O novo ano começa oficialmente hoje para Paulo Miklos. Isso porque o cantor, compositor e, mais recentemente, ator e apresentador está completando 60 primaveras neste 21 de janeiro. “Sessenta anos é uma data redonda, sem dúvidas tem uma importância. Acho que é a maturidade que a gente alcança depois de uma longa adolescência, pelo menos no meu caso (risos)”, comenta o artista.
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Na trama de Aguinaldo Silva, Paulo Miklos experimenta seu primeiro papel de destaque na teledramaturgia. Sua primeira incursão em folhetins foi como Kid Kadillac, em Bang bang (2005), mas, como na época ele estava lançando um disco com os Titãs, o personagem foi menor. “Agora o trabalho é bem intenso, fica mais corrido de conciliar os shows, mas estou muito feliz. É um barato fazer a novela. É um trabalho muito especial, com uma característica muito especial, que é trabalhar para construir o personagem enquanto ele está vivendo e o público acompanhando. Tudo o que a gente faz e grava vai ao ar dias depois, então, o personagem parece estar vivo, se desenvolvendo aos olhos do público”, analisa.
Jurandir é um homem rígido e que se autointitula um “católico fervoroso”. Tem uma única filha, Elisa (Giullia Buscacio), a quem ele cria com pulso firme, já que deseja que ela siga o seu exemplo e tenha uma vida religiosa. O músico gosta de interpretar uma figura tão peculiar e, ao mesmo tempo, diferente de sua personalidade. “Mas sou muito parecido em alguns pontos, principalmente na história de vida. Minha mãe era muito católica, o que serve de inspiração pra mim. Ele é um viúvo que passou por várias coisas na vida e, por isso, é muito fechado para os outros e para o amor. Jurandir tem uma interpretação muito difícil do que se passa com ele, não entende que está atraído, que tem uma paixão e, então, se agarra nessa fé e acha que existe uma conspiração para isso”, afirma o ator, acrescentando que “o personagem traz uma discussão muito atual sobre crença, do que imaginamos que seja o mundo”.
Na narrativa da novela, aos poucos, o beato vai começar a se soltar e a se permitir mais. A responsável por essa virada é Milu (Zezé Polessa), espécie de bruxinha da fictícia cidade de Serro Azul e uma das guardiãs da trama. Aliás, a canção tema do casal é Princípio ativo, parceria de Miklos com a cantora Céu. Nesta semana, deve ir ao ar uma sequência em que, após tomar um misterioso chá, Jurandir vai passar a ter atitudes bem ousadas. A filha vai achar que ele está possuído pelo demônio e pedirá ajuda. É então que Milu entra na casa do religioso, os dois não resistem à atração, vão se beijar e acabar na cama. “Ele vai ter um romance com a Milu, que é uma esotérica, e isso é um complicador para ele, porque não entende como está se sentindo atraído por algo que vai contra a sua fé. Então, ele vive essa contradição e, aos poucos, vai ceder a essa paixão, mesmo não entendendo muito como funciona, porque a paixão é mais forte”, explica.
ESTREIA Músico por dom e ofício, Paulo Miklos se revelou como ator ao ser convidado pelo diretor Beto Brant para ser o protagonista do filme O invasor (2001). O longa-metragem colecionou prêmios em vários festivais e, em 2015, entrou para a lista dos 100 melhores filmes nacionais de todos os tempos da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). A partir de então, os convites não pararam. Atuou nos longas Boleiros 2 – Vencedores e vencidos (2006); Estômago (2007), É proibido fumar (2009) e Carrossel 2 – O sumiço de Maria Joaquina (2016), além da TV, nas séries Força-tarefa (2009) e Sob pressão (2017), na Globo, e Sessão de terapia (2012), no GNT.
No fim de 2016, estreou nos palcos, interpretando o ícone do jazz norte-americano morto em 1988, em Chet Baker, um sopro, espetáculo, que teve curta temporada no CCBB-BH e volta à cidade em maio. “Devo retornar com ela para fazer mais algumas cidades e também o interior, porque gosto muito dessa peça e ela foi muito bem recebida pela crítica e pelo público”, conta, revelando que pretende trabalhar em um novo disco – o mais recente foi o elogiado A gente mora no agora, de 2017.
Além de continuar no ar em O sétimo guardião até junho e voltar com a montagem teatral, Miklos participou de dois filmes já rodados e ainda sem data para estrear – O clube dos anjos, de Angelo Defanti, e O homem cordial, de Iberê Carvalho. Sobre a combinação de música e interpretação, ele defende que as duas artes se interagem. “Como ator, tenho esse histórico de intérprete das canções, a maneira como sempre busquei cantar as canções e vestir as músicas... Foi esse fio condutor que me levou a atuar e cantar novas canções no teatro, na TV e no cinema, e os personagens são como as canções”, comenta.
Questionado sobre o que lhe dá mais orgulho em sua trajetória, Miklos ressalta que gosta de olhar para trás e perceber que foram muitas as aventuras em suas seis décadas de vida. No entanto, o gosto por novos desafios segue vibrante. “Levei minha vida sempre assim, rodeado de muitos talentos e amigos na música, no teatro e na novela. Estou muito feliz.”