RIO LARGO
• Independente
• 16 faixas
• O CD não está à venda e será distribuído pelos museus Sagarana, em Itaguara, e Casa de Guimarães Rosa, em Cordisburgo
PROJETO SEMPRE UM PAPO
Nesta sexta-feira (7), 19h30, show e lançamento do disco Remanso de rio largo, de Celso Adolfo. Auditório da Cemig, na Avenida Barbacena, 1.200, Santo Agostinho. Entrada gratuita, mediante ordem de chegada..