Zeca Baleiro estreou em novembro passado, em Curitiba, a turnê O amor no caos – o show foi visto no fim de 2018 em Belo Horizonte. Na época, ele havia lançado alguns singles (Ela nunca diz, Te amei ali e Por minha rua) do álbum homônimo, que somente neste mês veio a público. “Inverter a lógica (fazer o show antes do disco) está sendo bacana, pois pude testar as músicas”, afirma.
Primeiro disco de inéditas desde Era domingo (2016), as 11 canções reunidas em O amor no caos são apenas uma parte da produção recente do cantor e compositor maranhense. Já no início do segundo semestre ele lança o volume 2 deste trabalho, com outro apanhado de músicas que têm como norte o amor.
“Não só o amor romântico, mas o amor como manifestação humana. Achei bacana tocar nesta tecla neste momento, pois vivemos um caos maior do que o normal. É uma questão planetária. Acredito verdadeiramente que o amor tem um poder transformador”, afirma Baleiro.
Agora com o primeiro dos dois álbuns lançados, novas canções entrarão no repertório da turnê – que retorna a BH em 29 de junho, no Palácio das Artes. Não custa lembrar que Zeca Baleiro morou em Belo Horizonte, em 1986 e em 1992. “Mesmo tendo sido duas pequenas temporadas, foi como se eu tivesse vivido aí a vida inteira. Eu me reconheço na cidade, especialmente no Centro, na Floresta e em Santa Tereza.”
O amor no caos inaugura algumas parcerias e reforça outras. Ainda que sejam próximos há muitos anos, Baleiro e Paulinho Moska nunca haviam composto nada juntos antes de Pela milésima vez, que tem um acento roqueiro. O blues Te amei ali foi feito com Roberto Frejat. Já Balada do amor em chamas, com o poeta Celso Borges, é uma canção estradeira.
Nesse universo, o parceiro que mais chama a atenção é o rapper Rincon Sapiência, que dividiu com Baleiro e Fernanda Abreu a autoria de O linchador, cuja letra tem uma pegada mais social (e a participação de uma orquestra de cordas). “Dos caras do rap, ele e o Rael são os que mais admiro. Já gravei uma música do Rael (Envolvidão) e há uma promessa de fazermos juntos alguma coisa. Eu estava precisando de uma coisa contundente para esta música e chamei o Rincon na aventura, pois ele poderia não gostar. Só que ele topou prontamente.”
HUMOR Mesmo com diferentes parceiros (Por minha rua foi feita com o uruguaio Dany Lopez e Mais leve com Cynthia Luz), Baleiro também assina algumas canções sozinho. Saudade dá tem uma levada de reggae, enquanto Ela nunca diz é uma típica letra narrativa do compositor, com lances bem-humorados (“Curte pop punk e bandas de nomes bizarros/Mas pelas amigas topa ir no VillaMix/Ela foi cinéfila, só ia ao Belas Artes/Mas agora se contenta com Netflix”).
Baleiro é um autor prolífico. “Na verdade, é como qualquer outro talento. Quando se abre a porta, a coisa flui. Como já tenho uma ligação grande com a banda (o guitarrista e violonista Tuco Marcondes, o baixista Fernando Nunes, o pianista e acordeonista Adriano Magoo, o tecladista Pedro Cunha, o baterista Kuki Stolarski), sempre que vamos para o estúdio é muito produtivo. Desta vez, quis trabalhar na velha fórmula e juntar todo mundo para tocar. Quando vi, tínhamos um repertório de mais de 15 músicas.”
Foi daí que veio a ideia de fazer um álbum duplo. As canções do volume 2, Baleiro adianta, serão mais acústicas, com ênfase no piano e violões. Além da versão digital e em CD, O amor no caos será editado em vinil – até o próximo mês, a bolacha deve chegar às lojas.
“(Lançar em vinil) É um pouco de fetiche. Sou amante do formato, tenho uma coleção imensa. E com este disco quero fazer meio que uma volta às origens, tardes de autógrafos para ter um contato maior com o público. Acho importantíssima essa coisa das plataformas, abriu um mercado bacana, em que se produz sem muita demora. É muito ágil. É claro que as tiragens vão diminuindo, mas ainda tem o público que gosta e acho importante ter o disco físico.”
A capa do primeiro volume traz uma tela do pintor maranhense Jesus Santos. O próximo disco também terá um trabalho de outro artista conterrâneo de Baleiro. “Há pintores incríveis, pouco conhecidos e que, com a edição em vinil, terão o trabalho valorizado.”
Sem gravadora (O amor no caos é editado pela Saravá Discos, selo do cantor e compositor), Baleiro produz e grava seus próprios trabalhos. Vem mexendo, de três anos para cá, em seu baú. Lançou neste período três álbuns virtuais da série Arquivo. Dois deles com duetos com músicos brasileiros e estrangeiros e um terceiro, chamado Raridades, com gravações pouco conhecidas.
Um próximo disco da série será um retorno ao começo da carreira. “Vou lançar a demo que deu origem ao meu primeiro álbum (Por onde andará Stephen Fry?, de 1997). A gravação está bem precária e estou pegando a autorização, pois mais de 50 músicos tocaram comigo. É o trabalho de uma vida. Não é um super-som, mas acho bacana ter o registro. Este quero lançar também em vinil”, diz.
