O mar sempre fez parte da vida do cantor e compositor Bernardo Lobo. Seja no Rio de Janeiro, onde nasceu e cresceu; em Cabo Frio e Búzios, onde passava férias e era surfista na infância e adolescência; e mais recentemente em Lisboa, onde mora há dois anos. “Sempre vou em busca do mar, seja para apreciar a vista, refletir, meditar, até dar um mergulho para renovar as energias e me inspirar. O mar me traz calma e me inspira sempre”, diz o músico de 45 anos.
Não é de espantar que o oceano esteja tão presente em seu mais novo disco, C’alma – ele aparece na capa, no encarte e também em algumas faixas. O nome do álbum (sugestão do produtor Pierre Aderne) traduz a intenção de mesclar a calma com alma. “Acho que minha música é muito intuitiva. Vem da alma mesmo. E trouxemos algumas músicas para um andamento mais lento, com menos músicos, abaixamos os tons de muitas canções achando assim uma linguagem mais calma e original”, diz.
Pierre Aderne também assina uma das composições, Planisfério do amor (com Bernardo), uma das mais bonitas do disco e que conta com a participação especial da fadista portuguesa Maria Emília.
O filho de Edu Lobo e Wanda Sá conta com outras parcerias primorosas, como as de Moyseis Marques (Amor de valor, Para por aê, A barca dos corações partidos) e Mu Chebabi (Ciranda da lágrima, Gota de sol, Terra à vista). “Eu já tinha feito algumas canções no Rio com Moyseis, e então resolvi gravar três músicas com ele. Mu Chebabi foi meu grande parceiro em Lisboa, chegou a morar dois meses na minha casa. Fizemos muitas canções nesse período, e escolhi três para gravar, inclusive uma com o Ronaldo Semedo, grande músico de Cabo Verde que se tornou um grande amigo”, conta.
ÍDOLO Joyce Moreno (Essas noites), João Cavalcanti (Quererá), e Marcos Valle (Menina das nuvens) também dão as caras em C’alma. “Com Marcos eu tive um encontro lindo em Lisboa e mostrei uma melodia para ele ouvir no celular. Eu tinha feito para minha filha Maria, que ia nascer.
A faixa que abre o álbum é a marcha de carnaval Zum-Zum, de Fernando Lobo e Paulo Soledade, e entrou como uma singela homenagem ao avô de Bernardo Lobo. “Também serve para localizar de onde venho. As pessoas sempre falam do meu pai (Edu Lobo) e pouco dele (o avô) e da minha mãe.
DE BENA A BERNARDO C’alma marca o primeiro disco em que o artista assina como Bernardo Lobo, e não mais como Bena, apelido com que ficou conhecido e que havia adotado como nome artístico desde o primeiro CD. A decisão, segundo o músico, foi simplesmente pelo fato de ele gostar mais de Bernardo do que de Bena. “Meus amigos e minha família me chamam de Bena, mas muita gente não sabia de onde vinha o apelido e confundiam muito. Isso me incomodava. Então, quando vim para Lisboa, decidi adotar meu nome, o que simbolizava essa mudança e o novo momento de vida e da carreira”, explica. Um dos agradecimentos que faz no álbum é à “menina e moça” Lisboa, que trouxe muita calma e inspiração para o músico fazer o projeto. Aliás, Portugal o tem influenciado de várias maneiras. “Seja na cultura, no jeito de viver, na educação, num tempo diferente do que eu vivia no Brasil, um jeito com mais calma.
C’alma
• Artista: Bernardo Lobo
• Gravadora: Biscoito Fino
• Preço sugerido: R$ 30.