O compositor e violonista Conrado Paulino nasceu em Buenos Aires e morou na Argentina até os 18 anos. Era 1978. Sob o comando do presidente Jorge Rafael Videla, o país enfrentava um momento difícil com a ditadura militar. O período foi marcado por repressão política, violações aos direitos humanos perseguição a opositores, censura, torturas e mortes. Foi para fugir desse contexto que Conrado deixou a família e se mudou de mala e cuia para Campinas (SP), onde um amigo portenho já vivia. “Foi ali que comecei a virar músico. Minha formação musical é toda brasileira. Mesmo quando morava na Argentina, as minhas influências sempre foram a MPB”, destaca o artista que reside em São Paulo.
A maior referência é sem dúvida Vinícius de Moraes en La Fusa, considerado o disco de música brasileira mais vendido na história da Argentina e que traz o poetinha ao lado de Toquinho e Maria Creuza interpretando clássicos como A felicidade, Canto de ossanha, Garota de Ipanema e Minha namorada.
O amor e a admiração de Conrado pelos nossos artistas é tamanho que ele acabou se tornado um expert no cancioneiro brasileiro e acaba de lançar o quinto álbum da carreira, A canção brasileira. O disco - disponível nos formatos físico e virtual - traz 12 canções. “Escolher o repertório diante de um universo tão abrangente é muito difícil.
Conrado conseguiu dar uma nova cara a clássicos como Todo sentimento (Cristóvão Bastos e Chico Buarque), Falando de amor e Tema de Gabriela (Tom Jobim), Sim ou não (Djavan), Menina da Lua (do compositor mineiro Renato Motha) e Dinorah, Dinorah (Ivan Lins e Vitor Martins). “Os arranjos são todos meus e acho importante dar esse toque criativo. Mas o grande desafio é respeitar o compositor e a melodia”, diz o violonista que tem um trabalho autoral. “O melhor compositor aparece no quarteto que leva o meu nome. Mas quem sabe não pinta um álbum só com canções minhas”, anseia.
Conrado começou a tocar num mercado que hoje está cada vez mais escasso: o de bailes.
TURNÊ
Apesar de ter morado mais tempo no Brasil do que na Argentina, Conrado Paulino carrega um pouco do sotaque. Ele diz que ainda há pessoas que estranham o fato de não ser um brasileiro legítimo e tocar e conhecer tão bem a nossa música. “Mas pra mim isso não existe. Ser brasileiro, ser argentino, não faz a menor diferença. É a mesma coisa de você ser ruivo, careca, negro, branco.
O show de lançamento de A canção brasileira ocorreu em São Paulo, mas Conrado pretende levar esse projeto para outros lugares, inclusive Minas. “Esse ano está bem complicado, ainda mais pra cultura. Músico tem que atacar em várias frentes. Tanto que, além do meu projeto solo e do quarteto que leva o meu nome, eu toco há vários anos com alguns artistas, como a Alaíde Costa. Mas é o que a gente gosta e sabe fazer. Então, vamos correr atrás”, frisa.
A canção brasileira
Conrado Paulino
12 faixas
Preço médio: R$ 30
Vendas na Discoplay (Rua dos Tupis, 70, Centro) e pelo site www.tratore.com.br.