Repertório rico, mas pouco divulgado para o grande público, o cancioneiro de câmara vem sendo trabalhado há 14 anos por professores da Escola de Música da UFMG no chamado Grupo de Pesquisa Resgate da Canção Brasileira. A intenção sempre foi dar visibilidade à produção nacional, seja por meio de estudos acadêmicos, seja pela criação de partituras ou pela realização de gravações e concertos.
O trabalho gerou frutos como o projeto de extensão Selo Minas de Som (2009), que oferece um site com gravações e publicações. Outro desdobramento é o Seminário da Canção Brasileira, cuja quinta edição será realizada a partir de terça-feira (7), no Conservatório UFMG, em BH. Com a intenção de aproximar ainda mais a academia da comunidade, toda a programação de concertos será aberta ao público.
“Trabalhamos com a canção brasileira de câmara (com partitura composta para voz e violão ou voz e piano), mas não excluímos a canção popular. Na verdade, queremos a aproximação entre elas”, comenta Luciana Monteiro de Castro, professora de canto da Escola de Música e coordenadora do seminário.
Ela chama a atenção para o crossover promovido por nomes da música popular que acabam trabalhando com o repertório lírico – como Sandy e Zizi Possi – e também o inverso. “Há muitos cantores líricos cantando Tom Jobim e Elomar, por exemplo. O que nos interessa é a visibilidade da música brasileira de qualidade, aquela que não é descartável”, diz a professora.
MARCO A canção brasileira tem história. O marco inicial é o compositor e regente Alberto Nepomuceno (1864-1920), que, no fim do século 19, apresentou pela primeira vez uma série de peças em português, no Rio de Janeiro. “Na época, já havia a modinha, por exemplo. Mas nada em português no modelo da canção de câmara. Nas salas de concerto, àquela altura, ouviam-se criações estrangeiras – italianas e francesas”, explica Luciana.
Nepomuceno é considerado o pai do nacionalismo na música erudita brasileira. “No começo, o nacionalismo vinha na linguagem. Depois, ele se estabeleceu muito por influência das ideias modernistas”, acrescenta a professora.
Entre os autores que compuseram extenso repertório de canções estão Villa-Lobos (autor de pelo menos duas centenas delas), Guerra-Peixe, Camargo Guarnieri e Francisco Mignone.
MULHERES O seminário dará enfoque especial às autoras. A musicista e pesquisadora Nilcéia Baroncelli, autora do livro Mulheres compositoras – elenco e repertório, vai participar de um debate sobre o tema.
“Minha ideia é não trabalhar as mulheres como mundo à parte. Hoje em dia, está mais fácil, mas sempre houve preconceito, ainda mais em um universo tão masculino. Havia muitas professoras de piano com produção elevadíssima. E também dentro da academia, só que numa proporção diferente. Estamos trabalhando para valorizar esse repertório”, diz Luciana.
Na programação de concertos, pelo menos sete apresentações terão obras de compositoras. Entre elas está a mineira Carmen Vasconcellos (1918-2001). Essa pianista e professora deu aulas por quase quatro décadas na Escola de Música da UFMG, que organizou as peças dela para voz e piano.
Outra autora em destaque é a mineira Dinorá de Carvalho (1905-1980), cujas composições serão executadas pelo cantor lírico Flávio Carvalho e o pianista Thiago Freitas. Uma das compositoras mais importantes e prolíficas do país, deixou cerca de 400 obras.
Pioneira mais de uma vez, Dinorá foi a primeira mulher aceita na Academia Brasileira de Música, além de ser a primeira maestrina do país. Além disso, fundou a Orquestra Feminina de São Paulo, formada só por mulheres.
PROGRAMAÇÃO
Terça-feira
19h30 – Concerto de abertura Canções de Francisco Braga. Com Mônica Pedrosa (voz) e Guida Borghoff (piano)
Quarta-feira
16h – Miniconcerto Vozes de Ouro Preto. Com cantores da Universidade Federal de Ouro Preto e Bárbara Penido
16h30 – Concerto-palestra Compositoras brasileiras e africanas. Com Andréa Adour e Marcus Medeiros
17h30 – Miniconcerto Homenagem a Nilcéia Baroncelli. Com Elenis Sabino, Eduardo Ribeiro, Felipe Santos e Emanuelle Cardoso (canto); Kassio Arão e Jayme Guimarães (piano)
19h30 – Concerto Compositoras de canção de câmara no acervo Hermelindo Castello Branco. Com Janette Dornellas (voz) e Gisele Pires (piano)
Quinta-feira
16h – Concerto-palestra Canções de Dinorá de Carvalho. Com Flávio Carvalho (voz) e Thiago Freitas (piano)
19h30 – Concerto Tereza e as cores. Canções criadas por alunos da Escola de Música da UFMG
Sexta-feira
17h30 – Concerto Carmen Vasconcellos, com saudade. Canções da compositora mineira
19h30 – Concerto de encerramento Nossas compositoras. Com intérpretes convidados e professores do seminário
5º SEMINÁRIO DA CANÇÃO BRASILEIRA DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG
De terça (7/11) a sexta-feira (10/11), no Conservatório UFMG. Avenida Afonso Pena, 1.534, Centro, (31) 3409-8300. Inscrições para ouvintes (seminários e oficinas) podem ser feitas até segunda-feira (6). Valor: R$ 30. Os concertos, com entrada franca, são abertos ao público. Programação completa: www.musica.ufmg.br/vscb
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“Trabalhamos com a canção brasileira de câmara (com partitura composta para voz e violão ou voz e piano), mas não excluímos a canção popular. Na verdade, queremos a aproximação entre elas”, comenta Luciana Monteiro de Castro, professora de canto da Escola de Música e coordenadora do seminário.
