“A turma daqui é mesmo barra-limpa!” Nos anos 1960, “barra-limpa” era a gíria que os jovens usavam para chamar alguém ou alguma coisa de gente boa, legal. Foi desta maneira que Roberto Carlos, então com 25 anos e no auge da Jovem Guarda, se referiu ao público belo-horizontino que foi assisti-lo no auditório da Secretaria de Saúde (o atual Minascentro) em 15 de setembro de 1966.
O Estado de Minas do dia seguinte destacou o evento, que escolheu “dois conjuntos instrumentais da música trepidante e dois intérpretes” que seriam os representantes mineiros no 1º Encontro Nacional da Jovem Guarda, marcado para outubro daquele ano, em São Paulo.
Roberto Carlos era a principal atração da noite, no evento promovido pelos Diários Associados. Cinquenta e dois anos mais tarde, já não há mais programa Jovem Guarda, tampouco o trio com Erasmo Carlos e Wanderléa (cuja vinda a BH estava prevista, mas acabou não ocorrendo). No entanto, Roberto Carlos continua sendo a atração principal.
Nesta noite, como vem fazendo a cada dois ou três anos, o Rei retorna para uma apresentação no Mineirinho – é seu primeiro show na capital mineira desde 2015, com ingressos esgotados desde o início desta semana.
Roberto Carlos tem 76 anos de vida (completa 77 em 19 de abril) e quase 60 de carreira (ele considera sua estreia artística uma temporada como crooner na boate Plaza, no Rio de Janeiro, em 1959). No Estado de Minas, é destaque em boa parte dos 90 anos da trajetória do jornal. Entrevistas ocasionais, shows sempre lotados, alguns casos polêmicos e momentos da vida pessoal estão registrados nas páginas do EM.
Roberto Carlos foi o primeiro artista a pautar a capa do jornal com um assunto exclusivo. Em 19 de abril de 2011, quando ele completou 70 anos, o EM, a partir da manchete “É preciso saber viver”, fez todas as chamadas de capa em referência a títulos e versos de canções dele.
“Não adianta nem tentar me esquecer”, verso de abertura de Detalhes, se referia aos milhões de brasileiros que ainda não haviam entregue seu Imposto de Renda. “Como é grande o nosso amor por você” trocou o pronome possessivo do título da canção Como é grande o meu amor por você para anunciar reportagem em que várias pessoas (conhecidas e anônimas) apontavam sua música preferida do Rei.
CASAMENTO
Entrevistas com Roberto Carlos são raras – e sem grandes novidades ou declarações bombásticas, como é próprio do relacionamento do artista com a imprensa. Em geral são relatos do encontro anual de RC com jornalistas, às vésperas de algum lançamento. Em 4 de dezembro de 1996, ele concedeu uma dessas entrevistas – estava lançando seu 39º álbum. Ainda casado com Maria Rita (sua última mulher, morta em 1999 em decorrência de câncer), ele se disse feliz pelo casamento e pelo nascimento próximo do primeiro neto.
Na conversa, assumiu que naquele ano havia ouvido pouca música. “Tenho ouvido mais é rádio: pagode, tchan, boi... Os sertanejos continuam fazendo sucesso.” Reafirmou a fama de reservado. “Estou mais maduro, o que se reflete em todo o meu comportamento. Penso mais no que vou fazer e falar, mas sou o mesmo.”
Em seis décadas de carreira, Roberto viveu de perto as transformações da música. Reportagem datada de 24 de agosto de 1994 anunciava que a maior parte de sua discografia até a década de 1980 (antes disponível somente em LP) havia sido remasterizada e ganhado edição em CD. Em 10 de novembro do mesmo ano, outra reportagem, “Roberto Carlos vira cult entre os jovens”, anunciava o Tributo ao Rei, álbum de regravações com artistas jovens. Foi neste trabalho que o Skank lançou É proibido fumar, e Chico Science e Nação Zumbi apresentaram Todos estão surdos.
O jornal também acompanhou algumas das polêmicas em que Roberto esteve envolvido. O compositor Sebastião Braga brigou por 15 anos com Roberto e o parceiro Erasmo, acusados de plagiar a canção Loucuras de amor, gravada por Roberto como O careta.
“Roberto e Erasmo são condenados por plágio pela Justiça do Rio”, anunciou o EM de 24 de março de 1992. Dez anos mais tarde, em 18 de novembro de 2002, outro texto informava que Roberto deveria pagar R$ 2,6 milhões a Sebastião Braga. A história continuou na justiça até 2005, quando o autor do processo fez um acordo, recebendo R$ 200 mil de indenização. Sebastião Braga morreu de parada respiratória quatro meses mais tarde.
