A Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte garante: mineiro tem ginga – e talento – para a batucada. Formado por veteranos do ramo, o grupo apresenta repertório totalmente autoral para celebrar a capital por meio de sua música. Na quarta-feira (30), tem show no Centro Cultural UFMG.
“O samba de Minas Gerais deu uma boa contribuição para a música brasileira. Aqui surgiram Ary Barroso, Ataulfo Alves, Clara Nunes, Noca da Portela e Dedé Paraizo (integrante do grupo Demônios da Garoa)”, lembra Carlinhos Visual, radialista e integrante da Velha Guarda.
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Carlinhos garante que o samba mineiro tem sonoridade própria, o que acentua a sua riqueza. “A diferença está principalmente no jeito de compor, na pegada da nossa melodia. A música de cada lugar tem sua pegada, seu estilo, sua cadência... A composição do mineiro é mais tranquila, tem um quê de seresta”, analisa.
Carlinhos Visual é vice-presidente da Associação da Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte. Criada em 2001, a entidade busca valorizar o talento de artistas veteranos, além de divulgar a produção mineira por meio de apresentações e projetos educacionais.
“A associação foi criada para integrar todos que trabalham com samba, incluindo os mais jovens. Qualquer artista pode se unir a nós para trocar ideias ou mesmo para compor em conjunto”, conta.
Também participam do grupo Antônio Froes, Bodoque da Cuíca, Clélia dos Santos, Ed Nunes, Euler Silva, Janjão do Cavaco, Juarez Araújo, Lagoinha, Lucinha Bosco, Mandruvá, Mário Romeiro, Mário da Viola, Mestre Conga, Paulão Reis e Silvio Luciano.
O Centro Cultural UFMG, onde ocorrerá o show de amanhã, é o local de ensaios do grupo. Os artistas atualizam o repertório nas tardes de quarta-feira. Carlinhos Visual diz que ele e os companheiros estão à disposição do público para conversar sobre música e a Velha Guarda.
MEMÓRIA As canções da Velha Guarda do Samba de BH traduzem o amor de seus integrantes pela capital mineira. As composições celebram a memória local e preservam a tradição sonora de nosso cancioneiro. “A intenção é ser um cartão-postal do samba de Belo Horizonte. Queremos contar a história da cidade por meio da música”, diz Carlinhos.
Nas letras, há referências às favelas de onde o samba saiu, como os antigos morros do Pau Comeu e Pindura Saia. De acordo com Carlinhos Visual, a trajetória do samba de BH é semelhante à observada em outras cidades. “O samba de Belo Horizonte também começou nos morros, especialmente no Aglomerado da Serra e no Morro do Papagaio. Só depois foi descendo para o asfalto”, lembra.
A Praça Vaz de Mello, na Lagoinha – reduto boêmio apelidado de “Lapa Mineira” –, é outra referência. Também surgem nas letras a Praça Sete, a Praça do Papa e o Mercado Central.
“Faço a seguinte proposta aos artistas: produzir mais e consumir menos o que vem de fora. Há muita gente boa aqui. Com o nosso trabalho, podemos dar mais espaço à nossa história e às nossas vivências”, propõe Carlinhos.
Quem for ao show não deve esperar sambas dos mestres mineiros Ary Barroso ou Ataulfo Alves, nem mesmo do carioca Noel Rosa, que morou em BH por alguns meses, onde buscou tratamento para a tuberculose que o mataria aos 26 anos, no Rio de Janeiro. A Velha Guarda promete não decepcionar com repertório capaz de fisgar tanto os amantes do samba quanto fãs de BH e da cultura de Minas.
“Em apresentações futuras, poderemos prestar tributo aos grandes sambistas mineiros, mas por enquanto queremos apresentar repertório novo e autoral”, conclui Carlinhos Visual.
• Repertório
» Olha só quem chegou
» Se você me faltar
» A lua e o morro
» Adeus Lagoinha
» Terra de Santa Cruz
» Samba violado
» Praça Sete
» Lurdes Maria
» Filosofia do morro
» Serenou
» Eu queria tanto
» O negro
» Na paz de Deus
VELHA GUARDA DO SAMBA DE BH
Quarta-feira (30), às 19h30. Centro Cultural UFMG. Av. Santos Dumont, 174, Centro, (31) 3409-8290. Entrada franca.