Em clima de “baile-rap”, Mano Brown e Criolo encerraram o Festival Planeta Brasil, no início da madrugada de domingo (28), na Esplanada do Mineirão. Arranjos caprichados, banda com direito a metais e climão black music trouxeram nova sonoridade para o repertório de Criolo (Cartão de visita, Grajauex) e do Racionais (Mano na porta do bar, Fórmula mágica da paz) neste projeto que estreou em BH.
O público foi ao delírio com os hits (157, de Brown; Não existe amor em SP, de Criolo), valorizados por arranjos criativos. Ponto para os competentes Daniel Ganjaman e Duani, diretores musicais, ambos no palco comandando, respectivamente, teclados e guitarra. Mas a cereja do baile estava nas surpresas. E elas não foram poucas.
A começar por Mano Brown cantando – sim, cantando – Num paraíso, música do repertório de Bebeto, nome de ponta do samba-rock. A letra fala de encontrar o amor e de sonho azul, bem na trilha romântica de Boogie naipe, o disco solo do rapper lançado em 2016. Depois veio Rosa, a parceria inédita de Brown e Lino Krizz. Na pista, alguns casais dançavam agarradinhos enquanto o “ex-cara-fechada” do rap nacional consolava a garota triste e chorosa de sua canção. Metaleira afinada e a coreografia sincronizada de Brown, Criolo, Dan Dan e Lino Krizz deram charme a essa Rosa.
Decididamente, o rapper do Racionais tomou gosto pelo microfone – e não faz feio como crooner. Assim como ocorreu em Cigana, faixa do aclamado No voo do urubu (2016), disco do maestro Arthur Verocai, e, mais timidamente, no álbum solo Boogie naipe. Soltinho, convidou uma garota da plateia para dançar com ele. “Ai, papai não aguenta”, brincou, ao ver a moça chegar ao palco. Nestes tempos de empoderamento feminino, convocou, em outro momento: “Quero ouvir o grito das mulheres aí!”. Foi atendido. Criolo se confessou “aprendiz” delas com suas “conversas olho no olho”.
HOMENAGEM
Criolo, que há muito tempo rompeu a “barreira” rap/canção, brilhou em Subirodostiozin, Sucrilhos e Lion man. “Este show é um sonho que se realiza. Obrigado, BH”, disse ele, defendendo o amor nestes tempos de ódio e intolerância. Brown brincou com as torcidas do Cruzeiro, Atlético e América, ouviu algumas vaias a seu querido Santos. E rasgou seda para a plateia: “Minas, onde o Brasil é mais Brasil. Terra do Clube da Esquina, do Milton Nascimento, do Lô Borges e do Djonga”. No final do show, o jovem rapper belo-horizontino Djonga, muito emocionado, foi “puxado” para o palco pelos veteranos.
Entre as surpresas, o bis contou com uma “lado B” do Racionais, O jogo é hoje (comparando a luta pela sobrevivência nas periferias às refregas nos campos de várzea e no Maracanã lotado), e com o clássico dos clássicos Umabarauma, de Jorge Benjor, ídolo de Criolo e Brown. Luzes apagadas, a plateia insistiu e voltou todo mundo, em Cartão de visita e Fórmula mágica da paz.
No final, Djonga gritou: “Sensação, sensacional”, refrão de sua Olho de tigre. Os fãs pediam: “Vida loka!”, “Vida loka!”, hit de Brown. Não foi desta vez. Sozinho, o rapper (e agora crooner) veio lá de trás, chegou até o canto do palco, bateu forte no coração e foi ovacionado pela turma do gargarejo.
Criolo, Mano Brown, Lino Krizz, Dan Dan, Ganjaman, Duani e a incrível banda montada para este projeto jogaram afinadinhos, brilharam que nem o “homem-gol” de Jorge Benjor. Esta seleção de craques mostrou que o rap dialoga, sim, com outros gêneros, e celebrou o vigor da música negra. Ninguém confirma, mas tudo indica que esse time pode continuar em campo por outros palcos. Tomara. O Brasil, tão combalido, merece ver a rede balançar.
O público foi ao delírio com os hits (157, de Brown; Não existe amor em SP, de Criolo), valorizados por arranjos criativos. Ponto para os competentes Daniel Ganjaman e Duani, diretores musicais, ambos no palco comandando, respectivamente, teclados e guitarra. Mas a cereja do baile estava nas surpresas. E elas não foram poucas.
saiba mais
Decididamente, o rapper do Racionais tomou gosto pelo microfone – e não faz feio como crooner. Assim como ocorreu em Cigana, faixa do aclamado No voo do urubu (2016), disco do maestro Arthur Verocai, e, mais timidamente, no álbum solo Boogie naipe. Soltinho, convidou uma garota da plateia para dançar com ele. “Ai, papai não aguenta”, brincou, ao ver a moça chegar ao palco. Nestes tempos de empoderamento feminino, convocou, em outro momento: “Quero ouvir o grito das mulheres aí!”. Foi atendido. Criolo se confessou “aprendiz” delas com suas “conversas olho no olho”.
HOMENAGEM
Criolo, que há muito tempo rompeu a “barreira” rap/canção, brilhou em Subirodostiozin, Sucrilhos e Lion man. “Este show é um sonho que se realiza. Obrigado, BH”, disse ele, defendendo o amor nestes tempos de ódio e intolerância. Brown brincou com as torcidas do Cruzeiro, Atlético e América, ouviu algumas vaias a seu querido Santos. E rasgou seda para a plateia: “Minas, onde o Brasil é mais Brasil. Terra do Clube da Esquina, do Milton Nascimento, do Lô Borges e do Djonga”. No final do show, o jovem rapper belo-horizontino Djonga, muito emocionado, foi “puxado” para o palco pelos veteranos.
Entre as surpresas, o bis contou com uma “lado B” do Racionais, O jogo é hoje (comparando a luta pela sobrevivência nas periferias às refregas nos campos de várzea e no Maracanã lotado), e com o clássico dos clássicos Umabarauma, de Jorge Benjor, ídolo de Criolo e Brown. Luzes apagadas, a plateia insistiu e voltou todo mundo, em Cartão de visita e Fórmula mágica da paz.
No final, Djonga gritou: “Sensação, sensacional”, refrão de sua Olho de tigre. Os fãs pediam: “Vida loka!”, “Vida loka!”, hit de Brown. Não foi desta vez. Sozinho, o rapper (e agora crooner) veio lá de trás, chegou até o canto do palco, bateu forte no coração e foi ovacionado pela turma do gargarejo.
Criolo, Mano Brown, Lino Krizz, Dan Dan, Ganjaman, Duani e a incrível banda montada para este projeto jogaram afinadinhos, brilharam que nem o “homem-gol” de Jorge Benjor. Esta seleção de craques mostrou que o rap dialoga, sim, com outros gêneros, e celebrou o vigor da música negra. Ninguém confirma, mas tudo indica que esse time pode continuar em campo por outros palcos. Tomara. O Brasil, tão combalido, merece ver a rede balançar.