Toda estrutura musical guarda uma lógica matemática. No caso da banda baiana Maglore, isso vai além das composições – está na frequência de lançamento de seus discos. A cada dois anos, o grupo libera um trabalho inédito. Veroz, o inaugural, saiu em 2011. Em 2013, chegou Vamos pra rua; o terceiro álbum, III, veio em 2015. Agora, em 2017, é a vez de Todas as bandeiras, que ganha show de lançamento amanhã (21/10), na Autêntica.
O disco traz o tradicional embate entre pop e rock. A mudança, entretanto, está na sonoridade psicodélica e também nas letras pegajosas. “Normalmente, a gente tem a sensação de que as coisas só esquentam após muitos meses do lançamento. Desta vez está diferente. Já ouvimos o público cantando junto nos shows”, comenta o vocalista Teago Oliveira.
O álbum se mostra mais político em relação aos anteriores, mas sem o peso que isso carrega. “Ele fala sobre diversidade. É direcionado para as vozes que estão surgindo e se insurgindo contra um modelo antigo de sociedade”, diz Teago. Ainda assim, trata-se de um trabalho dançante e acessível. “A gente acha que ideologias conservadoras estão surgindo só no Brasil, mas isso ocorre no mundo todo. As pessoas aderem a um pensamento sem pensar”, completa.
Outra novidade é a formação do grupo, que voltou a ser quarteto depois de gravar disco como trio. Saiu o baixista Rodrigo Damati, que foi substituído pelo mineiro Lucas Oliveira. Teago, então, avaliou que era a hora do retorno do ex-integrante Lelo Brandão para assumir a segunda guitarra. A bateria continua sob a responsabilidade de Felipe Dieder.
Entre as faixas do CD, um dos destaques tem um pé em Minas Gerais. O primeiro single, Aquela força, foi escrito em parceria com Luiz Gabriel Lopes, da banda Graveola. “Nós nos conhecíamos há mais tempo, mas nunca tivemos a oportunidade de trabalhar juntos. Certo dia, ele apareceu no meu apartamento e saiu esse som”, conta Teago.
Aquela força é um dos bons exemplos de como as canções da Maglore guardam boas frases, algo que se repete nos versos iniciais de Me deixa legal (“A gente vive muita fantasia/ Em casa, no trabalho e na política/ Me dá vontade de ir embora/ Usando um traje espacial”) ou então na expressão digna de Cartola (“a solidão é um clássico”), na canção Eu consegui.
Em geral, trata-se de um disco que melhor representa a banda atualmente, segundo Teago: “É dançante, experimental e, justamente pela mudança de sonoridade, muito estranho.”
Abaixo, confira o single Aquela força:
MAGLORE
Sábado (21), às 22h. A Autêntica, Rua Alagoas, 1.172, Savassi, BH. R$ 30 (antecipado) e R$ 40 (na porta). À venda no site Sympla. Informações: (31) 3654-9251.