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Tavinho Moura faz show no Bar do Museu Clube da Esquina


Fernando Brant se foi em 2015, mas continua proseando com Tavinho Moura. Às cinco da madrugada, depois de um desses papos, o sonho virou melodia. Foi só acordar, pegar o violão e veio a música – “onde a mão caiu”, conta Tavinho. Ronaldo Bastos, parceiro da dupla, decidiu: vinheta que nada, aquilo era canção. E pôs a letra em Menino bente-altas, a última faixa do disco O anjo na varanda (Dubas), que Moura lança no sábado (10), no Bar do Museu Clube da Esquina.

“Converso muito com o Fernando”, diz Tavinho, que já perdeu a conta dos sonhos que teve com o parceiro, amigo de quase 50 anos. O disco traz nove parcerias dos dois – algumas inéditas, derradeiras composições do autor de Travessia. Nessa varanda, celebra-se a vida com poesia, delicadeza e sons lapidados pela Minas profunda que tanto inspirou a dupla. Tinhosas, melodias convidam ao remanso.

“Abduzem” o ouvinte deste mundo em crise, estressado e intolerante.

Muitos “anjos” rondam por ali: o violonista Chiquito Braga, morto em dezembro, que participou da faixa Clara Clara Clara; o cineasta Schubert Magalhães (1936-1984), que foi trapezista – de verdade – e “balança no ar” em A música e o circo; Vera Brant (1927-2014), musa da faixa-título, a amiga de JK e de Darcy Ribeiro que fez de Brasília um cantinho de Diamantina.

Onipresente, Fernando não conversa apenas com o parceiro, mas também com a gente. “A vida é a grande graça/ A vida é o melhor vinho/ A vida é a melhor cachaça”, anuncia ele. “Meu caminhar pelo mundo/ Teve começo e terá fim/ Mas nas veredas da vida/ A beleza me diz sim”, avisa em Dona do olhar.

DE PRIMEIRA A presença espiritual de Brant era constante no estúdio, mas sem o peso da tristeza. “Que nada! Foi superempolgante. Acordava cedo, feliz da vida, pra ir gravar. Cantei tudo de primeira”, diz Tavinho. Às vezes ele canta só, noutras faixas está acompanhado por Trio Amaranto, Mariana Brant ou Bárbara Barcellos.

Beto Lopes, o fiel escudeiro nessa jornada com seu violão sete cordas e baixo acústico, agora surpreende com o trompete.
“O Miles Davis baixou nele”, conta Tavinho. O gaitista Gabriel Grossi, o baixista Paulinho Carvalho, o guitarrista Wilson Lopes e o pianista Nelson Angelo também estão lá, além dos letristas Ronaldo Bastos, Chico Amaral e Carlos Drummond de Andrade (esse em Cabaré Mineiro).

Desta vez, não há viola caipira. O compositor acredita que a novidade do novo trabalho são as harmonias surgidas dos violões, que reinam soberanos. “Poeta sol da conspiração”, como diz o verso de Ronaldo Bastos, Tavinho Moura bancou sozinho o financiamento de seu novo disco, com a ajuda da gravadora Dubas.

“O montanhês será sempre livre”, diz ele, repetindo o verso de Brant. Para amanhã, ele promete o repertório de O anjo na varanda, além das já conhecidas Paixão e fé, Cruzada, Tesouro da juventude e Peixinhos do mar.

Tavinho jura que o show terá “uma hora e pouquinho”. Não se depender de Fernando Brant, dono do verso “Eu sou é da madrugada/ Quando o que vale é sonhar/ quando os melhores desejos/ Encontram hora e lugar”.

Se depender do menino bente-altas, a cantoria vai longe...

O ANJO NA VARANDA

Lançamento do disco de Tavinho Moura, com participação especial de Beto Lopes. Convidados: Bárbara Barcellos, Mariana Brant, Neto Belloto e Trio Amaranto. Sábado (10), às 21h30.
Bar do Museu Clube da Esquina. Rua Paraisópolis, 738, Santa Tereza. Ingressos: R$ 30. Informações: (31) 99688-0558 e 2512-5050.
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