Músicos adaptam clássicos do rock e outros ritmos adultos para crianças

Canções dos Beatles, Ricky Martin e Raimundos ganham versões para o público infantil. Bandas produzem shows lúdicos e animados, apostando na interação com os pequenos fãs

por Pedro Galvão 24/02/2018 20:03
Andrea Machado/divulgação
Show Beatles para Crianças volta a BH neste domingo, 25 (foto: Andrea Machado/divulgação)

Nada de Ciranda cirandinha, Atirei o pau no gato, cantigas de roda ou de ninar. Se depender de Fábio Freire e Gabriel Manetti, música para a criançada é o bom e velho rock’n’roll. Envolvidos com educação e dramaturgia, respectivamente, os dois paulistas criaram o show Beatles para crianças, que volta a BH, neste domingo (25), com sucessos do quarteto de Liverpool em formato especial.

“Não acredito em música própria pra criança. Música para elas é música boa, pode ser Tom Jobim, Beatles, Rolling Stones, Legião Urbana ou Toninho Horta. O que importa é ter a linguagem delas, falar na frequência em que elas estão”. Assim pensa Fábio Freire, com a propriedade de quem concilia pedagogia e melodia há 20 anos. Formado em música e arte-educação, há seis anos ele uniu as duas áreas em Beatles para crianças.

“Numa das escolas em que dava aula, surgiu a ideia de tocar durante o intervalo, como parte de um evento comemorativo. Chamei amigos que se apresentavam comigo na noite e pensamos num repertório que agradasse a todos. Foi assim que surgiu a ideia”, explica Freire. Na época, ele fazia shows de MPB, forró e jazz. No entanto, a escolha pop foi um sucesso.

A apresentação no colégio foi filmada e inscrita em um concurso realizado pelo Fantástico, da TV Globo, em 2012. Os autores dos melhores vídeos beatlemaníacos teriam a oportunidade de um encontro com Paul Mc Cartney, no Recife, onde o astro abriu sua turnê brasileira. Yellow Submarine foi selecionada, tocada por Fábio e companheiros, acompanhados pelo coro empolgado das crianças. O encontro com o astro, “muito simpático”, segundo Freire, influenciou-o a criar o espetáculo.  “Convidei o Gabriel, que tinha experiência com palco e dramaturgia, e montamos o show”, resume.

CONEXÃO
Fábio Freire diz que a conexão com as crianças não se dá pelas canções, executadas normalmente, mas pela interação. “Nosso show gira em alguns eixos, tem os Beatles, mas também a costura entre as músicas. Contamos histórias, interagimos muito. E há a coisa do rock em si, a ideia é ser o primeiro show de rock para crianças. A gente passa por todos os momentos desse universo: balança a cabeça, ensina air guitar (ou seja, tocar guitarra imaginária), apaga a luz para acender a lanterninha. No final, a garotada ainda ganha o diploma do primeiro show de rock”, detalha.

Com direito a projeções de vídeo – com pílulas sobre a história dos Beatles, animações e até o encontro do vocalista com Paul McCartney, exibido no Fantástico –, o show é quase uma aula de rock. “Não tem nada muito ‘pedagogês’, mas mostramos os lugares por onde os Beatles passaram e tentamos ensinar outras coisas sobre a banda e o rock em geral”, explica Freire.

A ideia é propor algo diferente. O arte-educador compara os 60 minutos de espetáculo, com 14 sucessos dos Beatles, a 50 minutos de aula, em que enfrenta o desafio de prender a atenção da meninada. A lista das “lições” inclui Help, Here comes the sun, Can’t buy me love e I wanna hold your hand.

CATARSE “A gente sabe que o rock está meio fora de moda entre a juventude, mas nos shows ainda vejo a mesma catarse de sempre. O ritmo contagia. O legal é que o pai e a mãe levam a criança, mas, como a gente toca pra valer, sem concessões ou grandes adaptações, os adultos adoram. Todo mundo se levanta, dança e interage. É um grande entretenimento familiar”, diz Fábio Freire.
Em dezembro, o grupo veio a BH participar da Beatle Week. Antes disso, tocou no Teatro Bradesco, em eventos voltados para alunos da rede pública da capital. Além de Freire (voz, guitarra, violão, ukulele e charango) e Manetti (voz e percussão), a banda reúne Edu Puperi (guitarra, violão, teclado e vocais), Johnny Frateschi (baixo e vocais) e Humberto Zigler (bateria e percussão).

Brincadeiras musicais

Em 2017, a banda mineira Pato Fu lançou Música de brinquedo 2, o segundo volume do projeto infantil que reúne hits do rock e do pop. O repertório inclui Livin’ la vida loca, sucesso na voz de Ricky Martin; I saw you saying, da banda Raimundos, hit dos anos 1990; Rock da cachorra, de Léo Jaime; e Private Idaho, do B 52’s.

Gravado com instrumentos de brinquedo, o disco contou com a participação das crianças nos vocais. O primeiro álbum, de 2010, trazia releituras de Tim Maia (Primavera), Rita Lee (Ovelha negra), Elvis Presley (Love me tender) e Paul Mc Cartney/Wings (Live and let die).

Edgar Scandurra, guitarrista do Ira!, é outro ícone do rock oitentista que desenvolve projeto autoral para crianças. No grupo Pequeno Cidadão, ele é parceiro de Taciana Barros, Antonio Pinto e Arnaldo Antunes. Em 2016, a banda lançou o disco Vem dançar, depois dos volumes 1 e 2 de Pequeno Cidadão (2009 e 2012).

BEATLES PARA CRIANÇAS
Neste domingo (25), às 17h. Cine Theatro Brasil Vallourec. Praça Sete, Centro. R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada). Vendas on-line: www.compreingressos.com. Informações: (31) 3201-5211.

 

 

 

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