Em clima de “baile-rap”, Mano Brown e Criolo encerraram o Festival Planeta Brasil, no início da madrugada de domingo (28), na Esplanada do Mineirão. Arranjos caprichados, banda com direito a metais e climão black music trouxeram nova sonoridade para o repertório de Criolo (Cartão de visita, Grajauex) e do Racionais (Mano na porta do bar, Fórmula mágica da paz) neste projeto que estreou em BH.
O público foi ao delírio com os hits (157, de Brown; Não existe amor em SP, de Criolo), valorizados por arranjos criativos. Ponto para os competentes Daniel Ganjaman e Duani, diretores musicais, ambos no palco comandando, respectivamente, teclados e guitarra. Mas a cereja do baile estava nas surpresas. E elas não foram poucas.
Leia Mais
Bruno Mars supera 'Despacito' e domina o Grammy; veja lista de premiadosMano Brown dança com fã em BHProibidão? O que o veto do Spotify ao funk 'Surubinha de leve' revelaO Rappa e Phoenix levam 25 mil pessoas ao Planeta BrasilCriolo faz show com entrada gratuita neste sábado em BH Criolo lança samba inédito sobre a luta do negro pela igualdade; ouça Banda brasileira Metá Metá é confirmada no Primavera Sound, em BarcelonaDecididamente, o rapper do Racionais tomou gosto pelo microfone – e não faz feio como crooner. Assim como ocorreu em Cigana, faixa do aclamado No voo do urubu (2016), disco do maestro Arthur Verocai, e, mais timidamente, no álbum solo Boogie naipe. Soltinho, convidou uma garota da plateia para dançar com ele. “Ai, papai não aguenta”, brincou, ao ver a moça chegar ao palco. Nestes tempos de empoderamento feminino, convocou, em outro momento: “Quero ouvir o grito das mulheres aí!”. Foi atendido. Criolo se confessou “aprendiz” delas com suas “conversas olho no olho”.
HOMENAGEM
Criolo, que há muito tempo rompeu a “barreira” rap/canção, brilhou em Subirodostiozin, Sucrilhos e Lion man.
Entre as surpresas, o bis contou com uma “lado B” do Racionais, O jogo é hoje (comparando a luta pela sobrevivência nas periferias às refregas nos campos de várzea e no Maracanã lotado), e com o clássico dos clássicos Umabarauma, de Jorge Benjor, ídolo de Criolo e Brown. Luzes apagadas, a plateia insistiu e voltou todo mundo, em Cartão de visita e Fórmula mágica da paz.
No final, Djonga gritou: “Sensação, sensacional”, refrão de sua Olho de tigre. Os fãs pediam: “Vida loka!”, “Vida loka!”, hit de Brown.
Criolo, Mano Brown, Lino Krizz, Dan Dan, Ganjaman, Duani e a incrível banda montada para este projeto jogaram afinadinhos, brilharam que nem o “homem-gol” de Jorge Benjor. Esta seleção de craques mostrou que o rap dialoga, sim, com outros gêneros, e celebrou o vigor da música negra. Ninguém confirma, mas tudo indica que esse time pode continuar em campo por outros palcos. Tomara. O Brasil, tão combalido, merece ver a rede balançar..