Radicado em Lisboa, Bernardo Lobo consolida a nova fase com o disco C'alma

O novo disco do músico brasileiro vem recheado de parcerias brasileiras e com ode discreta à atmosfera lisboeta

por Ana Clara Brant 01/07/2018 10:21

Alfredo Matos/Divulgação
Bernardo Lobo mora há dois anos em Lisboa, onde produziu e gravou o novo disco (foto: Alfredo Matos/Divulgação)


O mar sempre fez parte da vida do cantor e compositor Bernardo Lobo. Seja no Rio de Janeiro, onde nasceu e cresceu; em Cabo Frio e Búzios, onde passava férias e era surfista na infância e adolescência; e mais recentemente em Lisboa, onde mora há dois anos. “Sempre vou em busca do mar, seja para apreciar a vista, refletir, meditar, até dar um mergulho para renovar as energias e me inspirar. O mar me traz calma e me inspira sempre”, diz o músico de 45 anos.

Não é de espantar que o oceano esteja tão presente em seu mais novo disco, C’alma – ele aparece na capa, no encarte e também em algumas faixas. O nome do álbum (sugestão do produtor Pierre Aderne) traduz a intenção de mesclar a calma com alma. “Acho que minha música é muito intuitiva. Vem da alma mesmo. E trouxemos algumas músicas para um andamento mais lento, com menos músicos, abaixamos os tons de muitas canções achando assim uma linguagem mais calma e original”, diz.

Pierre Aderne também assina uma das composições, Planisfério do amor (com Bernardo), uma das mais bonitas do disco e que conta com a participação especial da fadista portuguesa Maria Emília. “A gente teve um contato mais próximo, e ele sempre exaltava minhas músicas e meu trabalho. Foi então que mandei a melodia para o Pierre, e ele me mandou essa letra incrível, que virou o xodó de muita gente.”



O filho de Edu Lobo e Wanda Sá conta com outras parcerias primorosas, como as de Moyseis Marques (Amor de valor, Para por aê, A barca dos corações partidos) e Mu Chebabi (Ciranda da lágrima, Gota de sol, Terra à vista). “Eu já tinha feito algumas canções no Rio com Moyseis, e então resolvi gravar três músicas com ele. Mu Chebabi foi meu grande parceiro em Lisboa, chegou a morar dois meses na minha casa. Fizemos muitas canções nesse período, e escolhi três para gravar, inclusive uma com o Ronaldo Semedo, grande músico de Cabo Verde que se tornou um grande amigo”, conta.

ÍDOLO Joyce Moreno (Essas noites), João Cavalcanti (Quererá), e Marcos Valle (Menina das nuvens) também dão as caras em C’alma. “Com Marcos eu tive um encontro lindo em Lisboa e mostrei uma melodia para ele ouvir no celular. Eu tinha feito para minha filha Maria, que ia nascer. Ele voltou ao Brasil e me mandou a melodia da segunda parte e fizemos a letra juntos via e-mail, WhatsApp. Foi um grande presente essa parceria. Marcos Valle é um ídolo, assim como a Joyce, que me deu a letra de Essas noites, de que gosto muito. Com o João Cavalcanti também foi assim. Mandei a melodia, e ele me mandou a letra. Tive a ideia de fechar o disco com Quererá numa versão voz e piano.”

A faixa que abre o álbum é a marcha de carnaval Zum-Zum, de Fernando Lobo e Paulo Soledade, e entrou como uma singela homenagem ao avô de Bernardo Lobo. “Também serve para localizar de onde venho. As pessoas sempre falam do meu pai (Edu Lobo) e pouco dele (o avô) e da minha mãe. Quis trazer Pernambuco (estado natal de Fernando) para o disco e isso serviu como um rito de passagem para a primeira canção, que é Ciranda da lágrima, tudo a ver. Achei bonito abrir o disco com essa vinheta. No show, abro com ela também”, conta.

DE BENA A BERNARDO C’alma marca o primeiro disco em que o artista assina como Bernardo Lobo, e não mais como Bena, apelido com que ficou conhecido e que havia adotado como nome artístico desde o primeiro CD. A decisão, segundo o músico, foi simplesmente pelo fato de ele gostar mais de Bernardo do que de Bena. “Meus amigos e minha família me chamam de Bena, mas muita gente não sabia de onde vinha o apelido e confundiam muito. Isso me incomodava. Então, quando vim para Lisboa, decidi adotar meu nome, o que simbolizava essa mudança e o novo momento de vida e da carreira”, explica. Um dos agradecimentos que faz no álbum é à “menina e moça” Lisboa, que trouxe muita calma e inspiração para o músico fazer o projeto. Aliás, Portugal o tem influenciado de várias maneiras. “Seja na cultura, no jeito de viver, na educação, num tempo diferente do que eu vivia no Brasil, um jeito com mais calma. Lisboa é pura poesia, história, e isso passou naturalmente para algumas canções e para o conceito do álbum”, avalia.

C’alma
• Artista: Bernardo Lobo
• Gravadora: Biscoito Fino
• Preço sugerido: R$ 30

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