Whitney, documentário exibido fora da competição pela Palma de Ouro no 71º Festival de Cannes revela, com depoimentos, que ela teria sido agredida sexualmente durante a infância por sua prima, a cantora de soul Dee Dee Warwick. “O núcleo do filme é uma história de família. É uma história sobre como sua educação e sua família afetam tudo que você é”, disse o diretor britânico Kevin Macdonald.
Reconhecida como uma das mais belas vozes de sua geração, Whitney Houston teve uma trajetória brilhante na música mais tarde afetada por problemas com as drogas. A cantora foi encontrada morta em fevereiro de 2012, aos 48 anos, na banheira de um quarto de hotel em Los Angeles.
Autorizado pela família, o documentário mostra várias imagens de arquivo, em sua maioria inéditas, sobretudo gravações e fotos de família, e depoimentos de pessoas próximas, incluindo os irmãos, a mãe, o ex-marido Bobby Brown e alguns colaboradores.
Na busca por explicações para os problemas da cantora, o documentário inclui três depoimentos de pessoas próximas que afirmam que Whitney Houston teria sido agredida sexualmente por sua prima, a cantora Dee Dee Warwick, falecida em 2008, irmã da cantora Dionne Warwick e sobrinha da mãe de Whitney, Cissy Houston, também cantora.
MAL-ESTAR Esse segredo de família é abordado por seu meio-irmão Gary Garland-Houston (que também afirma ter sido agredido sexualmente), por sua cunhada Pat Houston e por sua assistente pessoal Mary Jones. “Durante muito tempo, assistindo pela TV, algo me dizia ‘há alguma coisa nessa mulher que parece refletir um mal-estar. De certa maneira, parece não gostar de seu corpo’”, afirma Kevin Macdonald. O diretor ganhou o Oscar de melhor documentário em 2000 por Um dia em setembro, que aborda o sequestro de atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.
“Sempre me perguntei: quem é? De onde vem.? Comecei a questionar se alguém teria abusado dela ou algo parecido. Depois, alguém me disse que falou sobre isso com Whitney e que ela disse que era o que havia ocorrido e era a origem de sua tristeza. No final, o irmão falou sobre isso, depois a cunhada e depois a assistente”, disse.
O filme também aborda outras feridas da intérprete de I will always love you, sucesso planetário do filme O guarda-costas: o divórcio de seus pais, a deterioração de seu relacionamento com seu pai e sua história de amor secreta com sua amiga Robin Crawford, que se recusou a participar do documentário. Destaca ainda a difícil relação com seu ex-marido, Bobby Brown, com quem mergulhou no mundo das drogas nos anos 2000. Brown não quis falar sobre isso.
“Ele ainda não atingiu um estágio de maturidade em sua vida que lhe permita analisar o que ocorreu”, diz Macdonald. Ao mesmo tempo, o filme “demonstra que (Brown) não é responsável pelo que aconteceu com Whitney”, já que “ela já estava muito mais viciada do que ele”. O documentário conta como a cantora, que ganhou 26 American Music Awards e seis Grammys, foi um símbolo para a comunidade negra, especialmente com sua interpretação do hino americano no Super Bowl de 1991. (AFP)