Improvisar é fazer algo não planejado de antemão, usando o que pode ser encontrado. No contexto das artes, improvisação é uma performance muito espontânea, sem preparação específica ou roteiro pré-determinado. “O que me atrai é o inesperado. É arriscado, mas é sempre surpreendente”, afirma o violonista e guitarrista Matthias Koole. Ao lado do músico e fotógrafo experimental Henrique Iwao, ele criou, em 2013, o Q.I., Quartas de Improviso, projeto de improvisação livre, que, neste ano, realiza suas 11ª e 12ª temporadas.
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O planejamento inclui 20 apresentações nas duas temporadas – a 11º começou em 1º de maio e vai até 3 de julho, no Teatro Espanca!, no Centro, e a 12ª vai de 14 de agosto a 16 de outubro, na Galeria Mama/Cadela, em Santa Tereza – e três oficinas de disciplinas como música, dança e performance, que serão ministradas em vários centros culturais da prefeitura.
O projeto já percorreu diversos cantos de Belo Horizonte. O primeiro porto foi o antigo bar Nelson Bordello, próximo à Praça da Estação. “Passamos pelo Luthier Bar, pelo Maletta. A gente tem um público cativo e que só foi se expandindo. Um dos aspectos mais importantes é a regularidade do evento. Sempre tentamos realizá-lo na medida do possível. É mais um estímulo à vida cultural na cidade”, afirma. No Quartas de Improviso, pessoas de várias áreas, não somente artísticas, são convidadas a interagir com Koole, que toca guitarra e programa efeitos, enquanto Iwao toca seu instrumento de construção própria, a minitábua –uma tábua de madeira amplificada, na qual objetos diversos são operados. “O bacana é que tem gente de música, dança, vídeo, performance, literatura, até matemática e geologia, que pode fazer o que quiser. A experimentação tem, ao mesmo tempo, o aspecto da rebeldia e o de agregar”, avalia Koole.
Um dos destaques das temporadas 2019 é o número de mulheres participantes, que representam 50% dos artistas convidados. “A gente sempre procurou essa paridade. Acho que tem ser uma preocupação de qualquer evento, de qualquer área.”
PRIMEIRA VEZ
A programação desta quarta (9) traz dois bailarinos integrantes da Cia. Sesc de Dança, Maíra Campos e Maxmiler Junio. Além de cada um criar sua performance ao som de Matthias Koole e Henrique Iwao, eles dançarão juntos. “Só realizamos coreografias roteirizadas. Improvisar um com o outro será a primeira vez”, avisa Maxmiler, que, em 2016, levou o prêmio de melhor bailarino do Festival de Dança de Joinville, o mais tradicional do país e um dos mais importantes do mundo.
O bailarino conta que já chegou a participar do projeto uma vez, quando o Quartas de Improviso fez parte da programação do Festival de Cinema de Tiradentes. “Mas eu estava com outros colegas da Cia Sesc. De modo independente, será a estreia e estou bem entusiasmado”, diz. Junio afirma que, quando chegar ao local da apresentação, vai sentir a atmosfera e deixar a imaginação e a intuição fluírem. “Não dá para a gente preparar nada. O convite é para aquele momento. Improvisar na dança é também uma maneira de criar. Utilizo muito as bases da improvisação para as minhas coreografias. Na UFMG, onde faço licenciatura em dança, é uma das formas de estudo. Quem sabe até não surge algo novo nesse projeto de quarta.”
Quartas de Improviso
Nesta quarta (8), a partir das 19h, no Teatro Espanca! (Rua Aarão Reis 542, Centro). Iwao-Koole + Maíra Campos & Maxmiler Junio. Discotecagem de Miguel Javaral. Entrada franca.
Informações: (31) 3657-7349