Quando se fala no carnaval de Ouro Preto, pode-se pensar em blocos estudantis, repúblicas lotadas e grandes shows em cima de trios elétricos. Mas a proposta do Candonguêro é outra: relembrar a antiga folia local com repertório de canções que até hoje são entoadas pelas ruas da cidade histórica. O grupo lança seu primeiro álbum, Era uma vez um carnaval, em show nesta sexta-feira (16), às 22h, n’A Autêntica.
A banda surgiu há 13 anos, por iniciativa do músico e pesquisador Chiquinho de Assis. “Quis reunir todas as minhas influências ouro-pretanas quando percebi que o carnaval da cidade vivia a ditadura do axé. Comecei a investigar a música produzida em Ouro Preto a partir de Amanhã (Túnel do tempo), composição de 1969 que toda a cidade sabe cantar o refrão”, revela Chiquinho.
Leia Mais
Taylor Swift se livra de denúncia de plágio por Shake It OffMC Loma lança prévia do clipe da música gravada no CarnavalDemi Lovato anuncia quatro shows no Brasil; confira datas, locais e valores 'Envolvimento', de Mc Loma, supera 'Vai Malandra' no Spotify Reagrupado, Franz Ferdinand lança disco e começa tudo do zero Pós-Carnaval: Baianas Ozadas cancela festa n'A FábricaCandonguêro é uma palavra de origem angolana que denomina o tambor utilizado no jango.
Atualmente, Chiquinho é o único integrante do Candonguêro natural de Ouro Preto. Completam o grupo Chico Bastos, Pablo Malta, Christiane Cordeiro, Pedro Gomes, Gustavo Grieco e Fábio Martins.
COSMOPOLITA “Ouro Preto foi muito privilegiada, principalmente na segunda metade do século 20, por abrigar alguns dos principais festivais realizados no estado. A cidade recebeu artistas de ponta, totalmente comprometidos com a inovação cultural, o que proporcionou ao cidadão um contato direto com novas propostas em várias áreas artísticas”, ressalta Chiquinho.
Ele conta que tal movimento impactou a produção artística de quem viveu aquela época. Para o músico, parte do caráter cosmopolita da cidade nasceu nesta época em que Ouro Preto absorveu toda a influência cultural que circulava por ali. “Duas faixas do nosso disco, Sambei e Fiz a batucada, podem ser confundidas com os sambas cariocas. Há ainda um pot-pourri com frevos que remetem ao carnaval de Olinda, e Pra gente viver, um afoxé semelhante ao dos baianos”, exemplifica o músico.
SEM CONFRONTO Para Chiquinho, o carnaval da cidade “abaianizou-se” ao longo do tempo. O artista nega, entretanto, que movimentos oriundos da indústria cultural confrontem diretamente a cultura da cidade.
Nas apresentações, o Candonguêro amplia seu repertório. “Em nossos shows, unimos Sonífera ilha, dos Titãs, a Abre alas, de Chiquinha Gonzaga, por exemplo. Nossa intenção é justamente passear pelo cancioneiro brasileiro, sem esquecer a proposta carnavalesca”, define Chiquinho.
CANDONGUÊRO
Show de lançamento do álbum Era uma vez um carnaval. Sexta-feira (16), a partir das 22h, n’Autêntica. Rua Alagoas, 1.172, Savassi. (31) 3654-9251.