Receita do streaming salva a indústria musical

Musica digital movimentou US$ 17,3 bilhões em 2017, valor 8,1% maior que o registrado no ano anterior

por Estadão Conteúdo 26/04/2018 07:00
Don Emmert/AFP
Gustav Soderstrom, diretor de pesquisa e desenvolvimento do Spotify, anuncia versão aperfeiçoada do aplicativo (foto: Don Emmert/AFP)
A revolução das plataformas on-line é fato. Por causa dela, a indústria da música registrou crescimento recorde em 2017. A maior parte das vendas – pela primeira vez – deve-se ao streaming. Prova isso é o lançamento do Spotify na Bolsa de Nova York, no começo de abril.

As vendas de música registraram crescimento de 8,1% em 2017, de acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). Foram movimentados US$ 17,3 bilhões e a música digital – até o ano passado praticamente igual às vendas físicas – representou 54% desse valor, informou o relatório anual da entidade.

O crescimento de 8,1% representa o terceiro ano consecutivo de expansão do setor desde que a IFPI começou a compilar os dados, afirmou Frances Moore, presidente da federação. Apesar do avanço do streaming, a indústria musical exibe apenas dois terços de sua performance na década de 1990, antes da crise provocada pelo crescimento da internet e o avanço da pirataria.

O resultado divulgado pela IFPI se deve ao rápido crescimento dos serviços de streaming – sobretudo Spotify, Deezer e Apple Music –, que trouxeram nova fonte de recursos ao setor.

O relatório indica que 176 milhões de pessoas pagavam por assinaturas de plataformas de streaming no fim de 2017, com 64 milhões de novos clientes registrados no decorrer daquele ano. De acordo com a IFPI, ainda há muito espaço para crescer.

Esta semana, o Spotify anunciou uma versão aperfeiçoada de seu aplicativo gratuito. O objetivo é atrair assinantes que não paguem no começo da utilização da plataforma, mas que depois passem a fazê-lo.

“Essa é a única forma de alcançar o objetivo de atrair milhões de seguidores para a plataforma, dando à indústria da música a dimensão que ela deve ter”, declarou Gustav Soderstrom, diretor de pesquisa e desenvolvimento do Spotify.


VINIL
O desempenho de discos físicos voltou a cair, mas o mercado registrou uma boa notícia: o vinil cresceu 22,3%. A renovação desse mercado se deve ao novo comportamento dos fãs de música.

Stu Bergen, diretor-executivo dos setor comercial internacional e global do Warner Music Group, aconselhou as gravadoras a investir no desenvolvimento de novos talentos. “Lutamos muito para chegar até aqui e, depois de 15 anos de crise, há muito espaço para crescer”, ressaltou.

BRASIL
A América do Sul registrou o maior crescimento em termos mundiais. As vendas aumentaram 17,7%, beneficiadas pelo streaming. O resultado se deve ao Brasil, ao Chile e ao Peru, principalmente.

No entanto, o relatório da IFPI aponta que boa parte dos consumidores latino-americanos não têm acesso a cartões de crédito, geralmente exigidos para a assinatura de serviços de streaming.

No ano passado, a China registrou o impressionante crescimento de 35,3%. Grandes gravadoras internacionais investem cada vez mais no mercado chinês, que ocupa o 13º lugar no ranking global de vendas.

MAIS SOBRE MUSICA