Mas são mesmo seus shows que mais geraram reportagens e críticas. O Mineirinho tem sido o principal palco de Roberto em BH há pelo menos duas décadas. Mas ele já esteve em outros. Em maio de 1993, apresentou-se no Parque da Gameleira, no Dia das Mães. Já em março de 1994, o estacionamento do Minas Shopping foi o local escolhido para seu show em BH.
Mais nobre foi a comemoração do Dia dos Namorados de 1987. Foi em 12 de junho daquele ano que Roberto fez a primeira apresentação da turnê Detalhes no Palácio das Artes. No dia seguinte, repetiu a dose, a preços populares, no Mineirinho – o show no Grande Teatro custou 12 vezes mais do que o do Mineirinho.
ROBERTO CARLOS
Show hoje, às 21h, no Mineirinho, Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.000, Pampulha. Abertura dos portões: 19h. Ingressos esgotados.
VIDA DE CINEMA
A história de Roberto Carlos vai parar no cinema. Ainda sem título, a cinebiografia com direção de Breno Silveira (2 filhos de Francisco, Gonzaga – De pai pra filho) vai começar mostrando o acidente que fez o Rei perder sua perna direita aos 6 anos. A narrativa irá até 1970, quando ele fez seu primeiro show no Canecão, comandado pela dupla Ronaldo Bôscoli e Luis Carlos Mièle. O roteiro será assinado por Patricia Andrade e Nelson Motta. Ainda não foi batido o martelo de quem fará o papel do cantor e compositor. Gabriel Leone, que interpretou Roberto na cinebiografia de Erasmo Carlos, Minha fama de mau, é um dos mais cotados. A ideia é que a produção – que conta com a colaboração do homenageado – seja lançada no segundo semestre de 2019.
VIDA DE FÃ
Lia Lage (foto) já perdeu a conta de quantos shows de Roberto Carlos assistiu. Também, pudera. A fã de 91 anos acompanha o Rei desde a Jovem Guarda. “O primeiro show que vi foi com a turma toda dele (Erasmo, Wanderléa) em Belo Horizonte, não lembro onde.” Já assistiu a shows no antigo ginásio do Minas Tênis Clube (“Dei um beijo, abracei, e ele foi muito educado”), no Mineirinho (“Vou todo ano que ele vem aqui, já ganhei botão de rosa”). No ano passado, Lia realizou um sonho. Viajou até Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, para conhecer a casa onde Roberto nasceu. Lá, estão expostos objetos como o piano de Roberto e a máquina de costura de “lady” Laura. Nesta noite, “dona” Lia vai novamente ao Mineirinho. Estará acompanhada de uma “menina mais nova”. Espera, como em todos os anos, conseguir um lugar bem na primeira fila. A idade não pesa na hora de ir? “Vou fazer 92 em setembro, tô joia. Pego um táxi e vou.”
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Roberto Carlos era a principal atração da noite, no evento promovido pelos Diários Associados. Cinquenta e dois anos mais tarde, já não há mais programa Jovem Guarda, tampouco o trio com Erasmo Carlos e Wanderléa (cuja vinda a BH estava prevista, mas acabou não ocorrendo). No entanto, Roberto Carlos continua sendo a atração principal.
Nesta noite, como vem fazendo a cada dois ou três anos, o Rei retorna para uma apresentação no Mineirinho – é seu primeiro show na capital mineira desde 2015, com ingressos esgotados desde o início desta semana.
Roberto Carlos tem 76 anos de vida (completa 77 em 19 de abril) e quase 60 de carreira (ele considera sua estreia artística uma temporada como crooner na boate Plaza, no Rio de Janeiro, em 1959). No Estado de Minas, é destaque em boa parte dos 90 anos da trajetória do jornal. Entrevistas ocasionais, shows sempre lotados, alguns casos polêmicos e momentos da vida pessoal estão registrados nas páginas do EM.
Roberto Carlos foi o primeiro artista a pautar a capa do jornal com um assunto exclusivo. Em 19 de abril de 2011, quando ele completou 70 anos, o EM, a partir da manchete “É preciso saber viver”, fez todas as chamadas de capa em referência a títulos e versos de canções dele.
“Não adianta nem tentar me esquecer”, verso de abertura de Detalhes, se referia aos milhões de brasileiros que ainda não haviam entregue seu Imposto de Renda. “Como é grande o nosso amor por você” trocou o pronome possessivo do título da canção Como é grande o meu amor por você para anunciar reportagem em que várias pessoas (conhecidas e anônimas) apontavam sua música preferida do Rei.
CASAMENTO
Entrevistas com Roberto Carlos são raras – e sem grandes novidades ou declarações bombásticas, como é próprio do relacionamento do artista com a imprensa. Em geral são relatos do encontro anual de RC com jornalistas, às vésperas de algum lançamento. Em 4 de dezembro de 1996, ele concedeu uma dessas entrevistas – estava lançando seu 39º álbum. Ainda casado com Maria Rita (sua última mulher, morta em 1999 em decorrência de câncer), ele se disse feliz pelo casamento e pelo nascimento próximo do primeiro neto.
