Natural de Varginha, Roberval Cardoso ficou famoso como Don, parceiro do irmão, Juan, na dupla sertaneja e no programa exibido aos sábados pela TV Alterosa – Don & Juan e sua história. No entanto, ele assume outro nome artístico (Dom, trocando a letra “n” pelo “m”) para uma atuação musical bem diferente. Don também é tenor, com formação erudita e concertos realizados no exterior. Nesta quarta-feira (22), o público de BH terá a oportunidade de conhecer essa faceta do artista, no Palácio das Artes. Além de Dom, os cantores líricos italianos Cristian Lanza e Silvia Rampazzo também se apresentam, ao lado da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais, sob a regência do maestro convidado Igor Budinstein (Alemanha), em mais uma edição da Sinfônica em Concerto.
Na ativa oficialmente como dupla desde 2004, Don & Juan passaram a ocupar um lugar de destaque no cenário da música sertaneja de Minas Gerais. Embalados por sucessos como Diga sim pra mim, se tornaram presença constante em festivais e exposições pelo interior e na capital. Influenciados pelo pai, os dois se interessaram cedo pela música e começaram a cantar juntos ainda na infância. Com um problema nas cordas vocais no fim da adolescência, Don foi encaminhado por seu médico para a maestrina Neide Ziviani, professora de canto clássico no Palácio das Artes. O que seria um tratamento acabou se transformando na descoberta de um talento a mais na voz do jovem.
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“Eu nunca tive contato com música clássica antes. Fazia preparação vocal com ela, que identificou em mim uma voz de tenor. Não havia nenhum outro tenor entre os alunos dela, e olha que a turma era boa – tinha o Samuel Rosa e o Rogério (Flausino), do Jota Quest. Então, comecei a fazer os estudos, desenvolver técnicas e, aí, tomei paixão pela coisa”, conta Don, que ingressou no Palácio em 1998 e continuou os estudos de canto lírico e piano clássico na Alemanha. Foram seis anos de especializações e apresentações, mas a música clássica foi deixada de lado em razão do convite feito pelo irmão Rogério Cardoso, o Juan, para formar a dupla, que logo virou sucesso, impondo uma movimentada agenda de ensaios, shows e gravações.
PARCERIA Nos últimos anos, com a trajetória sertaneja consolidada, CDs e DVDs lançados e parcerias com produtores de outros países, como no clipe de La vida, gravado em Los Angeles, em 2013, Don está expandindo sua atuação na música. Neste ano, ele gravou o CD solo Dom clássicos, cantando algumas das canções mais conhecidas da MPB. Em maio, surgiu o convite da parceria entre o consulado alemão no Brasil e o consulado brasileiro em Dusseldorf para a turnê lírica na Europa. Por lá, ele interpretou canções brasileiras e árias de ópera, ao lado de orquestras locais. Dom se apresentou com a solista Silvia Rampazzo e o também tenor Cristian Lanza, sob regência de Budinstein. Dois meses após o tour pelo Velho Continente, os consulados trazem o concerto Árias e canções à capital mineira.
Depois de uma exibição gratuita de trechos do repertório no Sinfônica ao Meio-Dia de ontem, eles voltam ao palco do Grande Teatro hoje à noite para apresentar o programa integral. Formado majoritariamente por clássicos como O sole mio (de Di Capua) e La donna è mobile (de Rigoletto), a apresentação de cerca de uma hora inclui Garota de Ipanema e Aquarela brasileira, que serão interpretadas por Dom. O mineiro ainda participa em algumas das árias estrangeiras.
“Enche-me de orgulho estar numa apresentação tão grandiosa como essa, a preços populares. Silvia e Cristian são dois dos principais intérpretes líricos do mundo. Esse maestro alemão já regeu grandes orquestras de vários países e se impressionou com a qualidade da nossa orquestra de Minas Gerais. As pessoas falam que não temos cultura de música clássica no Brasil, mas é porque ela não é acessível. Concertos costumam custar R$ 200, R$ 300, R$ 400, e esse espetáculo, graças a essa parceria com os consulados, é totalmente acessível, por R$ 20”, afirma.
Apesar da retomada da carreira lírica, o cantor garante que a dupla sertaneja segue em frente. Ele até acena com a possibilidade do casamento entre os dois estilos. “Minha formação musical é clássica, mas minha origem é sertaneja. Hoje em dia, não temos mais grandes fronteiras entre os ritmos. Em 2014, ainda sem nenhuma pretensão de voltar a cantar ópera, gravamos Don e Juan e orquestra, que são clássicos sertanejos dos anos 1950, 1960 e 1970, com arranjos de orquestra. É um projeto lindo, que ainda não lançamos. Estamos esperando o momento, e o CD vai sair junto com um DVD”, adianta Roberval, o “Don” ao lado das violas e “Dom” acompanhado pelas orquestras.
SINFÔNICA EM CONCERTO
Com Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais. Solistas: Dom, Cristian Lanza e Silvia Rampazzo. Regência: Igor Budinstein. Quarta-feira, 22, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Mais informações: (31) 3236-7400