Almir Sater e Renato Teixeira se mantêm fiéis às raízes no show que farão neste sábado em BH

Dupla divulga repertório de disco que reúne clássicos da música sertaneja e inéditas

por Francelle Marzano 20/10/2018 09:21
Eduardo Galeno/divulgação
Almir Sater e Renato Teixeira formam a dupla de raiz do sertanejo nacional (foto: Eduardo Galeno/divulgação)

“Ando devagar/ Porque já tive pressa/ E levo esse sorriso/ Porque já chorei demais”. Clássicos como Tocando em frente, acompanhados da famosa viola caipira de 10 cordas, darão o tom do show deste sábado (20), no KM de Vantagens Hall. Almir Sater e Renato Teixeira trazem a BH a turnê do disco +AR (Universal).

Almir Sater promete repertório com sucessos da dupla, além das inéditas do álbum lançado em março. “É claro que tem Romaria e Chalana, pois elas não podem faltar em um show nosso. A apresentação em BH terá um pouco disso e várias parcerias nossas, mas metade do repertório traz músicas de nossos dois últimos discos”, explica Sater. Ele se refere a AR e também a AR (2015), que ganhou o Grammy Latino.

“Eu e o Renato somos parceiros de longa data. Temos as nossas carreiras independentes, mas sempre compomos juntos. O mais interessante é que todas as canções que fizemos foram gravadas. O AR veio completar essa trajetória”, revela.

As faixas do novo disco são assinadas pelos dois violeiros, que se mantêm fiéis às raízes sertanejas. O repertório reúne Flor do Vidigal, Assim os dias passarão, Venha me ver, Touro mocho, Quando a gente chama e Minas é logo ali, entre outras. O CD mantém o sotaque caipira, trazendo modão de folk à brasileira e também a mistura de rock e MPB.

Gravado na Serra da Cantareira, em São Paulo, e em Nashville, berço do country norte-americano, o disco traz influências do americano Eric Silver, que assina uma composição com os brasileiros.

STREAMING

O primeiro AR demorou mais de três anos para ficar pronto, pois ele e Renato enfrentaram a frustração com o mercado fonográfico. Aliás, Almir não se entusiasma com redes sociais e streaming, que revolucionaram o mundo da música. “Acho mais sem graça. Quase não temos álbuns físicos, tudo fica salvo na nuvem. A venda de discos praticamente acabou. Só se faz disco físico para prestigiar fã. Confesso que essa mudança inibe a minha criação. Sempre gostei do disco em si, acho a nova forma muito impessoal”, comenta. Porém, o violeiro admite: “A internet ajudou a disseminar a arte. Hoje, é fácil ter acesso a todos os trabalhos, mas fico um pouco inibido com isso”.

Almir se mantém fiel às influências que marcaram seu início de carreira, há três décadas. Entre elas estão o inglês Eric Clapton, a música latino-americana, os violeiros “mais puros”, a country music e, principalmente, o folk. Ele não se interessa pelo neosertanejo que domina as paradas de sucesso brasileiras.

“Sempre houve várias vertentes no sertanejo e na música caipira. Quando comecei, também trouxe algo diferente e todos me receberam bem. Pra mim, tem de ser assim até hoje. Não acompanho o trabalho desse pessoal mais novo, mas eles conseguem emocionar o público. Se o artista consegue tocar as pessoas de alguma forma, isso significa que faz boa música. Tem espaço para todos”, conclui.


ALMIR SATER E RENATO TEIXEIRA

KM de Vantagens Hall. Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, (31) 3209-8989. Neste sábado (20), às 22h. Pista: R$ 150 (inteira/3º lote). Meia-entrada na forma da lei. Mesas/4 lugares: R$ 1 mil, R$ 900, R$ 800 e R$ 700.

PAI-CORUJA

Conhecido por atuar nas novelas Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão e O rei do gado, Almir Sater fala com orgulho do filho, Gabriel Sater, violeiro como ele e protagonista do longa Coração de cowboy, lançado este ano. “Tecnicamente, é um filme muito bonito e o Gabiel foi muito bem. Ele se jogou. Me surpreendeu o quanto cresceu como ator. Fez uma novela na Globo, depois numa peça de teatro e agora cinema. Ele se dedicou muito”, elogia. O pai-coruja se refere a Pedacinho de chão (Globo), exibida em 2014, e à peça Nuvem de lágrimas – O musical, que estreou em 2015.

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