Jaloo é destaque em festival que celebra arte queer em BH nesta sexta (13)

Cantor paraense participa de mesa de debate e faz show na capital mineira. Eventos integram terceira edição do projeto Idea em Pauta

por Walter Felix 12/07/2018 14:00
Letz Spindola/Divulgação
Em nova fase da carreira, Jaloo abandonou visual andrógino (foto: Letz Spindola/Divulgação)
O conceito queer diz respeito a pessoas que não se encaixam nos padrões heteronormativos ou na binaridade de gênero (homem e mulher). Esse é o eixo central da terceira edição do Festival Idea em Pauta, em cartaz amanhã (13), que se baseia em estudos de escritores contemporâneos, como Judith Butler e Paul B. Preciado, para discutir transexualidade, fluidez de gêneros e outras questões relacionadas ao tema. A programação abrange mesa de debate, na Idea Casa de Cultura, e shows da drag queen mineira Azzula e do paraense Jaloo, na Autêntica,


“Todos têm necessidade de denominar quem é quem. Às vezes, pensamos que isso se dá em grupos específicos, mas todo ser humano convive com essas questões. Os corpos queer surgem com uma vivência tão particular, única, própria e verdadeira... Não há por que dizer o que são essas pessoas, se nem elas mesmas sabem ou ainda estão em um processo de descoberta”, avalia Jaloo.

 

A aparência andrógina marcou o início da carreira desse multiartista, que, com o álbum #1 (2015), despontou na cena indie brasileira. Jaloo assume não ser especialista em questões de gênero e sexualidade. Porém, diz que seu trabalho se insere no festival porque faz de seu corpo e de sua música um ato político.


“A arte é universal, está aliada ao direito e à ânsia por se expressar. Acho incrível o fato de o que faço despertar tanta sensação boa no público, incluindo levantar questões relativas a corpo, sexualidade e gênero. Esses são apenas alguns de tantos elementos que compõem a minha arte”, diz.


Com cabelos curtos, o cantor, que outrora chamou a atenção pelo visual andrógino, avisa: “Sou um homem gay, cis (gênero), mas não quero ter minha liberdade tolhida de nenhuma forma. O público não pode me dizer o que fazer em relação à minha arte ou à minha vida”, afirma.

CINEMA O talento e a peculiar performatividade renderam a Jaloo o convite para estrelar Paraíso perdido, filme de Monique Gardenberg lançado em maio, no qual interpreta a cantora travesti Ímã. A experiência bem-sucedida como ator não deve se repetir brevemente, pois ele se dedica ao próximo disco, FT, que deve chegar ao mercado este ano.


O novo álbum traz várias parcerias – a começar pela produtora musical Badsista, com quem Jaloo lançou o single Say goodbye. Compartilhar o processo criativo é novidade para o paraense, que costumava compôr, interpretar, arranjar e produzir solitariamente. “Estou redescobrindo muitas coisas, incluindo o trabalho em grupo. Trabalhar com outras pessoas é tirar um grande peso das costas, que antes eu carregava sozinho”, conta.


Jaloo já se apresentou algumas vezes em BH – inclusive, chamou a atenção na estreia do projeto MecaInhotim, há dois anos. Ele promete show novo para esta sexta-feira, com canções rearranjadas e quatro novidades do repertório de FT. “É o momento de testar essas músicas, que vêm tendo respostas muito boas. Tenho muita coisa guardada, está na hora de jogá-las para o mundo”, conclui.

 


CORPOS QUEER
. Sexta-feira (13), às 19h – Mesa de debates Corpos queer: tecnologias antinormativas, com Marcelo Veronez (músico), Jaloo, João Nery (ativista e escritor trans), Ana Luisa Santos (performer e dramaturga) e Cristal Lopez (atriz e agitadora cultural). Idea Casa de Cultura. Rua Bernardo Guimarães, 1.200, Funcionários. (31) 3309-1518. Entrada franca.

 . Sexta-feira (13), às 22h – Shows de Jaloo e Azzula. A Autêntica. Rua Alagoas, 1.172, Savassi. (31) 3654-9251. R$ 25 (antecipado) e R$ 30 (portaria). Ingressos à venda no site sympla.com.br/aautentica.

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