Nas últimas semanas, a moda nas redes sociais foi o “desafio dos 10 anos”. Internautas, incluindo celebridades, postaram fotos comparando como eram em 2009 e como estão agora. Se o Planeta Brasil entrasse na brincadeira, a retrospectiva mostraria sua estreia, há uma década, na Lagoa dos Ingleses, já com a proposta de reunir diferentes gerações e estilos da música brasileira. Sábado (26), o festival chega à sétima edição, na Esplanada do Mineirão, com estrutura e lineup bem mais robustos, incluindo astros do exterior.
No principal dos quatro palcos, a grande atração é o rapper norte-americano Wiz Khalifa, que coleciona indicações ao Grammy graças aos hits 'Black and yellow' e 'Wild, young and free', essa última gravada em parceria com Snoop Dogg e Bruno Mars. A lista de estrangeiros tem o DJ Kaskade, dos EUA, o duo de eletrônica Vini Vici, de Israel, e a banda californiana de “reggae-ska-punk” Slightly Stoopid. Formado em 1994 com a “bênção” do Sublime, esse grupo se apresenta no Planeta Brasil pela terceira vez.
Fazendo jus ao nome, o evento destaca várias gerações da música brasileira. Um dos shows mais especiais promete ser o do Raimundos. A apresentação marca a abertura da turnê comemorativa dos 25 anos do primeiro disco da banda brasiliense, lançado em 1994 pelo selo Banguela Records.
“Não posso dar muitos detalhes, senão estrago a surpresa, mas tocaremos todas do primeiro álbum, com o Fred na bateria. Mas se contar o resto, vou ter que te matar”, brinca o baixista Canisso, integrante da formação clássica, que estará (extraordinariamente) quase completa no palco – com exceção, claro, do ex-vocalista Rodolfo, que saiu do grupo em 2001 e se tornou evangélico.
RENOVAÇÃO Canisso diz que a proposta é “contar a história da banda” por meio das músicas, incluindo faixas de todos os lançamentos da discografia com 5 milhões de cópias vendidas. Ícone do rock pesado nacional e conhecido pelas letras despudoradas, o Raimundos, de acordo com o baixista, assiste à renovação de seu público. O sucesso, acredita ele, deve-se muito ao álbum de estreia.
“A gente teve sorte de, no primeiro disco, ter toda a liberdade de mostrar nosso som como ele era de verdade. Ninguém deu palpite, aparou aresta ou tentou suavizar a proposta. Como ele teve um êxito legal, isso deu legitimidade para continuarmos nessa linha”, argumenta o baixista. Por outro lado, Canisso reconhece que algumas letras, escritas em outro contexto, podem ser problemáticas hoje em dia, mas descarta eliminar qualquer uma delas do repertório.
CENSURA “Naquela época, não existia esse policiamento todo com o politicamente correto. A gente havia saído há pouco tempo da censura, que tirava as faixas dos discos. Nós testamos os limites daquela nova liberdade. Se colocar (as canções) hoje em dia fica completamente anacrônico, então é preciso contextualizar. No momento em que elas surgiram, era um pé na porta da censura”, explica Canisso. “Somos velhos dinossauros tentando andar devagarinho numa loja de cristais. Claro que alguns vão se quebrar.”
Também com muita bagagem na estrada do pop brasileiro, o Natiruts é outro destaque do festival. No entanto, apesar de quase contemporâneo, o grupo traz proposta sonora bem mais leve do que a de seus conterrâneos do Raimundos. Referência do reggae nacional, a banda divulga o disco 'I love', lançado em dezembro. Com nove faixas, o trabalho traz parcerias com Gilberto Gil (Verde do mar de Angola), Thiaguinho (Serei luz) e o neozelandês Logan Bell, da banda Katchafire (Mergulhei nos seus olhos).
“Estávamos vivendo um momento conturbado por causa da política, com o Brasil bem dividido. Esse disco veio como resposta, uma forma até de protesto da nossa parte, porque sentimos que faltava amor às pessoas. Até por isso ele tem esse título”, explica o baixista Luís Mauricio, natural de BH.
