Música nova, música velha, datada, atemporal. Música para dançar e para ouvir. O ecletismo marca a programação da segunda edição do Breve Festival, sábado (24) e domingo (25), no Mirante Beagá. Isso fica claro no line up – encabeçado por Pabllo Vittar, Caetano Veloso (com os filhos Moreno, Zeca e Tom), Mano Brown e BaianaSystem. A seleção é pautada pela pluralidade – e atualidade. Faz sentido reunir esses nomes em um festival? Pelo menos nos dias de hoje, sim.
Pedro Paulo Soares Pereira, de 48 anos, vem reaprendendo a lidar com a carreira três décadas depois da criação do Racionais MCs. Boogie naipe, primeiro álbum solo de Mano Brown, já tem dois anos.
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Breve Festival ocupa Mirante Beagá com 13 horas ininterruptas de música Cantora Iza estreia turnê do seu primeiro disco, 'Dona de mim', em BH Festival em BH terá Caetano Veloso, Pablo Vittar e Mano BrownCantor paulista Jão lança seu primeiro álbum, 'Lobos'É um show-baile, com referência em nomes como James Brown, Leon Ware e Earth, Wind & Fire, “que têm mais a ver com a minha geração do que com a de hoje”, continua Brown.
De acordo com o rapper, “alguns fantasmas” rondaram seu disco solo. “Um era o fim do Racionais, diziam que tinha feito o disco para matar o grupo. Não, nem de longe é isso. Este show é o início do Racionais, pois quando formamos o grupo, os quatro (integrantes) tinham como base o funk e o soul. Só que a informação chega deturpada. Acharam que o Boogie naipe era pop, vendido, playboy, enquanto o Racionais era favela.
AMIGOS
E o Racionais, que deu oficialmente um tempo em janeiro, volta ou não? “A maior vitória do Racionais é que os quatro (Edi Rock, Ice Blue e KL Jay, além de Brown) são amigos até hoje. A gente não tá ligado um ao outro por causa do grupo, mas porque se gosta. O Racionais não vai voltar para alimentar a indústria. Se tiver espaço para mostrar a nossa verdade, não a verdade que vende views, mas a verdade real, verdadeira, voltamos”, avisa.
Para encerrar o assunto Racionais, Brown afirmou, ao ser questionado pela repórter, ter “acabado de saber” que Edi Rock havia assinado com a Som Livre, na semana passada, para lançar um álbum solo. “Som Livre é Rede Globo. Tô surpreso, mas não julgo. Jamais faria isso, não sei quais motivos levaram ele até lá.
Voltando a Boogie naipe, Brown, acostumado ao rap, teve que se virar para cantar. Admite ter errado muito. “Peguei aula de canto e meu professor falou que fazia tudo errado. (Antes dos shows) Bebia gelado, fumava, conversava muito, comia chocolate. Na hora, ficava rouco. Tive que me aprimorar para acompanhar o show. Montei toda a ideia da banda, chamei pessoas para executar. Mas algumas coisas tem de ser eu cantando mesmo”, revela.
DJONGA
O Breve convocou dois nomes de responsa do hip-hop para o palco. No sábado, a prata da casa Djonga se apresenta durante a tarde. Rapper de BH mais importante da atualidade, ele é elogiado por Rincon Sapiência, atração de domingo.
Como ele se apresenta no último dia do festival, não haverá dobradinha com Iza (atração do sábado). Rincon participou da gravação de Ginga, single da cantora, lançado no primeiro semestre. No palco, acompanhado de sete instrumentistas, ele faz o show do álbum Galanga livre (2017).
“Estou com números novos, bem positivos. Trago o lado afro nas percussões”, comenta Sapiência, que fez o denominado afrorap.
“Rap é um gênero musical norte-americano. Minha pesquisa é de um pouco atrás, antes de ele chegar na América do Norte. Fui atrás da África, das cantigas de perguntas e respostas, da contação de histórias, da dança. Muitas coisas aconteciam na África antes de existir o rap”, informa.
Diante disso, os raps de negro e de branco são diferentes? “Naturalmente, pois o preto vive em outro contexto familiar, geográfico, histórico, espiritual. A vivência do homem e da mulher pretos é diferente e o rap é uma manifestação muito pessoal, diferente de outros gêneros”, acrescenta Sapiência.
MINAS NA PISTA
Além de Djonga, o Breve destaca outros jovens artistas mineiros, inclusive DJs que tocarão nos intervalos dos shows. Julia Branco, vocalista do grupo Todos os Caetanos do Mundo, acabou de lançar seu primeiro álbum solo, Soltar os cavalos, e se apresenta no domingo. A dupla Julie & Gent é atração de sábado.
Há ainda quatro bandas daqui: as indies Young Lights e Teach Me Tiger abrem, respectivamente, a programação de sábado e de domingo.
“Vamos fazer um set especial para abrir o festival no domingo. Vai ter algo de solar, mas sem perder o tom soturno”, comenta Chris Martins, vocalista do Teach me Tiger. Nascido como duo que mistura trip hop, rock e dream pop (o outro integrante é o belga radicado em BH Yannick Falisse), o Teach me Tiger está se apresentando com um baterista convidado, Ciro Trevisan. “Aí temos bateria tanto acústica quanto eletrônica, nossa aposta desde sempre”, conta Chris.
Com um álbum lançado, Two sides (2016), eles já estão mostrando novas músicas – a intenção é gravar o segundo disco em breve. “Daquele tempo pra cá, ficamos muito em movimento, o que é meu interesse enquanto artista. Não temos amarra com nenhum tipo de som, queremos a possibilidade de experimentar sempre”, conclui Chris Martins.
PROGRAMAÇÃO
» Sábado
16h – Young Lights
16h40 – Zeu
17h10 – Djonga
17h50 – Ed
18h20 – Carne Doce
20h10 – Julie & Gent
20h40 – Mano Brown
21h40 – Dede SantaKlaus
22h10 – Iza
23h10 – Disputa Nervosa
23h40 – Pabllo Vittar
00h40 – Devise
1h10 – Tropkillaz
» Domingo
15h – Naroca
15h40 – Teach Me Tiger
16h20 – JP
16h50 – Dônica
17h30 – Julia Branco
18h – Luedji Luna
18h50 – Disputa Nervosa
19h20 – Rincon Sapiência
20h20 – Loquaz
20h50 – Caetano Veloso e filhos
22h10 – Daparte
22h40 – BaianaSystem
BREVE FESTIVAL Sábado (24) e domingo (25), a partir das 15h. Mirante Beagá, Rua Gabriela de Melo, s/nº, Olhos D’Água. Ingressos a partir de R$ 70 (por dia) e R$ 120 (passaporte para os dois dias). Valores para meia-entrada válidos para qualquer pessoa (mediante doação de 1 kg de alimento ou de um livro), além de estudantes e idosos. Ingressos à venda no site sympla.com.br
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