Ela está de volta. Depois de três anos afastada dos palcos belo-horizontinos, principalmente por causa do nascimento de Madalena, sua primeira filha, Pitty traz ao Hangar 677 a turnê Matriz. “A apresentação está sendo definida como intimista, mas não acho que seja o caso. É um show de rock mesmo, com algumas músicas antigas, outras mais recentes e algumas inéditas”, afirma. No show desta sexta-feira (23), ela estará acompanhada de Martin Mendonça (guitarra), Gui Almeida (baixo), Paulo Kishimoto (teclados) e do marido, Daniel Weksler (bateria).
Em vez de lançar um álbum para depois apresentá-lo em turnê, Pitty decidiu fazer o caminho inverso. “Está sendo uma experiência incrível, pois o show auxilia a construção das próximas músicas. É uma oportunidade de realmente experimentar a criação coletiva, construir o álbum com o público, observando o que funciona e o que pode ser melhorado”, explica.
Conciliar palco e maternidade é algo que evolui gradativamente, afirma a roqueira. “Ainda lido com sair pra tocar e ter que deixar minha filha em casa, pensar em com quem ela vai ficar...
Para Pitty, uma das tarefas mais difíceis é selecionar músicas antigas para o repertório do show. “Escolho com base no que o público mais gosta e se identifica, mas também pensando em canções artisticamente importantes para o momento que estamos vivendo. Fiz questão de incluir Desconstruindo Amélia por conta do cenário político atual”, afirma.
RETROCESSO
Ao comentar o fortalecimento do conservadorismo no cenário político, Pitty recomenda atenção e força para evitar retrocessos. “Muitas lutas avançaram consideravelmente nos últimos anos. Tanta transformação não deve ser apagada de uma hora pra outra”, pontua.
Pitty é conhecida por se posicionar politicamente em entrevistas e nas redes sociais, principalmente no que diz respeito à causa feminista. Em 2005, um tweet dela viralizou na internet.
A cantora se preocupa, especialmente, com ataques a artistas e ao setor cultural. “Muitas das informações que circulam são falsas. Eu, por exemplo, nunca recebi verba da Lei Rouanet. Esse incentivo vai muito mais para instituições do que para pessoas específicas. Quando a gente fala de cultura, estamos falando de museus, quadros, literatura, cinema… É muito amplo. Tenho medo de que a desinformação transforme a arte, que é gigante, em algo pequeno”, conclui.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
PITTY
Hangar 677.