Se existe um músico que gosta do que faz é o guitarrista e compositor britânico Steve Hackett. Aos 68 anos, ele vai contra pares de sua geração que vivem reproduzindo o que fizeram em décadas passadas.
Sim, não há como negar: ele retorna ao Brasil ancorado pelo Genesis, banda da qual fez parte entre 1971 e 1977 – o período clássico, com Peter Gabriel, Phil Collins, Tony Banks e Mike Rutherford. Neste domingo (25), Hackett faz, no Palácio das Artes, a última de suas cinco apresentações no país.
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Hackett tem discografia solo extensa. Desde 1975, lançou quase 40 álbuns – boa parte com material inédito. Fora do Genesis, tocou em uma grande banda, o GTR, que formou nos anos 1980 com Steve Howe, guitarrista do Yes e do Asia. Gravou discos de pop, blues, com orquestra. Virtuoso, criou o tapping – técnica na qual o músico “martela” com os dedos as notas na escala da guitarra. Eddie Van Halen popularizou o método.
BRASIL O currículo vai longe. Muito antes de o Brasil virar moda, Hackett já andava por aqui. Seu álbum Till we have faces (1984) foi gravado com vários instrumentistas brasileiros – Peninha, ex-percussionista do Barão Vermelho, entre eles. Já Voo de coração (1983), o disco de estreia de Ritchie, contou com a participação de Hackett, que gravou o solo da faixa-título. Também participou de álbuns posteriores do cantor britânico radicado no Brasil. Na época, vale dizer, Hackett era casado com a artista plástica carioca Kim Poor.
“Lembro-me bem daquela época. Nos encontramos num festival em que havia outros amigos e logo tivemos uma conexão”, conta Hackett, que conhece bem a música brasileira. “O primeiro que devo citar é Villa-Lobos, em especial as Bachianas. Também gosto muito do Ney Matogrosso, que tem uma voz incrível. Gosto principalmente do trabalho que ele fez com o violonista Raphael Rabello, um músico fabuloso que conheci”, diz, referindo-se ao álbum À flor da pele (1991).
Tocar com colegas de outras nacionalidades é uma prática do guitarrista. “Como a música é muito diversa, ela acaba te estimulando sempre. Pense em Bach, Tchaikovsky, Miles Davis, Paul McCartney, George Gershwin. Você sempre deve estar aberto a outros estilos. Já toquei com gente da Índia, Azerbaijão, Hungria, Islândia. Meu último disco (The night siren, de 2017) tem instrumentistas de Israel e da Palestina. A música pode ser bem-sucedida no que a política falhou: construir pontes. O estrangeiro nunca foi uma ameaça para mim”, finaliza.
STEVE HACKETT
Show domingo (25), às 19h. Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: esgotada. Plateia 2: R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia-entrada). Plateia superior: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). Recomenda-se verificar a disponibilidade de ingressos.