A redemocratização do Brasil já era fato. Mesmo assim, em 1987, a Polícia Civil de São Paulo criou uma operação para prender arbitrariamente travestis na capital paulista. Com a desculpa de combater a Aids, os policiais batizaram a ação como Operação Tarântula. No pouco tempo que durou (de 27 de fevereiro a 10 de março), ela perseguiu cerca de 300 travestis e mulheres trans. Com o intuito de resgatar esse fato, a banda As Bahias e a Cozinha Mineira – formada pelas cantoras trans Assucena Assucena e Raquel Virginia e o guitarrista mineiro Rafael Acerbi – deu o nome de Tarântula a seu novo trabalho. Disponível nas plataformas digitais, o álbum chega à rede acompanhado dos clipes das canções Volta, Carne dos meus versos e Shazam Shazam boom.
“Nossa função como artistas é juntar tudo o que passa despercebido pelas pessoas e amarrar em uma teia, assim como a tarântula faz. Daí decidimos o nome do álbum, uma forma de resgate histórico da Operação Tarântula. Nossa função é relembrar acontecimentos de que poucos se lembram”, explica Rafael Acerbi.
O disco, que reúne 10 faixas inéditas, mescla pop, rock progressivo, blues, forró e baladas românticas para falar de amor e, principalmente, da violência contra travestis e transexuais.
“Tarântula é um álbum de crônica sobre este século 21. Ele trata de amores fraturados, paixões que não aconteceram e, principalmente, da violência que sofremos no território brasileiro”, afirma Raquel Virginia.
O novo projeto marca a estreia de Rafael Acerbi como cantor. “Já vinha compondo nos outros trabalhos, mas não cantava porque ainda não era o momento. Nossa causa era outra. A mensagem que a gente queria passar, naquele momento, deveria estar a cargo da Raquel e da Assucena”, explica o mineiro.
A voz de Rafael está presente na faixa Volta. “Vou dizer: essa música que fiz foi a que mais gostei no disco”, diverte-se ele. “Brincadeiras à parte, não tem como definir a melhor música de Tarântula.”
Raquel garante: “Tudo o que está lá veio do nosso coração, aí não tem como decidir a melhor.”
PROJOTA O álbum conta com a participação do rapper Projota na faixa Tóxico romance. “Certa vez, As Bahias e a Cozinha Mineira apresentou um programa e o entrevistamos. Ali, a gente viu o quanto ele é generoso e educado. Além disso, é um hitmaker, um dos rappers brasileiros mais importantes. Decidimos convidá-lo para gravar com a gente”, conta Raquel.
No início, o grupo se chamava Preto por Preto, em referência ao hit Back to black, de Amy Winehouse. Depois, ganhou o nome de As Bahias e a Cozinha Mineira devido à forte influência da cantora baiana Gal Gosta e ao tempero mineiro que Rafael levou para a banda.
Com letras políticas, o trio se destaca por defender o direito das mulheres e da comunidade trans, além de criticar duramente o sistema patriarcal.
Ao estrear no álbum independente Mulheres, lançado em 2015, As Bahias e a Cozinha Mineira apresentava suas ideias de maneira incisiva. Exemplo disso é a faixa Apologia às virgens mães.
Há dois anos, no 29º Prêmio da Música Brasileira, o trio foi eleito o melhor grupo de canção popular. Também recebeu o prêmio de melhor álbum por Bixa, lançado em 2017. A premiação rendeu à banda o contrato com a Universal Music, que produziu Tarântula.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
TARÂNTULA
De As Bahias e a Cozinha Mineira
Universal Music
10 faixas
Disponível nas plataformas digitais
saiba mais
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O disco, que reúne 10 faixas inéditas, mescla pop, rock progressivo, blues, forró e baladas românticas para falar de amor e, principalmente, da violência contra travestis e transexuais.
“Tarântula é um álbum de crônica sobre este século 21. Ele trata de amores fraturados, paixões que não aconteceram e, principalmente, da violência que sofremos no território brasileiro”, afirma Raquel Virginia.
O novo projeto marca a estreia de Rafael Acerbi como cantor. “Já vinha compondo nos outros trabalhos, mas não cantava porque ainda não era o momento. Nossa causa era outra. A mensagem que a gente queria passar, naquele momento, deveria estar a cargo da Raquel e da Assucena”, explica o mineiro.
A voz de Rafael está presente na faixa Volta. “Vou dizer: essa música que fiz foi a que mais gostei no disco”, diverte-se ele. “Brincadeiras à parte, não tem como definir a melhor música de Tarântula.”
Raquel garante: “Tudo o que está lá veio do nosso coração, aí não tem como decidir a melhor.”
PROJOTA O álbum conta com a participação do rapper Projota na faixa Tóxico romance. “Certa vez, As Bahias e a Cozinha Mineira apresentou um programa e o entrevistamos. Ali, a gente viu o quanto ele é generoso e educado. Além disso, é um hitmaker, um dos rappers brasileiros mais importantes. Decidimos convidá-lo para gravar com a gente”, conta Raquel.
No início, o grupo se chamava Preto por Preto, em referência ao hit Back to black, de Amy Winehouse. Depois, ganhou o nome de As Bahias e a Cozinha Mineira devido à forte influência da cantora baiana Gal Gosta e ao tempero mineiro que Rafael levou para a banda.
Com letras políticas, o trio se destaca por defender o direito das mulheres e da comunidade trans, além de criticar duramente o sistema patriarcal.
Ao estrear no álbum independente Mulheres, lançado em 2015, As Bahias e a Cozinha Mineira apresentava suas ideias de maneira incisiva. Exemplo disso é a faixa Apologia às virgens mães.
Há dois anos, no 29º Prêmio da Música Brasileira, o trio foi eleito o melhor grupo de canção popular. Também recebeu o prêmio de melhor álbum por Bixa, lançado em 2017. A premiação rendeu à banda o contrato com a Universal Music, que produziu Tarântula.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
TARÂNTULA
De As Bahias e a Cozinha Mineira
Universal Music
10 faixas
Disponível nas plataformas digitais