Na conversa, assumiu que naquele ano havia ouvido pouca música. “Tenho ouvido mais é rádio: pagode, tchan, boi... Os sertanejos continuam fazendo sucesso.” Reafirmou a fama de reservado. “Estou mais maduro, o que se reflete em todo o meu comportamento. Penso mais no que vou fazer e falar, mas sou o mesmo.”
Em seis décadas de carreira, Roberto viveu de perto as transformações da música. Reportagem datada de 24 de agosto de 1994 anunciava que a maior parte de sua discografia até a década de 1980 (antes disponível somente em LP) havia sido remasterizada e ganhado edição em CD. Em 10 de novembro do mesmo ano, outra reportagem, “Roberto Carlos vira cult entre os jovens”, anunciava o Tributo ao Rei, álbum de regravações com artistas jovens. Foi neste trabalho que o Skank lançou É proibido fumar, e Chico Science e Nação Zumbi apresentaram Todos estão surdos.
O jornal também acompanhou algumas das polêmicas em que Roberto esteve envolvido. O compositor Sebastião Braga brigou por 15 anos com Roberto e o parceiro Erasmo, acusados de plagiar a canção Loucuras de amor, gravada por Roberto como O careta.
“Roberto e Erasmo são condenados por plágio pela Justiça do Rio”, anunciou o EM de 24 de março de 1992. Dez anos mais tarde, em 18 de novembro de 2002, outro texto informava que Roberto deveria pagar R$ 2,6 milhões a Sebastião Braga. A história continuou na justiça até 2005, quando o autor do processo fez um acordo, recebendo R$ 200 mil de indenização. Sebastião Braga morreu de parada respiratória quatro meses mais tarde.
Mas são mesmo seus shows que mais geraram reportagens e críticas. O Mineirinho tem sido o principal palco de Roberto em BH há pelo menos duas décadas. Mas ele já esteve em outros. Em maio de 1993, apresentou-se no Parque da Gameleira, no Dia das Mães. Já em março de 1994, o estacionamento do Minas Shopping foi o local escolhido para seu show em BH.
Mais nobre foi a comemoração do Dia dos Namorados de 1987. Foi em 12 de junho daquele ano que Roberto fez a primeira apresentação da turnê Detalhes no Palácio das Artes. No dia seguinte, repetiu a dose, a preços populares, no Mineirinho – o show no Grande Teatro custou 12 vezes mais do que o do Mineirinho.
ROBERTO CARLOS
Show hoje, às 21h, no Mineirinho, Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.000, Pampulha. Abertura dos portões: 19h. Ingressos esgotados.
VIDA DE CINEMA
A história de Roberto Carlos vai parar no cinema. Ainda sem título, a cinebiografia com direção de Breno Silveira (2 filhos de Francisco, Gonzaga – De pai pra filho) vai começar mostrando o acidente que fez o Rei perder sua perna direita aos 6 anos. A narrativa irá até 1970, quando ele fez seu primeiro show no Canecão, comandado pela dupla Ronaldo Bôscoli e Luis Carlos Mièle. O roteiro será assinado por Patricia Andrade e Nelson Motta. Ainda não foi batido o martelo de quem fará o papel do cantor e compositor. Gabriel Leone, que interpretou Roberto na cinebiografia de Erasmo Carlos, Minha fama de mau, é um dos mais cotados. A ideia é que a produção – que conta com a colaboração do homenageado – seja lançada no segundo semestre de 2019.
VIDA DE FÃ
Lia Lage (foto) já perdeu a conta de quantos shows de Roberto Carlos assistiu. Também, pudera. A fã de 91 anos acompanha o Rei desde a Jovem Guarda. “O primeiro show que vi foi com a turma toda dele (Erasmo, Wanderléa) em Belo Horizonte, não lembro onde.” Já assistiu a shows no antigo ginásio do Minas Tênis Clube (“Dei um beijo, abracei, e ele foi muito educado”), no Mineirinho (“Vou todo ano que ele vem aqui, já ganhei botão de rosa”). No ano passado, Lia realizou um sonho. Viajou até Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, para conhecer a casa onde Roberto nasceu. Lá, estão expostos objetos como o piano de Roberto e a máquina de costura de “lady” Laura. Nesta noite, “dona” Lia vai novamente ao Mineirinho. Estará acompanhada de uma “menina mais nova”. Espera, como em todos os anos, conseguir um lugar bem na primeira fila. A idade não pesa na hora de ir? “Vou fazer 92 em setembro, tô joia. Pego um táxi e vou.”