A primeira vez em que se viram só está na lembrança de Moreno Veloso, de 46 anos. Afinal, 13 anos separam o primogênito de Caetano Veloso de Bem Gil, o filho número seis de Gilberto Gil. Moreno vem acompanhando-no desde o nascimento. “Estive perto durante todo o crescimento dele. Em um determinado momento da adolescência, ele me disse que estudaria violão, que queria ser músico. Não sei se é uma questão astrológica, mas ele falou da maneira dele, séria. Fiquei feliz na hora, naquela tarde dei um abraço e disse: ‘Bem-vindo. Vamos juntos’”, conta Moreno.
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“Falei que este é o primeiro show do Moreno em que ele não canta Deusa do amor”, comenta Bem, a respeito da canção do Olodum que o filho de Caetano gravou em seu álbum de estreia, Máquina de escrever música (2000), e que se tornou onipresente em sua carreira. Moreno só ficou sabendo disso mais tarde, mas esse disco foi um marco na vida de Bem – além de acompanhar outros artistas, o filho de Gil é integrante da banda Tono.
Ele tinha 15 anos quando, morando na casa dos pais, recebeu a visita de Moreno.
Como o show está na rua, a relação se estreitou tanto que os dois têm composto juntos. Uma das canções inéditas, com música de Bem e letra de Moreno, está no repertório. “Há muitos anos o Bem me mandou uma melodia para eu colocar letra. Só que perdi meu celular.
Além desta, estão no repertório Sereno (Bem), que Gil gravou no álbum OK OK OK (2018) para saudar a chegada de mais um neto; Sertão (Moreno e Caetano), Presente de Natal (Bem e Quito Ribeiro), Tudo ao redor (Moreno e Domenico Lancellotti) e Nem (Bem, Gil e Alberto Continentino).
“Bem me chamou para esse show para ajudá-lo a botar para fora as coisas novas, porque, mesmo na Tono, a participação dele na composição é relativamente pequena. Ele tem canções gravadas por outros (Nem, por exemplo, foi registrada em Giro, novo disco de Roberta Sá), mas o grosso da obra ninguém conhece”, conta Moreno. A hora desse encontro de experimentação no palco foi perfeita, diz Moreno, já que ele próprio está com canções inéditas que precisa testar (seu disco mais recente, Coisa boa, é de 2014).
TURNÊ Para além deste encontro no palco, Bem e Moreno seguem fazendo outros trabalhos de terceiros. Ambos continuam em turnê com os pais. Ofertório, que uniu Caetano, Moreno, Tom e Zeca Veloso, está há mais de um ano em cartaz. No mês que vem, os quatro partem novamente para um giro com o show pela Europa.
Além desse, Moreno tem também em andamento um show com o baiano Paulo Costa, antigo aluno de sua tia Mabel Veloso.
Já Bem está a mil. Ele volta a BH depois de passar o último fim de semana na cidade – na sexta, participou do show de Roberta Sá no Palácio das Artes, já que fez a direção musical do trabalho; no sábado, tocou com o pai no MecaInhotim, pois é o produtor de OK OK OK. Além disso, a banda Tono dividiu a produção e a gravação de Não há abismo em que o Brasil caiba, novo disco de Jorge Mautner.
E já tem sua nova vinda a Belo Horizonte agendada para 23 de agosto, na estreia nacional do show do novo álbum de Adriana Calcanhotto, no Palácio das Artes, (Bem produziu o espetáculo anterior, o celebrado A mulher do Pau Brasil, que também estreou na capital mineira). “Tenho criado uma relação de naturalidade e intimidade com Belo Horizonte. A gente é sempre bem acolhido, acho que pelo público ser muito aberto para a música”, afirma Bem.
Para ele, trabalhar em várias frentes foi outro aprendizado que teve com Moreno. “Ele é pintor, cozinheiro, cantor, baterista. Então, além da música, ele foi uma referência também nesse sentido.” Para Moreno, a parceria deverá render dois álbuns – o dele e o de Bem.
BEM GIL E MORENO VELOSO
Show nesta quinta-feira (23), às 21h, no Centro Cultural Minas Tênis Clube, Rua da Bahia, 2.244, (31) 3516-1360.
Ingressos: R$ 70 e R$ 35 (meia).
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