Alô, Minas Gerais, estou chegando! O recado, num tom simpático, é da cantora Elza Soares, que aporta em Belo Horizonte com o show Deus é mulher, nome de seu mais recente disco, lançado no ano passado pela gravadora Deck, o 83º de sua carreira. A apresentação será neste sábado (11), às 21h30, no Sesc Palladium. A rainha do milênio aproveita sua passagem pela capital mineira para, de quebra, receber título de cidadã honorária de BH. “Estou muito feliz com a homenagem, pois minhas raízes estão aqui”, orgulha-se.
Ainda que este show seja da turnê do CD Deus é mulher, ela vai cantar também algo do anterior, A mulher do fim do mundo. De BH, os próximos destinos serão Porto Alegre (RS) e a Europa.
Inquieta, revela que já está trabalhando num novo CD. “Já sei quais serão as músicas, mas, por enquanto, não posso adiantar mais nada”, faz mistério Elza. “Ainda é difícil viver de música no Brasil. É preciso ser persistente, levantar a cabeça e continuar seguindo em frente. Em nossa carreira haverá sempre os períodos de altos e baixos, por isto é preciso continuar andando. Se pararmos, nasce raiz em nossos pés”, ironiza.
Elza conta que em suas apresentações exalta a energia feminina como a provedora do atual cenário sociocultural mundial e já no título do show/CD, Deus é mulher, costura a história contada pelas canções deste disco.
HISTÓRIA
Elza viveu momentos tumultuados, como a união com o jogador Mané Garrincha, a perda de quatro filhos, incluindo Manoel Francisco, o Garrinchinha, morto em 1986, que teve com o ídolo da Seleção Brasileira.
Ela lembra-se que se arrumou toda, colocou seu melhor vestido e partiu para a aventura. “Quando adentrei o palco, fui questionada pelo apresentador, que ironizou: ‘De qual planeta você é?’. E eu respondi: ‘Vim do mesmo planeta que o senhor. Do planeta fome, seu Ary’. Foi um silêncio total, o auditório ficou mudo, assim como ele, que viu toda a sua ironia jogada por terra”, lembra. Recebeu seu primeiro cachê naquele dia, dinheiro que serviu para comprar remédios para o filho recém-nascido, que estava doente.
A partir dali, viu que era possível ter o velho sonho realizado e mergulhou fundo na carreira de cantora. “Tudo foi muito difícil, é claro. Saía escondida da família para cantar.
“No fundo, no fundo, ensinamos pouco e aprendemos muito. Tenho a certeza de que não mudaria as minhas ideias sobre a minha carreira. Porém, mudaria as de outras pessoas. Embora o Brasil seja um país rico, muitos continuam ainda vivendo no planeta fome. Infelizmente, ainda se rouba muito por aqui e isso faz com que muitos não tenham nem o que comer”, lamenta a cantora.
PREMIAÇÃO
Com diversos prêmios recebidos ao longo da carreira, Elza foi eleita em 1999 pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. Em 2016, ganhou o Grammy Latino, como Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, com o disco A mulher do fim do mundo, lançado em outubro 2015 pelo selo Circus. Naquele mesmo ano, a cantora foi também indicada pelo prêmio Melhor canção em língua portuguesa, com a música Maria da Vila Matilde, porém, não alcançou o primeiro lugar.
ELZA SOARES – DEUS É MULHER
Sábado (11), 21h30, no Sesc Palladium, na Avenida Augusto de Lima, 420, Centro, (31) 3270-8100. R$ 150 (inteira, plateia I), R$ 75 (meia-entrada, plateia), R$ 130 (inteira, plateia II), R$ 65 (meia-entrada, plateia II), R$ 52 (cliente Sesc), R$ 90 (inteira, plateia III), R$ 45 (meia-entrada, plateia III), R$ 36 (cliente Sesc). Ingressorapido.com.br.