Chico Amaral reencontra antigos companheiros em seu novo álbum, Plural, que será lançado nesta sexta-feira (27), em Belo Horizonte. Parceiro de nomes importantes da música brasileira – Milton Nascimento, Ed Motta e Erasmo Carlos, entre outros –, o compositor e instrumentista é o “quinto Skank”, tamanha a contribuição de suas letras para a banda mineira.
Em Plural, Chico ressurge cantor depois de se dedicar por vários anos à composição e à música instrumental. “Foi uma nostalgia revisitar a canção, tão importante pra mim em função do trabalho como letrista. Um disco totalmente cantado é algo novo e inusitado, mas lá nos meus primórdios eu também cantava na noite”, revela.
O novo disco chega 11 anos depois de Singular, o primeiro CD solo dele. “Singular tinha algumas canções, mas era um álbum principalmente instrumental, com um pouquinho de pop, bossa nova e influências mineiras. Plural tem só canções, mas leva esse nome pela diversidade de gêneros”, explica Chico. As faixas celebram parcerias dele com Beto Guedes, Leo Minax, Lô Borges, Samuel Rosa e Gilberto Sáfar. Chico e Flávio Renegado compuseram o samba-funk Sobre peixes, flores e você, com direito a rap no final.
“O problema é que tenho muitos parceiros e não caberiam todos em um único álbum. A preocupação na seleção do repertório foi escolher aquilo que eu conseguisse cantar, porque esse foi o meu maior desafio. As canções foram escolhidas de acordo com a minha facilidade em interpretá-las”, explica. Ao longo das 11 faixas, Chico toca violão, guitarra, piano, flauta, gaita e, claro, o seu famoso saxofone.
MINEIRIDADE
Em Plural, há espaço para pop, rap, bossa-nova, bolero e jazz, mas tudo com a cara de Minas Gerais. “Uma canção que destaco é Tempo novo, composição totalmente minha. Ela tem o DNA do Clube da Esquina, muito por causa das minhas parcerias com o Beto Guedes e o Lô Borges. O Lô talvez seja a principal influência deste disco e de toda a minha obra”, revela Chico.
Da parceria com Lô nasceram a metalinguística Papo de músico e Dupla chama, faixa que abre o álbum. A letra dessa última é de Lô, que pensava em cantá-la com Samuel Rosa. Em sua versão, Chico Amaral divide os vocais com Marina Machado.
Uma das primeiras parcerias de Amaral e Samuel Rosa, Réu e rei ganhou nova versão depois de integrar o primeiro álbum do Skank, lançado em 1992. “Gosto muito dessa música. Ela passou despercebida naquela ocasião, quando várias outras faixas fizeram mais sucesso. Réu e rei afirma a validade da nossa parceria”, observa Chico.
O trem é a versão de The city of New Orleans, do norte-americano Steve Goodman. “Conhecia essa música na voz do Arlo Guthrie. Sabia a melodia, mas não sabia a letra. Compus a minha versão em 1983, em uma viagem de trem pela Bolívia com a Marrege. Era uma daquelas viagens de hippie, com mochila, violão e pouco dinheiro”, conta, referindo-se à mulher, a restauradora Maria Regina Ramos, e ao cantor americano filho de Woody Guthrie, lenda do folk.
“A música original fala de um trem que vai para a cidade de Nova Orleans. Trouxe esse trem para Minas Gerais”, diz Chico. O folk country abrasileirado faz menções à Serra do Espinhaço e ao Campo das Vertentes. O country é muito próximo do universo cultural mineiro, acredita o compositor.
Aliás, O trem não é a primeira adaptação assinada por Chico Amaral. Hit do Skank, Tanto é a versão dele para I want you, de Bob Dylan.
EM FAMÍLIA
A brasilidade também se manifesta em A oca tupi nº 2, definida pelo autor como “uma vinheta grande”, com letra curta repetida sucessivas vezes. Trata-se de uma homenagem à antropóloga Vivi, filha de Chico, e ao genro dele, o geólogo Estévão. O casal trabalha em uma ONG que defende os índios ianomâmis.
A nave é parceria de Chico Amaral com Leo Minax, que criou melodia “bossa nova pop” para a canção. “A letra é inspirada em 2001: Uma odisseia no espaço, do (Stanley) Kubrick. Compus me lembrando de algumas cenas – a nave chegando a um planeta imenso, a solidão no espaço e toda a narrativa silenciosa do filme”, revela.
