Quando o cantor e compositor Tiago Iorc nasceu, em 1985, o Brasil vivia um momento de ebulição política e comoção popular com a morte de Tancredo Neves e o fim da ditadura militar. Milton Nascimento participou ativamente desse período. Naquele ano, lançou um de seus discos de sucesso, Encontros e despedidas, que trazia não apenas a parceria com Fernando Brant que lhe deu nome, como Noites do sertão (composta com Tavinho Moura) e Lágrimas do sul (com Marco Antônio Guimarães). Trinta e dois anos depois, Iorc, admirador da obra de Bituca, não só gravou com o ídolo, como está fazendo uma turnê ao lado dele.
Mais bonito não há chega a Belo Horizonte neste domingo (3) para única apresentação, depois de passar por São Paulo e Salvador. “Quando a gente pensou neste show, não foi assim de forma direta em atingir alguém e tal... Nosso lance, antes de tudo, foi uma coisa a partir da nossa amizade. O show é resultado disso, nossas músicas querem atingir o máximo de pessoas possível, sem pensar em quem. É um encontro de dois amigos no palco”, afirma Milton.
O autor de Nos bailes da vida conheceu Tiago Iorc “na televisão”. Conta que, logo de cara, impressionou-se com as canções daquele jovem. “Depois, pude vê-lo também em outros programas de entrevistas e números musicais. Até que pedi ao meu filho Augusto que comprasse um disco dele. Em vez disso, ele trouxe o próprio Tiago aqui em casa”, conta Milton, que mora em Juiz de Fora. “E o Tiago ainda veio com o Marcus Preto, um amigo em comum, que fez a ponte entre a gente.”
O encontro resultou na gravação do single Mais bonito não há, lançado em 14 de outubro. A letra fala de coisas preciosas da vida: “Nada mais belo que olhar de criança no sol da manhã/ Chuva de carinho é o que posso pedir nessa imagem tão sã/ Lindo no horizonte, o amanhã que eu nunca esqueci/ Doce lembrança do sonho que eu vejo daqui.”
Neste mundo cheio de ódio, intolerância, corrupção e guerras, Bituca acredita que as artes – e, claro, a música – não deixam de ser um bálsamo. “A gente sempre tem que criar alguma coisa pra fugir um pouco dessas coisas todas. E se for nesse sentido da música, das artes e tal, aí é um fator maior ainda pra ajudar. A vida seria ainda mais difícil sem música, sem amizade. Imagina?”, questiona.
Voz e Violão
O formato do show é bem intimista. No palco estarão apenas Milton, Iorc e seus violões. O repertório traz um pouco do trabalho de cada um, além, claro, do single Mais bonito não há.
De Milton não vão faltar os clássicos Travessia, Paula e Bebeto, Bola de meia bola de gude, Caçador de mim, Clube da esquina 2 e Ponta de areia. Tiago Iorc promete os hits Amei te ver, Um dia após o outro, Alexandria, Coisa linda e Mil razões.
“Hoje em dia, essa rapaziada já chega sabendo tudo do lance de gravar, produzir e lançar as coisas que eles fazem. O pessoal que está aí agora veio pra ficar. E olha que ainda vai aparecer muito mais gente fazendo coisa boa”, acredita Milton.
Este mês, a dupla vai cantar em Porto Alegre (dia 8), Curitiba (dia 10) e no Rio de Janeiro (dia 16). Bituca diz que ainda não está definido se a miniturnê vai resultar em CD ou DVD. Também não sabe se o show vai prosseguir em 2018. Mas admite: “Se os fãs pedirem, a gente continua. Quem sabe?”.
Semete
Enquanto isso, o espetáculo Semente da Terra – que Milton faz ao lado dos músicos Wilson e Beto Lopes e da cantora Bárbara Barcellos – segue percorrendo o país.
“É a nossa forma de levar o sentimento guarani kaiowá pelo Brasil e o mundo. Essa é uma turnê de grandes amigos. Todo mundo que está comigo ali é parte da minha família. São pessoas que me deixam muito feliz em tê-las como parte da minha vida. Logo mais a gente estará na estrada novamente”, garante Milton.
Mineirão ganha anfiteatro
O show de Milton Nascimento e Tiago Iorc vai marcar a estreia do Anfiteatro Mineirão, novo espaço cultural de Belo Horizonte. A arena, dentro do estádio, pode ser montada e desmontada. Ela fica atrás de um dos gols. Parte da arquibancada servirá de plateia.
“Tiago e eu fomos convidados para inaugurar o espaço de música do Mineirão e nem pensamos duas vezes. É um convite espetacular, que a gente recebeu com muita alegria. Fazer um show nesse estádio, tão importante para o povo de Minas, é motivo de muito orgulho pra gente. Vai ser, com certeza, um dos shows mais especiais dessa nossa retomada”, promete Milton Nascimento.
MAIS BONITO NÃO HÁ
De Milton Nascimento e Tiago Iorc
Nada mais belo que olhar de criança no sol da manhã
Chuva de carinho é o que posso pedir nessa imagem tão sã
Lindo no horizonte, o amanhã que eu nunca esqueci
Doce lembrança do sonho que eu vejo daqui
Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar
Mais bonito não há
Pode acreditar
Mais bonito não há
Nada mais belo que abraço sereno e sabor de perdão
Ver a beleza e em gesto pequeno ter a imensidão
Como espalhar por aí qualquer coisa que faça sorrir
Aquietar o silêncio das dores daqui
Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar
Mais bonito não há
Pode acreditar
Mais bonito não há
Pode acreditar
Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar
Mais bonito não há
Pode acreditar
Mais bonito não há
Pode acreditar
Mais bonito não há
Pode acreditar
Mais bonito não há
MILTON NASCIMENTO E TIAGO IORC
Show Mais bonito não há. Neste domingo(3), às 19h. Anfiteatro Mineirão (entrada Sul). Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.001,
Pampulha. Abertura dos portões às 17h. Classificação: 14 anos. Arquibancada/inteira: R$ 80, R$ 120 e R$ 160. Cadeira/inteira: R$ 100, R$ 120, R$ 150, R$ 240 e R$ 300. Front stage/inteira: R$ 400. Meia-entrada na forma da lei. Vendas e informações: www.sympla.com.br