Steve Hackett, ex-Genesis, faz show no Palácio das Artes

Aos 68 anos, ele vai contra pares de sua geração que vivem reproduzindo o que fizeram em décadas passadas

por Mariana Peixoto 23/03/2018 08:40
Roger Salem/Divulgação
(foto: Roger Salem/Divulgação)

Se existe um músico que gosta do que faz é o guitarrista e compositor britânico Steve Hackett. Aos 68 anos, ele vai contra pares de sua geração que vivem reproduzindo o que fizeram em décadas passadas.

Sim, não há como negar: ele retorna ao Brasil ancorado pelo Genesis, banda da qual fez parte entre 1971 e 1977 – o período clássico, com Peter Gabriel, Phil Collins, Tony Banks e Mike Rutherford. Neste domingo (25), Hackett faz, no Palácio das Artes, a última de suas cinco apresentações no país.

Porém, o repertório da banda é apenas uma parte do material que ele irá mostrar. Em entrevista ao EM, Hackett afirma que o show terá duas horas e meia. “Geralmente, são dois sets. No primeiro, apresento tanto material solo quanto o gravado com outras pessoas, como Richie Havens. Depois de um intervalo, toco músicas do Genesis. Sou conhecido por meus longos shows. Afinal, estou por aqui há muitos anos”, diz.

Hackett tem discografia solo extensa. Desde 1975, lançou quase 40 álbuns – boa parte com material inédito. Fora do Genesis, tocou em uma grande banda, o GTR, que formou nos anos 1980 com Steve Howe, guitarrista do Yes e do Asia. Gravou discos de pop, blues, com orquestra. Virtuoso, criou o tapping – técnica na qual o músico “martela” com os dedos as notas na escala da guitarra. Eddie Van Halen popularizou o método.

BRASIL O currículo vai longe. Muito antes de o Brasil virar moda, Hackett já andava por aqui. Seu álbum Till we have faces (1984) foi gravado com vários instrumentistas brasileiros – Peninha, ex-percussionista do Barão Vermelho, entre eles. Já Voo de coração (1983), o disco de estreia de Ritchie, contou com a participação de Hackett, que gravou o solo da faixa-título. Também participou de álbuns posteriores do cantor britânico radicado no Brasil. Na época, vale dizer, Hackett era casado com a artista plástica carioca Kim Poor.

“Lembro-me bem daquela época. Nos encontramos num festival em que havia outros amigos e logo tivemos uma conexão”, conta Hackett, que conhece bem a música brasileira. “O primeiro que devo citar é Villa-Lobos, em especial as Bachianas. Também gosto muito do Ney Matogrosso, que tem uma voz incrível. Gosto principalmente do trabalho que ele fez com o violonista Raphael Rabello, um músico fabuloso que conheci”, diz, referindo-se ao álbum À flor da pele (1991).

Tocar com colegas de outras nacionalidades é uma prática do guitarrista. “Como a música é muito diversa, ela acaba te estimulando sempre. Pense em Bach, Tchaikovsky, Miles Davis, Paul McCartney, George Gershwin. Você sempre deve estar aberto a outros estilos. Já toquei com gente da Índia, Azerbaijão, Hungria, Islândia. Meu último disco (The night siren, de 2017) tem instrumentistas de Israel e da Palestina. A música pode ser bem-sucedida no que a política falhou: construir pontes. O estrangeiro nunca foi uma ameaça para mim”, finaliza.

STEVE HACKETT
Show domingo (25), às 19h. Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: esgotada. Plateia 2: R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia-entrada). Plateia superior: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). Recomenda-se verificar a disponibilidade de ingressos.

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