A canção é dedicada a ninguém menos que Milton Nascimento, devido ao fascínio do mestre por temas interplanetários. “Quando terminamos a música, disse ao Leo: ‘Pode ser presunção minha, mas o Bituca vai adorar’. Em um encontro, falamos sobre a canção e os olhos dele brilharam. Ainda não mostrei o resultado ao Milton, mas pretendo fazê-lo um dia.”.
Em Bolero, que fecha o disco, Chico batalhou para encontrar letra que caísse bem ao instrumental já criado. “Deixe a canção contar a sua versão/ Vamos apenas ouvir e as palavras seguirão”, canta ele.
Ao ganhar versos, Retrato de uma dama, composição de Chico ao piano, foi se configurando como explícita homenagem, em letra e melodia, a Billie Holiday, ícone do jazz.
CONVIDA
Com agenda atribulada para este ano, Chico Amaral não pretende, por ora, levar Plural para os palcos. “A canção chega muito rápido às pessoas, ainda mais esse tipo de música popular brasileira que apresento. Fico curioso para ver a reação do público ao novo trabalho, mas esse projeto terá que esperar”, diz.
Em junho, ele dará início à série de shows Chico Amaral convida, com edições mensais no Teatro Bradesco, em BH. A proposta é fortalecer laços com antigos companheiros. Estão previstos quatro encontros – definidos por ele como “conversas musicais” –, em que o mineiro acompanhará os amigos ao violão, guitarra ou sax. Leo Gandelman, Ed Motta, Marina Machado e Affonsinho estão entre eles.
O show de estreia terá Samuel Rosa. A dupla compôs Vou deixar, Garota nacional, Tão seu e Jackie Tequila, entre outros hits do Skank. “O reconhecimento do meu trabalho com a banda é muito bacana. Quando eles gravaram um DVD com as canções dos três primeiros discos, no Rio de Janeiro, me convidaram para tocar no show. Meu nome aparecia em quase 100% do repertório”, conclui.
Produção independente, Plural foi viabilizado pela parceria da Frege Musicais com a empresa Cemig.
PLURAL
. De Chico Amaral
. Independente
. Preço sugerido: R$ 20
. Noite de autógrafos hoje, às 19h30, no Museu Mineiro (Av. João Pinheiro, 342, Centro). Entrada franca
Em Plural, Chico ressurge cantor depois de se dedicar por vários anos à composição e à música instrumental. “Foi uma nostalgia revisitar a canção, tão importante pra mim em função do trabalho como letrista. Um disco totalmente cantado é algo novo e inusitado, mas lá nos meus primórdios eu também cantava na noite”, revela.
O novo disco chega 11 anos depois de Singular, o primeiro CD solo dele. “Singular tinha algumas canções, mas era um álbum principalmente instrumental, com um pouquinho de pop, bossa nova e influências mineiras. Plural tem só canções, mas leva esse nome pela diversidade de gêneros”, explica Chico. As faixas celebram parcerias dele com Beto Guedes, Leo Minax, Lô Borges, Samuel Rosa e Gilberto Sáfar. Chico e Flávio Renegado compuseram o samba-funk Sobre peixes, flores e você, com direito a rap no final.
“O problema é que tenho muitos parceiros e não caberiam todos em um único álbum. A preocupação na seleção do repertório foi escolher aquilo que eu conseguisse cantar, porque esse foi o meu maior desafio. As canções foram escolhidas de acordo com a minha facilidade em interpretá-las”, explica. Ao longo das 11 faixas, Chico toca violão, guitarra, piano, flauta, gaita e, claro, o seu famoso saxofone.
MINEIRIDADE
Em Plural, há espaço para pop, rap, bossa-nova, bolero e jazz, mas tudo com a cara de Minas Gerais. “Uma canção que destaco é Tempo novo, composição totalmente minha. Ela tem o DNA do Clube da Esquina, muito por causa das minhas parcerias com o Beto Guedes e o Lô Borges. O Lô talvez seja a principal influência deste disco e de toda a minha obra”, revela Chico.
Da parceria com Lô nasceram a metalinguística Papo de músico e Dupla chama, faixa que abre o álbum. A letra dessa última é de Lô, que pensava em cantá-la com Samuel Rosa. Em sua versão, Chico Amaral divide os vocais com Marina Machado.
