Nove artistas se apresentarão no CCBB para homenagear Menescal, o pioneiro da bossa nova

Maratona que vai celebrar sua obra será esta semana no Centro Cultural Banco do Brasil

Ana Clara Brant
"Só vou embora de BH no dia 24. Vouchegar ao Rio junto com o Papai Noel%u201D - Roberto Menescal, cantor e compositor - Foto: Roberto Menescal/acervo

Ícone da bossa nova, Roberto Menescal está batendo ponto – no bom sentido – em Belo Horizonte. Em junho, fez o show Bossa nova in concert, no Palácio das Artes. Em novembro, apresentou-se ao lado do Quarteto do Rio (Ex-Os Cariocas), no Teatro Bradesco. “Foi maravilhoso, casa lotada. Não é pra fazer média não, mas adoro BH, minha ligação é forte com a cidade. Tenho grandes amigos aí”, ressalta.

Amanhã, Menescal volta à capital mineira com o objetivo de preparar a maratona no Centro Cultural Banco do Brasil que vai celebrar sua obra. Dia de luz, festa de sol já passou por palcos do CCBB em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Trata-se de uma homenagem aos 80 anos do cantor e compositor e aos 60 da bossa nova.

“Só vou embora de BH no dia 24.
Vou chegar ao Rio junto com o Papai Noel”, brinca o autor de O barquinho. Menescal receberá convidados pra lá de especiais. Na quarta-feira, será a vez de Danilo Caymmi e Wanda Sá; na quinta-feira, subirão ao palco Léo Gandelman, Lula Galvão e Cris Delanno; na sexta-feira, ele vai cantar com Toquinho e Sabrina Parlatore. No sábado, Fernanda Takai e Marcos Valle fecham a programação.

“Alguns deles chegaram a cantar nas apresentações que fizemos nas outras cidades. O show não é de músicas minhas. Se tiver 30% da minha obra é muito”, explica Menescal. “A ideia é que todos toquem ou cantem coisas de que gostam ou do repertório deles. Serão quatro espetáculos completamente diferentes.”

Em comum os shows terão Roberto Menescal e a banda que o acompanha há muito tempo, formada por Adriano Giffoni (baixo), Adriano Souza (piano), João Cortez (bateria) e Diogo Gomes (percussão).

O anfitrião, que completou 80 anos em 25 de outubro, não é muito fã de comemorações – chegou a mandar fazer camisetas onde se lia “Festa, tô fora”. “Pra mim, festa tem que ter no máximo oito pessoas. Mais do que isso é multidão (risos). No meu aniversário, fizeram uma celebração-surpresa com umas 75 pessoas. Quase morri de susto. Foi bacana e tudo, mas acho que não vou mais fazer 80 anos não”, diverte-se.

O oitentão está cheio de planos para 2018.
Conta que está produzindo o CD “de uma promessa da música popular brasileira”: a cantora carioca Saloá. “Vou fazer os arranjos do disco, que terá só letras do Abel Silva. Artista novo dá ânimo novo, um fogo”, revela.

Outro projeto é o álbum em parceria com Leila Pinheiro e Rodrigo Santos. Faz parte do meu show terá músicas de Cazuza. “E ainda tem o disco Bossa blues, que estou acabando com o Bossacucanova”, conta, referindo-se ao grupo fundado por seu filho, o baixista Marcio Menescal, há 20 anos.

PRODUTOR Roberto produziu um dos discos mais importantes de Danilo Caymmi. Na época, o filho de Dorival, que já tocava na banda de Tom Jobim, decidiu fazer carreira solo. Em 1992, lançou o autoral Danilo Caymmi (RGE). Dois anos depois, veio outro álbum também com seu nome, desta vez pela gravadora EMI/Odeon.

“Menescal foi fundamental na minha carreira. Ele direcionou o projeto me dizendo qual música deveria entrar, qual não deveria. Nesse trabalho tem canções muito importantes: Nada a perder, Ziguezagueou e Até o fim.
Foi um start”, comenta Danilo.

Porém, a estreia do cantor, compositor e flautista nos estúdios ocorreu 1964. Com apenas 16 anos, Danilo participou do lendário disco Caymmi visita Tom. “Escolhi uma das canções para tocar. Era justamente Vai de vez, do Roberto Menescal e do Lula Freire. Nem o conhecia pessoalmente na época, mas já foi o primeiro encontro”, revela.

Para abrir Dia de luz, festa de sol, Danilo promete canções suas e de Dorival Caymmi. “É um apanhado interessante, tributo ao Menescal e à bossa nova também. Particularmente, não fiz parte desse movimento, mas o fato de ter trabalhado muitos anos com o Tom me deu sensibilidade para tocar o ritmo. A bossa ainda está viva no mundo inteiro, e, certamente, o Menescal é um dos grandes responsáveis por isso”, afirma.

AFINIDADE A representante de Minas no tributo ao carioca é Fernanda Takai, que se apresentará com ele e Marcos Valle. “Já fizemos esse show em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro. Descobrimos uma grande afinidade entre nós. Adoro me sentar com eles à mesa para ouvir as histórias incríveis que viveram juntos. Sem contar que é um privilégio poder me apresentar ao lado de duas figuras emblemáticas da música brasileira e do mundo”, festeja.

A cantora e compositora conheceu Menescal em 2007, na época em que trabalhava no disco Onde brilhem os olhos seus, dedicado a Nara Leão. O veterano mostrou a ela que é fundamental estar sempre produzindo, viajando e tocando para manter a cabeça e o coração saudáveis.

Estrela da banda pop Pato Fu, Fernanda ressalta a importância da bossa nova em sua formação. “O ritmo me fez mais suave e, provavelmente, influenciou o meu jeito de cantar, mesmo que só tivesse noção disso mais tarde. Sempre fui uma ouvinte bem eclética, mas tenho certeza de que me encaixaria bem no time deles”, afirma.

Para 2018, além de Música de brinquedo 2, do Pato Fu, cuja turnê já está na estrada, Fernanda vai lançar um projeto produzido por Menescal e Marcos Valle. “São músicas do Tom Jobim. Mas não posso dar mais detalhes (risos)”, conclui.

DIA DE LUZ, FESTA DE SOL

>> Quarta (20) – Roberto Menescal, Danilo Caymmi e Wanda Sá
>> Quinta (21) – Roberto Menescal, Léo Gandelman, Lula Galvão e Cris Delanno
>> Sexta (22) – Roberto Menescal, Toquinho
e Sabrina Parlatore
>> Sábado (23) – Roberto Menescal, Fernanda Takai e Marcos Valle

Sempre às 20h. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).
Informações: (31) 3431-9400 e www.bb.com.br/cultura.