A banda entrou no estúdio para gravar apenas um single e saiu com um álbum. “Fazemos o resumo da nossa carreira. O reggae é o fio condutor do CD, mas com a nossa característica de mesclar outros estilos. Tem afrobeat, MPB, e vamos mostrar isso ao público, sabendo que ele quer ouvir os clássicos. Vamos fazer um show bem animado, com todo mundo cantando junto”, adianta.
NOVA SAFRA O Planeta Brasil 2019 contará com presenças de peso, como as dobradinhas Milton Nascimento/Criolo e Jorge Ben Jor/Céu, além de Seu Jorge. A nova safra da música brasileira terá espaço. Um exemplo é o Lagum. Formado há quatro anos, o grupo de Brumadinho, Região Metropolitana de BH, viu sua carreira decolar nos últimos anos, com direito a um empurrãozinho especial. Em plena Copa do Mundo da Rússia, Neymar compartilhou vídeo no Instagram com o single 'Deixa', lançado pelos mineiros meses antes.
“Foi uma doideira. Estávamos saindo do palco, em Diamantina, e nossos celulares começaram a tocar sem parar, com a notícia do Neymar. Não esperávamos, até porque ele estava na Rússia, com todos os focos de mídia do mundo virados para ele. Foi uma honra, um baita reconhecimento”, conta o vocalista Pedro Calais. A força do craque colocou a música, gravada com a cantora Ana Gabriela, entre as 50 mais ouvidas no Spotify em 2018.
O talento do quinteto e o estilo pop rock melódico, com letras amenas, abriram portas ao Lagum. “Ano passado, tocamos no Planeta Brasil, no palco reservado aos artistas locais. Agora estamos em um dos principais. Isso já demonstra a mudança que temos passado”, observa o vocalista. Alguns alinham a banda ao “rock fofo” ou ao “pop good vibes”. Os integrantes acham graça dos rótulos, mas preferem reforçar que não se enquadram em nenhum estilo. Também representam a cena mineira os rappers Djonga e Cynthia Luz.
Na música eletrônica, DJs internacionais de destaque terão como anfitriões Illusionize, Bruno Martini, Chemical Surf, Dubdogz, Bruno Be e Tropkillaz, em palco específico para o estilo. A escalação completa pode ser conferida no site www.festivalplanetabrasil.com.
PLANETA BRASIL 2019
Sábado (26), das 12h às 23h55. Esplanada do Mineirão. Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Ingressos/pista: R$ 260 (inteira, 2º lote) e R$ 130 (meia, 2º lote). R$ 280 (pista premium open bar/2º lote) e R$ 420 (camarote Land Spirit/2º lote). Vendas on-line: site Sympla, com taxa adicional. Informações: www.festivalplanetabrasil.com
saiba mais
Fazendo jus ao nome, o evento destaca várias gerações da música brasileira. Um dos shows mais especiais promete ser o do Raimundos. A apresentação marca a abertura da turnê comemorativa dos 25 anos do primeiro disco da banda brasiliense, lançado em 1994 pelo selo Banguela Records.
“Não posso dar muitos detalhes, senão estrago a surpresa, mas tocaremos todas do primeiro álbum, com o Fred na bateria. Mas se contar o resto, vou ter que te matar”, brinca o baixista Canisso, integrante da formação clássica, que estará (extraordinariamente) quase completa no palco – com exceção, claro, do ex-vocalista Rodolfo, que saiu do grupo em 2001 e se tornou evangélico.
RENOVAÇÃO Canisso diz que a proposta é “contar a história da banda” por meio das músicas, incluindo faixas de todos os lançamentos da discografia com 5 milhões de cópias vendidas. Ícone do rock pesado nacional e conhecido pelas letras despudoradas, o Raimundos, de acordo com o baixista, assiste à renovação de seu público. O sucesso, acredita ele, deve-se muito ao álbum de estreia.
“A gente teve sorte de, no primeiro disco, ter toda a liberdade de mostrar nosso som como ele era de verdade. Ninguém deu palpite, aparou aresta ou tentou suavizar a proposta. Como ele teve um êxito legal, isso deu legitimidade para continuarmos nessa linha”, argumenta o baixista. Por outro lado, Canisso reconhece que algumas letras, escritas em outro contexto, podem ser problemáticas hoje em dia, mas descarta eliminar qualquer uma delas do repertório.