Uma das primeiras parcerias de Amaral e Samuel Rosa, Réu e rei ganhou nova versão depois de integrar o primeiro álbum do Skank, lançado em 1992. “Gosto muito dessa música. Ela passou despercebida naquela ocasião, quando várias outras faixas fizeram mais sucesso. Réu e rei afirma a validade da nossa parceria”, observa Chico.
O trem é a versão de The city of New Orleans, do norte-americano Steve Goodman. “Conhecia essa música na voz do Arlo Guthrie. Sabia a melodia, mas não sabia a letra. Compus a minha versão em 1983, em uma viagem de trem pela Bolívia com a Marrege. Era uma daquelas viagens de hippie, com mochila, violão e pouco dinheiro”, conta, referindo-se à mulher, a restauradora Maria Regina Ramos, e ao cantor americano filho de Woody Guthrie, lenda do folk.
“A música original fala de um trem que vai para a cidade de Nova Orleans. Trouxe esse trem para Minas Gerais”, diz Chico. O folk country abrasileirado faz menções à Serra do Espinhaço e ao Campo das Vertentes. O country é muito próximo do universo cultural mineiro, acredita o compositor.
Aliás, O trem não é a primeira adaptação assinada por Chico Amaral. Hit do Skank, Tanto é a versão dele para I want you, de Bob Dylan.
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A brasilidade também se manifesta em A oca tupi nº 2, definida pelo autor como “uma vinheta grande”, com letra curta repetida sucessivas vezes. Trata-se de uma homenagem à antropóloga Vivi, filha de Chico, e ao genro dele, o geólogo Estévão. O casal trabalha em uma ONG que defende os índios ianomâmis.
A nave é parceria de Chico Amaral com Leo Minax, que criou melodia “bossa nova pop” para a canção. “A letra é inspirada em 2001: Uma odisseia no espaço, do (Stanley) Kubrick. Compus me lembrando de algumas cenas – a nave chegando a um planeta imenso, a solidão no espaço e toda a narrativa silenciosa do filme”, revela.
A canção é dedicada a ninguém menos que Milton Nascimento, devido ao fascínio do mestre por temas interplanetários. “Quando terminamos a música, disse ao Leo: ‘Pode ser presunção minha, mas o Bituca vai adorar’. Em um encontro, falamos sobre a canção e os olhos dele brilharam. Ainda não mostrei o resultado ao Milton, mas pretendo fazê-lo um dia.”.
Em Bolero, que fecha o disco, Chico batalhou para encontrar letra que caísse bem ao instrumental já criado. “Deixe a canção contar a sua versão/ Vamos apenas ouvir e as palavras seguirão”, canta ele.
Ao ganhar versos, Retrato de uma dama, composição de Chico ao piano, foi se configurando como explícita homenagem, em letra e melodia, a Billie Holiday, ícone do jazz.
CONVIDA
Com agenda atribulada para este ano, Chico Amaral não pretende, por ora, levar Plural para os palcos. “A canção chega muito rápido às pessoas, ainda mais esse tipo de música popular brasileira que apresento. Fico curioso para ver a reação do público ao novo trabalho, mas esse projeto terá que esperar”, diz.
Em junho, ele dará início à série de shows Chico Amaral convida, com edições mensais no Teatro Bradesco, em BH. A proposta é fortalecer laços com antigos companheiros. Estão previstos quatro encontros – definidos por ele como “conversas musicais” –, em que o mineiro acompanhará os amigos ao violão, guitarra ou sax. Leo Gandelman, Ed Motta, Marina Machado e Affonsinho estão entre eles.
O show de estreia terá Samuel Rosa. A dupla compôs Vou deixar, Garota nacional, Tão seu e Jackie Tequila, entre outros hits do Skank. “O reconhecimento do meu trabalho com a banda é muito bacana. Quando eles gravaram um DVD com as canções dos três primeiros discos, no Rio de Janeiro, me convidaram para tocar no show. Meu nome aparecia em quase 100% do repertório”, conclui.
Produção independente, Plural foi viabilizado pela parceria da Frege Musicais com a empresa Cemig.
PLURAL
. De Chico Amaral
. Independente
. Preço sugerido: R$ 20
. Noite de autógrafos hoje, às 19h30, no Museu Mineiro (Av. João Pinheiro, 342, Centro). Entrada franca