Nesta sexta (31), é a vez de a atriz e cantora Maria Tereza Costa subir ao palco em Sem medo de ser Elis. O espetáculo perpassa toda a trajetória da gaúcha, contemplando a pluralidade de seu repertório, seus posicionamentos políticos e a vida pessoal. “Não é uma biografia, trato do discurso da Elis. Ela é uma mulher com vida e discurso extremamente atuais. Ao longo do espetáculo, faço uma ponte com coisas por que ela passou e que se aplicam, hoje, à minha vida e à minha profissão”, afirma a mineira de Campos Altos, radicada em BH. O desejo de brilhar como cantora fez Elis sair de Porto Alegre, onde nasceu, e tentar a vida no Rio de Janeiro, onde se tornou um dos nomes fundadores da MPB.
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O título de seu espetáculo não é apenas uma alusão aos versos de Como nossos pais, mas fala também da importância de Elis Regina como a primeira referência artística para Isabela. Ela leva aos palcos sua história de aprendizado e admiração pela musa, que teve início ainda na infância. “Ainda hoje, sigo aprendendo coisas com Elis, como a entrega no palco, o estar sob os holofotes e o entendimento de que cada momento de um show é único e é preciso estar sempre entregue”, afirma.
A homenagem se estende ao cenário e ao figurino do espetáculo, que fazem referência à estética do disco Elis, essa mulher (1979) e aos trajes usados pela cantora no Festival de Montreaux, no mesmo ano. Isabela não se limita a imitar trejeitos – como o balançar dos braços, que rendeu a Elis o apelido de Hélice Regina. “Busco a expressividade da Elis, sem me preocupar em ficar parecida. Procuro remeter à interpretação, porque, se eu me preocupasse em imitá-la, não levaria a minha verdade ao palco e falharia com aquilo que Elis tinha de melhor”, afirma a cantora.
Isabela ressalta a força de Elis, usada, além da performance visceral, para questionar costumes e a política de sua época.
Em seu set list, Isabela fez questão de incluir Mestre sala dos mares, gravada na década de 1970, mas que ainda retrata as contradições brasileiras. “Por ter um repertório tão rico, é gratificante e delicioso para um intérprete reviver essas canções. É também muito desafiador, o que torna a experiência ainda melhor.”
De coisas que aprendi com Elis fará turnê pelo interior de Minas. O show desembarca em Itabira no final de outubro e parte para Capitólio e Varginha em novembro.
REDESCOBRIR “Elis é uma dessas artistas que nunca vão morrer, por ser quem era e pelas bandeiras que carregava. Não era só a competência – que ela tinha –, mas aquela alegria, força e energia não se vê em mais ninguém. Era um fenômeno da natureza e por isso continua reverberando até hoje”, avalia a cantora Carol Serdeira, que, ao lado de Malvina Lacerda, interpreta o repertório de Elis no show Redescobrir.
A cada temporada desse projeto elas pretendem homenagear músicos que foram referências na formação de cada uma. “Nosso desejo era começar com algum artista que compartilhasse daquilo que nós acreditamos. E a Elis é uma mulher que representa absolutamente tudo. Ela falava de coisas politicamente importantes, como aborto e feminismo, muito antes de esses assuntos se tornarem populares”, afirma Carol.
A apresentação – que leva o nome da canção de Gonzaguinha, famosa na voz de Elis – estreou no início do mês, na programação do Savassi Festival. No palco, elas se distanciam da interpretação da homenageada e apresentam releituras de suas músicas, com direito a novos arranjos.
O repertório selecionado para o show dialoga com a identidade musical da dupla. Além de privilegiar o “lado A” do repertório de Elis, elas escolheram letras mais emotivas, caso de Romaria, composição de Renato Teixeira. Ouça:
“Começamos (o projeto Redescobrir) do melhor e do pior jeito”, brinca Carol. “Por ser uma das maiores cantoras brasileiras, ela tem o repertório mais difícil de se interpretar. Tudo que ela cantava ficou marcado pelo jeito e pela personalidade dela. Elis cantava de tudo, desde samba até uma pegada mais roqueira, e fazia isso tão bem que as pessoas vão ao show querendo ouvir todas as fases da sua carreira.”
O primeiro álbum da dupla já está disponível nas plataformas digitais. Em setembro, elas também iniciam turnê pelo interior de São Paulo e de Minas Gerais, onde passarão por Viçosa, Juiz de Fora e Diamantina. A temporada deve chegar ao fim no primeiro semestre de 2019, com um segundo show em BH.
SEM MEDO DE SER ELIS
Espetáculo de Maria Tereza Costa. Sexta-feira (31/8), às 20h30, no Teatro Francisco Nunes.