Amar e mudar as coisas” é mais que um verso da música Alucinação, um dos grandes sucessos de Belchior (1946-2017). O trecho traduz o legado deixado pelo compositor, cujas letras eram marcadas por romances à flor da pele e contestações sociais. Autor de melodias imortais e alvo, atualmente, dos mais diversos tributos, pode-se dizer que o rapaz latino-americano nunca esteve tão vivo. Prova disso é o show de Karina Buhr, Marisa Orth e Taciana Barros em tributo ao músico cearense, que será apresentado em BH nesta sexta-feira (17).

O projeto teve início há um ano, quando Taciana foi chamada para se apresentar no lançamento da biografia do artista escrita pelo jornalista Jotabê Medeiros, Apenas um rapaz latino-americano (Editora Todavia), em São Paulo. A apresentação, pequena e intimista, evoluiu para um show, inicialmente integrado por Karina Buhr e Ana Canãs, que circulou pelo interior paulista e fez as cantoras quererem seguir na estrada.

Nesta temporada, Ana Cañas cedeu espaço para Marisa Orth, entusiasta do trabalho de Belchior. “Ele era uma cara da minha geração, da época em que eu começava a conhecer música. Gostava das canções na voz dele e também em outras vozes. Belchior se tornou trilha sonora da minha vida. Com o tempo, infelizmente, ele saiu de moda, mas tem sido um prazer reouvi-lo, cantar e tocar de novo esse repertório”, afirma Marisa.

Coube a ela um repertório desafiador: letras eternizadas na voz de Elis Regina, como Velha roupa colorida e Como nossos pais. Ciente de sua responsabilidade, Marisa diz não ter intenção de, para se aproximar da verve dramática da Pimentinha, levar aos palcos a mesma intensidade com que apresentava Romance, seu show solo. “A proposta agora é valorizar a composição, então não posso prometer intensidade. Consigo me controlar, você vai ver (risos).”

MERGULHO Responsável pela concepção de Amar e mudar as coisas desde sua fase embrionária, a cantora Taciana Barros diz que o espetáculo é um mergulho no universo de Belchior. Mais que contemplar seu legado artístico, a intenção é prestar um tributo à trajetória do artista. A atriz Natália Barros faz uma participação poética, relembrando fases da carreira do artista e fazendo leitura dramática de algumas composições – como Coração selvagem.

O show ainda reserva espaço para outros sucessos, como A palo seco, Divina comédia humana e Paralelas. “Mergulhar na obra do Belchior modificou minha cabeça”, diz Taciana. “Foi muito importante estudar as harmonias, as diferenças de uma gravação para outra e entender como funcionava a cabeça desse gênio compositor. É incrível como ele muda uma notinha e, assim, consegue valorizar toda uma frase.”

Ela compara Belchior a expoentes estrangeiros como David Bowie e Bob Dylan. “Ele sempre teve questões existenciais. Sua poesia é muito profunda, algo que entendemos lendo a biografia. Belchior traz uma bagagem pesada em todas as suas composições. Por baixo daquelas linhas, há um mundo de informação, amor, insatisfação e contestação – tudo o que a gente é. Por isso todos se emocionam tanto com o show, porque Belchior toca nas nossas feridas e desejos.”

Para se apresentar em BH, Taciana pediu a bênção de Sylvio Rosa, vocalista do bloco Volta, Belchior, que fará participação especial no show desta noite. Também estarão no palco Zéli Silva (baixo acústico) e Estevan Sinkovitz (guitarra e violão).

AMAR E MUDAR AS COISAS
Show com Karina Buhr, Marisa Orth e Taciana Barros. Sexta-feira (17/8), às 21h. Grande Teatro do Sesc Palladium.
Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro.
(31) 3270-8100. Plateia 1: R$ 60 e
R$ 30 (meia). Plateia 2: R$ 50 e
R$ 25 (meia). Plateia 3: R$ 40 e
R$ 20 (meia). Vendas pelo site www.ingressorapido.com.br.