Djonga anuncia show de 'Ladrão', em 21 de abril, com inteira a R$ 10

Rapper mineiro vai lançar seu novo álbum no KM de Vantagens Hall, em BH. Em apenas seis dias, as 10 faixas bombaram no YouTube, com 10 milhões de visualizações

por Ângela Faria 18/03/2019 22:00
Reprodução/Instagram
(foto: Reprodução/Instagram)
O rapper Djonga anunciou nesta segunda-feira (18), em sua página no Facebook e em seus stories no Instagram, que o show de lançamento de seu terceiro disco solo, Ladrão, está marcado para 21 de abril, no KM de Vantagens Hall, na Savassi, com ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). As vendas começam na sexta (22). O selo Ceia coordena o evento. Com 10 faixas inéditas, o álbum, que chegou à internet na quarta-feira (13), já soma 10 milhões de visualizações no YouTube. Sexta-feira (16), ele foi disponibilizado nas outras plataformas. 

Nome de ponta da cena contemporânea da música brasileira – há muito deixou de ser apenas “artista revelação” –, o belo-horizontino, de 24 anos, faz de seu hip-hop um contundente espelho da juventude negra neste século 21. O disco Ladrão denuncia o implacável apartheid social imposto pela escravidão, mas também se orgulha de ostentar conquistas e vitórias da geração de seu autor.  Quando canta que “fez Minas deixar de ser a terra do pão de queijo/ e virar terra do Djonga”, não se trata de um surto narcisista, mas da crônica de vitórias reais – dele e da moçada orgulhosa de sua negritude que vem conquistando espaço na arte, nas universidades, no mercado de trabalho e na sociedade brasileira.

“Eu sigo naquela fé/ que talvez não mova montanhas/ mas arrasta multidões/ esvazia camburões/ preenche salas de aula e corações vazios”, rima ele em Falcão, a última faixa do disco, lindamente encerrada pelo verso de Romaria na voz de Elis Regina. “Olho corpos negros no chão/ me sinto olhando espelho/ Corpos negros no trono/ me sinto olhando espelho/ Que corpos negros nunca mais/ se manchem de vermelho”, diz Djonga, num dos melhores momentos do disco.
Assis176, Bruna Serralha e Alvaro Benevente Jr./Divulgação
(foto: Assis176, Bruna Serralha e Alvaro Benevente Jr./Divulgação)
 
A nova voz 
Neste século 21, o rapper mineiro é a voz dos jovens pretos – assim como foi o Racionais, nos anos 1990/2000. Djonga constrói sua carreira – a partir de BH – nos palcos e na internet. Seu Ladrão é autobiográfico, expõe angústias e orgulhos. “O que adianta eu/ Preto rico em Belo Horizonte/ Se meus iguais não podem ter acesso à fonte?”, admite ele. “Meritocracia pra pobre/ É só se a frase for:/ Morreu porque mereceu!”.

“Ladrão busca de volta de quem pegou o que era da gente. Fomos nós que construímos este país”, resume o rapper, referindo-se, antes de tudo, aos negros. “Quem tem de mais é porque os outros têm de menos”, reforça. Esse “Robin Hood” do rap diz que rouba para “devolver a autoestima, o sentimento de dignidade e a alegria” a quem de direito. E não deixa barato. Filipe Ret, o convidado em Deus e o diabo na terra do sol, dispara: “É Brumadinho/ E Mariana na lama/ Indecência da grana/ Quem pensa apanha/ Fodam-se o capitão e o general/ O amor é o mais alto grau/ da inteligência humana”. Esta faixa é encerrada com belo coro da banda mineira Rosa Neon, empresariada por Djonga.

Hoje, o mineiro, que trabalhou como pedreiro e vendeu brigadeiros, é rapper premiado, depois de "ralar" muito. Respeitado por veteranos do hip-hop, como Mano Brown e Criolo, bomba na internet, ganha dinheiro, tem agenda cheia de shows. Ex-estudante de história da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), é empreendedor, investe em talentos de BH –  a banda Rosa Neon e o MC Doug Now. Garante, entusiasmado, que a rapaziada do Rosa está prestes a estourar. Djonga abriu um espaço de arte e tatuagem na Zona Leste.
Produzido pelo respeitado Coyote Beatz, coproduzido por Thiago Braga e masterizado em São Paulo por Arthur Luna,  o disco Ladrão conta com as participações de MC Kaio, Doug Now e Chris, além do rapper carioca Filipe Ret. A polêmica capa, que remete aos filmes do cineasta americano Jordan Peele (citado numa das faixas), mostra o rapper, coberto de sangue, segurando a cabeça decapitada de um integrante da organização racista Ku Klux Klan.

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