Foi apoteótico – sem exagero. O rapper belo-horizontino Djonga, de 24 anos, fez um show impressionante no KM de Vantagens Hall, neste domingo (21), para marcar o lançamento de seu terceiro disco, 'Ladrão'. Fenômeno do hip-hop nacional e com 10 faixas inéditas, o álbum chegou às redes em 13 março e já bateu 40 milhões de visualizações no YouTube e Spotify, entre outras plataformas. Em 22 de março, os ingressos para a apresentação se esgotaram em apenas seis horas.
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Na tarde deste 21 de abril, o KM de Vantagens Hall, com capacidade para 5,5 mil pessoas, foi palco tanto de Djonga quanto de jovens negros. A música do rapper tanto celebra o orgulho e as vitórias dessa juventude quanto denuncia a violência contra os cidadãos da periferia e favelas no país. "Que porra de país é este? Dá 80 tiros e fala que confundiu?", disse o rapper em referência à recente tragédia ocorrida com um músico negro no Rio de Janeiro.
- Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
O show começou com um samba, a capela:"Respeite quem pôde chegar/onde a gente chegou". Depois veio 'Hat-trick':"Abram alas pro rei/abram alas pro rei/ me considero assim/ pois só ando entre reis e rainhas", hino do empoderamento dos jovens negros. Djonga recebeu vários convidados que participaram de seu disco: Felipe Ret, Sidoka, MC Kaio, Chris, Doug Now e Coyote Beatz, que levantaram o público. Um dos momentos mais bonitos foi quando ele levou para o palco o pai, Ronaldo Marques, a avó, Maria Eni, e o filho, Jorge, de 2 anos, logo depois de cantar 'Bença', faixa de 'Ladrão' dedicada à família e à luta da avó para criar as filhas. Dona Maria Eni, chorando, estava de terço na mão. A linda faixa, aliás, é encerrada com uma bênção dela para o neto e os ouvintes. O público veio abaixo neste "momento família". Rosângela, a mãe de Djonga, chegou abraçada ao rapper em outro momento, quando ele cantou 'A música da mãe', cujo clipe viralizou na internet – lançado em agosto, são 15,4 milhões de views até agora.
O público cantou absolutamente todos os raps do set list. As "pedradas" – 'Hat trick', 'Ladrão', 'Atípico', 'Ufa' e 'Esquimó', entre várias outras dos discos 'Heresia' (2017), 'O menino que queria ser Deus' (2018) e 'Ladrão' (2019) – se juntaram às românticas – 'Tipo', 'Solto' e a recente 'Leal', essa última dedicada por Djonga ao amor de sua vida, a estudante de cinema Malu Tamietti. Detalhe: com um "casa comigo" ao vivo e em cores.
SENSACIONAL
O momento mais poderoso do show foi a parceria de Djonga com os fãs em 'Olho de tigre', o megahit do rapper mineiro cujo refrão, "Sensação/ Sensacional/ Sensação/ Sensacional/ Firma/ Firma/ Fogo nos racista (sic)", se tornou marca registrada do rapper mineiro. O KM de Vantagens Hall tremeu (de verdade) enquanto o público cantava e pulava junto com Djonga. Ele pediu e a plateia atendeu, abrindo impressionante roda de bate-cabeça, de fora a fora da quadra. A máscara que remete à Ku Klux Klan foi pisoteada pela multidão. Esse foi apenas um dos vários momentos em que o público acompanhou o rapper: pôs as mãos para o alto, fez o "gesto pantera negra", pulou e rimou a valer. O presidente Jair Bolsonaro foi xingado a valer. "Vamos mudar o mundo, baby", convocou Djonga ao cantar 'Falcão', que fecha seu novo álbum.
O momento mais poderoso do show foi a parceria de Djonga com os fãs em 'Olho de tigre', o megahit do rapper mineiro cujo refrão, "Sensação/ Sensacional/ Sensação/ Sensacional/ Firma/ Firma/ Fogo nos racista (sic)", se tornou marca registrada do rapper mineiro. O KM de Vantagens Hall tremeu (de verdade) enquanto o público cantava e pulava junto com Djonga. Ele pediu e a plateia atendeu, abrindo impressionante roda de bate-cabeça, de fora a fora da quadra. A máscara que remete à Ku Klux Klan foi pisoteada pela multidão. Esse foi apenas um dos vários momentos em que o público acompanhou o rapper: pôs as mãos para o alto, fez o "gesto pantera negra", pulou e rimou a valer. O presidente Jair Bolsonaro foi xingado a valer. "Vamos mudar o mundo, baby", convocou Djonga ao cantar 'Falcão', que fecha seu novo álbum.
O rapper mineiro trouxe um convidado pra lá de especial ao show em sua cidade natal: Yuri Marçal, humorista negro que vem chamando a atenção do país com o stand up 'Coisa de preto'. As boas piadas do jovem carioca têm o racismo como alvo.
Visivelmente emocionado, Djonga fez um show histórico na "área dos boy", comprovando, mais uma vez, a força do rap mineiro – nunca é demais lembrar que o Duelo de MCs, referência do hip-hop nacional, chega agora à 11ª edição.
Mais uma vez ovacionado, Djonga convocou aquela multidão de jovens a ter orgulho de suas raízes, de sua origem e de sua cor. "Nunca se esqueçam de onde vieram. Daqui a pouco, você pode morar no Mangabeiras, no Leblon. Se foi dífícil chegar, não importa. Lembre-se de onde tudo começou, sempre. Árvore sem raiz não dá fruto", afirmou Djonga. Suas últimas palavras, neste domingo de Inconfidência Mineira, vieram do rap 'Esquimó'. A letra diz assim: "Sujeito homem fala/ Não manda recado/ Lei do cuidado, onde conversa fiado/ Onde tem quem acha graça zoar viado/ Eu acho engraçado um racista baleado/ Eu sou macumba/ o rival amaldiçoado/ Largando linhas/ Pra nem morto ser calado/ Largando linhas/ Pra nem morto ser calado."
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