Ela chama a atenção para o crossover promovido por nomes da música popular que acabam trabalhando com o repertório lírico – como Sandy e Zizi Possi – e também o inverso. “Há muitos cantores líricos cantando Tom Jobim e Elomar, por exemplo. O que nos interessa é a visibilidade da música brasileira de qualidade, aquela que não é descartável”, diz a professora.
MARCO A canção brasileira tem história. O marco inicial é o compositor e regente Alberto Nepomuceno (1864-1920), que, no fim do século 19, apresentou pela primeira vez uma série de peças em português, no Rio de Janeiro. “Na época, já havia a modinha, por exemplo. Mas nada em português no modelo da canção de câmara. Nas salas de concerto, àquela altura, ouviam-se criações estrangeiras – italianas e francesas”, explica Luciana.
Nepomuceno é considerado o pai do nacionalismo na música erudita brasileira. “No começo, o nacionalismo vinha na linguagem. Depois, ele se estabeleceu muito por influência das ideias modernistas”, acrescenta a professora.
Entre os autores que compuseram extenso repertório de canções estão Villa-Lobos (autor de pelo menos duas centenas delas), Guerra-Peixe, Camargo Guarnieri e Francisco Mignone.
MULHERES O seminário dará enfoque especial às autoras. A musicista e pesquisadora Nilcéia Baroncelli, autora do livro Mulheres compositoras – elenco e repertório, vai participar de um debate sobre o tema.
“Minha ideia é não trabalhar as mulheres como mundo à parte. Hoje em dia, está mais fácil, mas sempre houve preconceito, ainda mais em um universo tão masculino. Havia muitas professoras de piano com produção elevadíssima. E também dentro da academia, só que numa proporção diferente. Estamos trabalhando para valorizar esse repertório”, diz Luciana.
Na programação de concertos, pelo menos sete apresentações terão obras de compositoras. Entre elas está a mineira Carmen Vasconcellos (1918-2001). Essa pianista e professora deu aulas por quase quatro décadas na Escola de Música da UFMG, que organizou as peças dela para voz e piano.
Outra autora em destaque é a mineira Dinorá de Carvalho (1905-1980), cujas composições serão executadas pelo cantor lírico Flávio Carvalho e o pianista Thiago Freitas. Uma das compositoras mais importantes e prolíficas do país, deixou cerca de 400 obras.
Pioneira mais de uma vez, Dinorá foi a primeira mulher aceita na Academia Brasileira de Música, além de ser a primeira maestrina do país. Além disso, fundou a Orquestra Feminina de São Paulo, formada só por mulheres.
PROGRAMAÇÃO
Terça-feira
19h30 – Concerto de abertura Canções de Francisco Braga. Com Mônica Pedrosa (voz) e Guida Borghoff (piano)
Quarta-feira
16h – Miniconcerto Vozes de Ouro Preto. Com cantores da Universidade Federal de Ouro Preto e Bárbara Penido
16h30 – Concerto-palestra Compositoras brasileiras e africanas. Com Andréa Adour e Marcus Medeiros
17h30 – Miniconcerto Homenagem a Nilcéia Baroncelli. Com Elenis Sabino, Eduardo Ribeiro, Felipe Santos e Emanuelle Cardoso (canto); Kassio Arão e Jayme Guimarães (piano)
19h30 – Concerto Compositoras de canção de câmara no acervo Hermelindo Castello Branco. Com Janette Dornellas (voz) e Gisele Pires (piano)
Quinta-feira
16h – Concerto-palestra Canções de Dinorá de Carvalho. Com Flávio Carvalho (voz) e Thiago Freitas (piano)
19h30 – Concerto Tereza e as cores. Canções criadas por alunos da Escola de Música da UFMG
Sexta-feira
17h30 – Concerto Carmen Vasconcellos, com saudade. Canções da compositora mineira
19h30 – Concerto de encerramento Nossas compositoras. Com intérpretes convidados e professores do seminário
5º SEMINÁRIO DA CANÇÃO BRASILEIRA DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG
De terça (7/11) a sexta-feira (10/11), no Conservatório UFMG. Avenida Afonso Pena, 1.534, Centro, (31) 3409-8300. Inscrições para ouvintes (seminários e oficinas) podem ser feitas até segunda-feira (6). Valor: R$ 30. Os concertos, com entrada franca, são abertos ao público. Programação completa: www.musica.ufmg.br/vscb