A cantora pernambucana Flaira Ferro tem recebido ataques sexistas nas redes sociais a respeito do novo clipe, gravado para a música Coisa mais bonita e lançado nesta terça-feira (13). A produção, dirigida por Déa Ferraz (Câmara de espelhos), promove o debate acerca da emancipação sexual feminina a partir da masturbação e do orgasmo e é estrelada por diversas mulheres que se tocam em frente às câmeras.
"Isso é a prova de que Fernando Ferro (pai desta doente devassa) é um péssimo pai: educou a filha dentro de uma libertinagem lésbica que destrói a saúde mental", escreveu o usuário do YouTube Manoel Carlos, que voltou a se posicionar: "Esse mundo lésbico é doentio mesmo...". "Saudades quando a mulher se dava ao respeito", disse o perfil chamado apenas de Silva. "Pense num show de horrores. Está tudo muito feio", criticou a página Pink & Blue.
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Já Fernanda Guimarães, que se apresentou como uma admiradora do trabalho de Flaira, ponderou: "Se antes a mulher era condenada ao expor sua necessidade pelo gozo, hoje ela é condenada quando não expõe a necessidade de que gozar é algo que diz respeito ao empoderamento. Precisamos tomar muito cuidado com a maneira que conduzimos o feminismo: ele, quando deturpado, pode ferir o sagrado que constitui o ser mulher".
"Acredito que não é preciso sair por aí gritando que gozar é bom, pois acredito que isso não empodera a mulher, nem reivindica o direito sagrado de não ser considerada pior do que os homens, mas a faz repetir o mesmo erro dos homens. Eu, na frase que diz que 'não há nada mais bonito do que uma mulher que brilha, do que uma mulher que goza', alteraria para não há nada mais bonito do que uma mulher que vibra, do que uma mulher que chora. Pois vibrar nos faz nos sentir mais vivas e chorar nos revela o quão minúsculas somos, mas, claro, NUNCA menor do que os homens: apenas pequenos nesse mundão de meu Deus", completou ela.
De acordo com a cantora, "a ideia foi questionar a importância da autoestima da mulher, que está relacionada ao quanto ela conhece o próprio corpo, ao quanto ela aprende a se dar prazer e tem a capacidade de gozar, não só sexualmente, mas o gozo como pulsão criativa para a vida". "Percebi que, dentro da cultura patriarcal em que a gente vive, a mulher aprende a direcionar os próprios desejos para satisfazer o outro", disse ela.
Abaixo, confira o clipe da música Coisa mais linda: