Porém, Seu Jorge avisa: vai ter novidades. Uma delas é Shock, batida alegre que se casou perfeitamente com sua atual fase. “É um som do Magary Lord, amigo da Bahia que vem fazendo um trabalho muito bonito em torno do samba, com ritmos baianos de origem africana. Gosto muito desse estilo, tão pra cima. Resolvi incorporá-lo, pela primeira vez, aos shows maiores que faço pelo Brasil”, revela.
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A banda do carioca reúne Adriano Trindade (bateria), Fernando Vidal (guitarra), Sidão Santos (baixo), Rodrigo Tavares (teclados), Pretinho da Serrinha (percussão) e o trio de metais Edy Trombone, Paulinho Viveiro (trompete) e Fernando Bastos (saxofone).
BOWIE Em shows no exterior, Seu Jorge vem apresentando o repertório do álbum The life aquatic studio sessions, lançado em 2005, com releituras de canções do camaleônico David Bowie feitas sob encomenda do diretor Wes Anderson para o filme A vida marinha com Steve Zissou (2004). Bowie não economizou elogios ao brasileiro por interpretá-las no formato acústico, em português. Seu Jorge, aliás, integrou o elenco do longa – com seu violão.
Há cerca de três anos o carioca leva esse repertório aos cinco continentes. Ele acaba de encerrar a segunda turnê, que passou por Estados Unidos, Canadá e Europa.
Entretanto, David Bowie ficará de fora do show desta sexta-feira. “É um outro programa, outra atmosfera. Aquele concerto carrega uma luz específica e exige muitos elementos cênicos. Mas, a qualquer hora, pretendo trazer essa apresentação para o Brasil”, promete.
FILMES Seu Jorge se divide entre o cinema e a música. Atuou em Cidade de Deus e Tropa de elite 2, por exemplo. “Tenho mais filmes do que discos”, brinca o carioca, que atuou em 22 produções.
Um de seus últimos trabalhos no cinema foi como Teylor, cantor de boate em Paraíso perdido, dirigido por Monique Gardenberg. Ele interpreta clássicos do cancioneiro brega, como Tortura de amor, de Waldick Soriano. “Reconectar essa sonoridade, que tanto remete à minha infância, foi maravilhoso. Morava em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e me lembro daquelas jukeboxes tocando Amado Batista, Mercedes Sosa, Fagner”, revela. “Paraíso perdido trata de um universo de muito amor e fala das novas composições familiares de forma muito sutil. Aquela boate é outra dimensão, onde tudo é permitido e as pessoas se encontram com seus sonhos e fantasias.”
PIXINGUINHA No filme Pixinguinha – Um homem carinhoso, que estreia este ano, ele faz o papel do gênio da música. Sob direção de Denise Saraceni e Allan Fitterman, atua ao lado de Taís Araújo. “O filme perpassa todas as fases da vida de Pixinguinha, interpretado por quatro atores. Faço ele mais velho, já na fase em que só toca saxofone”, adianta.
“Era um homem sem conflitos, a ponto de ser definido pelo Vinicius de Moraes como a pessoa mais bonita que ele havia conhecido.
NEGRO COMO MARIGHELLA Em 2019, Seu Jorge volta às telas como o guerrilheiro soteropolitano Carlos Marighella, líder da esquerda brasileira e um dos nomes mais importantes da luta armada contra a ditadura civil militar de 1964. O longa marca a estreia do ator baiano Wagner Moura como diretor.
“Marighella é personagem icônico para a política brasileira. Espero que, uma vez que o filme chegue aos cinemas, as pessoas tenham maior curiosidade e pesquisem mais sobre a história do nosso país”, afirma o ator.
Seu Jorge já antevê questionamentos sobre sua escalação para o papel. Marighella era mulato, filho de negra e italiano. “Negro, ele era. Foi criado na Bahia e tinha raízes negras muitos fortes. O fato de ter a pele clara não extingue sua negritude, assim como a cor do Mano Brown não o desqualifica”, diz.
Segundo Seu Jorge, a negritude se manifesta nas pessoas além da melanina. “Se você nasce e cresce em uma favela, come feijoada e escuta samba, você é preto. No Brasil, negritude não está associada somente à cor da pele, mas envolve as questões culturais com que fomos criados”, conclui.
SEU JORGE
Show nesta sexta-feira (20), às 22h.