E não para por aí. Baleiro acredita que, no próximo ano, deverá vir à tona um álbum com Zélia Duncan. “A gente fez durante três anos uma série de shows. Era uma turnê meio experimental e compusemos muitas músicas. Como era um trabalho meio lado B, ele não tomou (na época) o centro da nossa vida. Mas vamos essas canções gravar entre o fim deste ano e o início de 2020.”
O amor no caos
• Zeca Baleiro
• Saravá Discos
• R$ 24,90 (disponível também nas plataformas digitais)
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“Não só o amor romântico, mas o amor como manifestação humana. Achei bacana tocar nesta tecla neste momento, pois vivemos um caos maior do que o normal. É uma questão planetária. Acredito verdadeiramente que o amor tem um poder transformador”, afirma Baleiro.
Agora com o primeiro dos dois álbuns lançados, novas canções entrarão no repertório da turnê – que retorna a BH em 29 de junho, no Palácio das Artes. Não custa lembrar que Zeca Baleiro morou em Belo Horizonte, em 1986 e em 1992. “Mesmo tendo sido duas pequenas temporadas, foi como se eu tivesse vivido aí a vida inteira. Eu me reconheço na cidade, especialmente no Centro, na Floresta e em Santa Tereza.”
O amor no caos inaugura algumas parcerias e reforça outras. Ainda que sejam próximos há muitos anos, Baleiro e Paulinho Moska nunca haviam composto nada juntos antes de Pela milésima vez, que tem um acento roqueiro. O blues Te amei ali foi feito com Roberto Frejat. Já Balada do amor em chamas, com o poeta Celso Borges, é uma canção estradeira.
Nesse universo, o parceiro que mais chama a atenção é o rapper Rincon Sapiência, que dividiu com Baleiro e Fernanda Abreu a autoria de O linchador, cuja letra tem uma pegada mais social (e a participação de uma orquestra de cordas). “Dos caras do rap, ele e o Rael são os que mais admiro. Já gravei uma música do Rael (Envolvidão) e há uma promessa de fazermos juntos alguma coisa. Eu estava precisando de uma coisa contundente para esta música e chamei o Rincon na aventura, pois ele poderia não gostar. Só que ele topou prontamente.”
HUMOR Mesmo com diferentes parceiros (Por minha rua foi feita com o uruguaio Dany Lopez e Mais leve com Cynthia Luz), Baleiro também assina algumas canções sozinho. Saudade dá tem uma levada de reggae, enquanto Ela nunca diz é uma típica letra narrativa do compositor, com lances bem-humorados (“Curte pop punk e bandas de nomes bizarros/Mas pelas amigas topa ir no VillaMix/Ela foi cinéfila, só ia ao Belas Artes/Mas agora se contenta com Netflix”).
Baleiro é um autor prolífico. “Na verdade, é como qualquer outro talento. Quando se abre a porta, a coisa flui. Como já tenho uma ligação grande com a banda (o guitarrista e violonista Tuco Marcondes, o baixista Fernando Nunes, o pianista e acordeonista Adriano Magoo, o tecladista Pedro Cunha, o baterista Kuki Stolarski), sempre que vamos para o estúdio é muito produtivo. Desta vez, quis trabalhar na velha fórmula e juntar todo mundo para tocar. Quando vi, tínhamos um repertório de mais de 15 músicas.”
Foi daí que veio a ideia de fazer um álbum duplo. As canções do volume 2, Baleiro adianta, serão mais acústicas, com ênfase no piano e violões. Além da versão digital e em CD, O amor no caos será editado em vinil – até o próximo mês, a bolacha deve chegar às lojas.
“(Lançar em vinil) É um pouco de fetiche. Sou amante do formato, tenho uma coleção imensa. E com este disco quero fazer meio que uma volta às origens, tardes de autógrafos para ter um contato maior com o público. Acho importantíssima essa coisa das plataformas, abriu um mercado bacana, em que se produz sem muita demora. É muito ágil. É claro que as tiragens vão diminuindo, mas ainda tem o público que gosta e acho importante ter o disco físico.”
A capa do primeiro volume traz uma tela do pintor maranhense Jesus Santos. O próximo disco também terá um trabalho de outro artista conterrâneo de Baleiro. “Há pintores incríveis, pouco conhecidos e que, com a edição em vinil, terão o trabalho valorizado.”
Sem gravadora (O amor no caos é editado pela Saravá Discos, selo do cantor e compositor), Baleiro produz e grava seus próprios trabalhos. Vem mexendo, de três anos para cá, em seu baú. Lançou neste período três álbuns virtuais da série Arquivo. Dois deles com duetos com músicos brasileiros e estrangeiros e um terceiro, chamado Raridades, com gravações pouco conhecidas.
Um próximo disco da série será um retorno ao começo da carreira. “Vou lançar a demo que deu origem ao meu primeiro álbum (Por onde andará Stephen Fry?, de 1997). A gravação está bem precária e estou pegando a autorização, pois mais de 50 músicos tocaram comigo. É o trabalho de uma vida. Não é um super-som, mas acho bacana ter o registro. Este quero lançar também em vinil”, diz.
E não para por aí. Baleiro acredita que, no próximo ano, deverá vir à tona um álbum com Zélia Duncan. “A gente fez durante três anos uma série de shows. Era uma turnê meio experimental e compusemos muitas músicas. Como era um trabalho meio lado B, ele não tomou (na época) o centro da nossa vida. Mas vamos essas canções gravar entre o fim deste ano e o início de 2020.”
O amor no caos
• Zeca Baleiro
• Saravá Discos
• R$ 24,90 (disponível também nas plataformas digitais)