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Releituras do Clube da Esquina inspiram apresentação do pianista André Mehmari

Premiado e dono de extensa lista de obras executadas por importantes orquestras brasileiras, André Mehmari é também notável ao misturar sua habilidade como pianista, compositor e arranjador às criações de outros artistas. Neste sábado, ele apresenta em Belo Horizonte seu projeto Na esquina do clube com o sol na cabeça. O repertório com releituras de sucessos do Clube da Esquina, que dará origem a um álbum a ser lançado em breve, será apresentado na Praça Floriano Peixoto, em evento gratuito e aberto ao público, dentro do programa BH Instrumental.

“Tudo parte de uma grande paixão pelo conjunto da obra do Clube da Esquina. Toco Paixão e fé desde o Prêmio Visa (de MPB Instrumental) em 1998. Levo esse repertório comigo não é de hoje”, conta Mehmari, que vem à capital mineira acompanhado por Neymar Dias (baixo elétrico e acústico/viola caipira) e Sérgio Reze (bateria), que completam seu trio. Segundo o pianista, eles vinham executando esse repertório em muitos shows ultimamente e resolveram registrá-lo em um álbum inteiramente dedicado às versões do movimento musical belo-horizontino protagonizado por Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho Horta, Tavinho Moura e companhia. Muitos deles já realizaram parcerias com André Mehmari. O disco está em fase final de produção e será lançado em aproximadamente um mês em CD e plataformas digitais.
Haverá ainda uma versão posterior em vinil.

O compositor explica que a proposta é apresentar músicas conhecidas, sob uma versão instrumental bem particular. “É nossa forma de prestar um tributo, sem fazer um cover”, define. Ele adianta que o repertório inclui clássicos como Nascente, Trem azul, Tudo que você podia ser, Paixão e fé e outras, que qualifica como “menos emblemáticas, como a lindíssima E daí? e Olho d’água, além de composições minhas que dialogam com essas obras”, completa.

Entusiasta de suítes e outras formas de junções musicais, André Mehmari considera que seu processo criativo para desenvolver arranjos e construir as versões instrumentais é resultado de uma grande mistura musical. “Quando me apaixono por uma canção eu me fundo com ela. Naquele momento, as músicas todas que eu amo e conheço se misturam àquela canção. É um belo caldeirão interno de emoções e referências que dialogam com essa música. Tenho esse jeito aglutinador de ver a música, é uma marca da minha carreira, vou de orquestral ao sinfônico, ao choro, ao jazz.
É tudo música para mim”, argumenta.

IDENTIDADE

Ele aponta essa característica como justificativa pela admiração ao Clube da Esquina, sobre o qual diz não haver “um cercadinho estilístico”. “Você pula do Calix Bento para o pop e passa pela música latina. O Clube sempre teve esse aspecto humanista que muito me atraiu”, diz Mehmari, que celebra o fato de apresentar o projeto na terra natal do movimento homenageado por ele. “Tenho uma relação muito próxima com Minas. Para mim, BH é um das cidades mais musicais do Brasil e digo isso com conhecimento de causa”, afirma.

Realizado pela Veredas Produções com apoio do Instituto Unimed-BH, o evento do programa BH Instrumental terá abertura do grupo local Estevan Barbosa Venue Quarteto. A apresentação aberta ao público na Praça Floriano Peixoto é destacada por Mehmari como o formato ideal. “Tem tudo a ver com a proposta e com o conteúdo musical de compartilhamento. É uma união num momento em que o Brasil passa pela sua pior crise ética e social, então essa atmosfera humanista é a coisa de que mais precisamos para reencontrar nossa natureza afetuosa, que o país perdeu nos últimos tempos e que o Clube da Esquina sempre teve de forma poética e inesgotável”, declara o pianista.

Serviço – Série BH Instrumental apresenta André Mehmari Trio no show Na Esquina do Clube com o Sol na Cabeça
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Abertura Estevan Barbosa Venue Quarteto
. Sábado, 25 de maio, às 19h30, Praça Floriano Peixoto, Bairro Santa Efigênia
. Entrada gratuita
. Mais Informações: 32225271.