Aos 69 anos, Serginho Trombone já tinha credenciais despencando do cabide. Depois de começar ao lado do pianista Dom Salvador e de seu grupo de música afro-brasileira Abolição, no começo dos anos 1970, passaria seus sopros por uma lista sem fim. Tim Maia, Jorge Benjor, Gilberto Gil (os três ‘grooveiros’, como ele chama), Rita Lee, Barão Vermelho, Sidney Magal, Luiz Melodia, Alcione, Ed Motta, Antônio Adolfo, Lenine, Sandra de Sá e Lincoln Olivetti, entre muitos outros.
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Quebrada Queer desafia o preconceito com rap de temática LGBT Zeca Baleiro promete novidades em show neste sábado em Belo HorizonteSkip Jack volta com tudo e lança primeiro álbum hoje em BHTitane faz homenagem ao compositor baiano Elomar em concerto na capitalO álbum Tromboneando não é o primeiro. Sua estreia solo é de 1992, quando gravou todos os instrumentos e fez as programações eletrônicas, inclusive de bateria, para Avec elegância.
A ideia agora veio junto com o homem que passou todo o tempo querendo que o disco acontecesse. “Só disse a ele que queria que, dessa vez, a bateria fosse real, e não programada”, diz Frejat. Quando o som começou a ganhar forma, Serginho reconheceu “É por aí mesmo.” “Ele já tinha as músicas formatadas, é um outro nível de trabalho. Serginho é criador de uma linguagem e merecia esse disco.”
Serginho Trombone fez de fato um álbum mais humano que eletrônico, embora os teclados estejam sempre por ali. Apenas duas são regravações. Primavera, de Cassiano e Silvio Rochael, um dos maiores clássicos de Tim Maia, tem as cordas coladas em um improviso de trombone de “responsa”. “Esse arranjo ainda será objeto de estudo para muitos músicos por anos, tenho certeza”, escreveu Frejat em um texto de apresentação do disco.
A outra é O caminho do bem, lançada em 1976 no álbum Tim Maia Racional Volume 2, recobre o momento que Trombone também considera o melhor musicalmente de Tim.
A versão de hoje sai com novas linhas de sopros e um baixo assumindo primeiro o refrão que logo será cantado por vozes de Frejat e de outros integrantes. É vibrante e não deixa perder a sonoridade setentista mesmo sendo muito mais cheia e um pouco mais acelerada do que a original. A ficha técnica mostra 14 músicos, entre eles Paulinho Guitarra (velho parceiro dos anos de Tim), Jessé Sadoc (trompete e vocal) e Altair Martins (trompete e voz).
As novas músicas fazem um sobrevoo sobre o pensamento de Serginho Trombone e um pouco do que ele colheu pelo caminho. Os teclados de Lincoln Olivetti são presenças ainda que menos fortes.
Alçapão é a porção da latinidade, pouco associada ao músico. Tem Paulo Braga na bateria e Cesinha na percussão. E Escola real, o samba do disco, faz lembrar das gafieiras, a entrada dos naipes de metais da música brasileira bem antes da soul music feita aqui absorver essa mão de obra. Claudio Jorge foi chamado por Frejat para fazer o violão de sete cordas. A única faixa que tem Frejat é Tromboneando, o nome do disco, que ganha riffs cortando os grooves acelerados dos metais. Uma viagem.
Serginho Trombone foi se adaptando às mudanças. Quando os teclados chegaram nos anos 1980, como criaturas abocanhando guitarras, baterias, sopros e tudo o que passou a ser assumido por suas programações, Serginho não se acanhou.
TROMBONEANDO
. De Serginho Trombone
. Canal 3
. Preço médio: R$ 25
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