CENSURA “Naquela época, não existia esse policiamento todo com o politicamente correto. A gente havia saído há pouco tempo da censura, que tirava as faixas dos discos. Nós testamos os limites daquela nova liberdade. Se colocar (as canções) hoje em dia fica completamente anacrônico, então é preciso contextualizar. No momento em que elas surgiram, era um pé na porta da censura”, explica Canisso. “Somos velhos dinossauros tentando andar devagarinho numa loja de cristais. Claro que alguns vão se quebrar.”
Também com muita bagagem na estrada do pop brasileiro, o Natiruts é outro destaque do festival. No entanto, apesar de quase contemporâneo, o grupo traz proposta sonora bem mais leve do que a de seus conterrâneos do Raimundos. Referência do reggae nacional, a banda divulga o disco 'I love', lançado em dezembro. Com nove faixas, o trabalho traz parcerias com Gilberto Gil (Verde do mar de Angola), Thiaguinho (Serei luz) e o neozelandês Logan Bell, da banda Katchafire (Mergulhei nos seus olhos).
“Estávamos vivendo um momento conturbado por causa da política, com o Brasil bem dividido. Esse disco veio como resposta, uma forma até de protesto da nossa parte, porque sentimos que faltava amor às pessoas. Até por isso ele tem esse título”, explica o baixista Luís Mauricio, natural de BH.
A banda entrou no estúdio para gravar apenas um single e saiu com um álbum. “Fazemos o resumo da nossa carreira. O reggae é o fio condutor do CD, mas com a nossa característica de mesclar outros estilos. Tem afrobeat, MPB, e vamos mostrar isso ao público, sabendo que ele quer ouvir os clássicos. Vamos fazer um show bem animado, com todo mundo cantando junto”, adianta.
NOVA SAFRA O Planeta Brasil 2019 contará com presenças de peso, como as dobradinhas Milton Nascimento/Criolo e Jorge Ben Jor/Céu, além de Seu Jorge. A nova safra da música brasileira terá espaço. Um exemplo é o Lagum. Formado há quatro anos, o grupo de Brumadinho, Região Metropolitana de BH, viu sua carreira decolar nos últimos anos, com direito a um empurrãozinho especial. Em plena Copa do Mundo da Rússia, Neymar compartilhou vídeo no Instagram com o single 'Deixa', lançado pelos mineiros meses antes.
“Foi uma doideira. Estávamos saindo do palco, em Diamantina, e nossos celulares começaram a tocar sem parar, com a notícia do Neymar. Não esperávamos, até porque ele estava na Rússia, com todos os focos de mídia do mundo virados para ele. Foi uma honra, um baita reconhecimento”, conta o vocalista Pedro Calais. A força do craque colocou a música, gravada com a cantora Ana Gabriela, entre as 50 mais ouvidas no Spotify em 2018.
O talento do quinteto e o estilo pop rock melódico, com letras amenas, abriram portas ao Lagum. “Ano passado, tocamos no Planeta Brasil, no palco reservado aos artistas locais. Agora estamos em um dos principais. Isso já demonstra a mudança que temos passado”, observa o vocalista. Alguns alinham a banda ao “rock fofo” ou ao “pop good vibes”. Os integrantes acham graça dos rótulos, mas preferem reforçar que não se enquadram em nenhum estilo. Também representam a cena mineira os rappers Djonga e Cynthia Luz.
Na música eletrônica, DJs internacionais de destaque terão como anfitriões Illusionize, Bruno Martini, Chemical Surf, Dubdogz, Bruno Be e Tropkillaz, em palco específico para o estilo. A escalação completa pode ser conferida no site www.festivalplanetabrasil.com.
"Somos velhos dinossauros tentando andar devagarinho numa loja de cristais”
>> Canisso, baixista do Raimundos
>> Canisso, baixista do Raimundos
PLANETA BRASIL 2019
Sábado (26), das 12h às 23h55. Esplanada do Mineirão. Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Ingressos/pista: R$ 260 (inteira, 2º lote) e R$ 130 (meia, 2º lote). R$ 280 (pista premium open bar/2º lote) e R$ 420 (camarote Land Spirit/2º lote). Vendas on-line: site Sympla, com taxa adicional. Informações: www.festivalplanetabrasil.com